sexta-feira, 30 de abril de 2010


Trata-se de uma família desestruturada. Entre muitas no nosso país. São três irmãos: uma está no 1º ciclo, outro tem cinco anos e vai ao jardim-de-infância duas ou três vezes por mês e o mais novo tem três anos e talvez ainda não esteja inscrito no pré-escolar. Na escola ninguém sabe onde eles moram. Pai, não há, ou não se sabe dele. Há uma mãe que às vezes vai à escola e conta o que lhe apetece. Já viveram num carro. As crianças são associais. Naturalmente!

São apoiadas pela Segurança Social. Mas lá também não têm a certeza do seu domicílio. A assistente social daquele serviço fez várias visitas à morada de arquivo, sempre sem sucesso. Perante a ameaça de institucionalizarem as crianças, a mãe lá marcou uma visita que de facto aconteceu. A assistente social compareceu na morada marcada e à hora marcada e, aparentemente, estava tudo bem.

Entretanto, não houve qualquer comunicação com a escola sobre este “avanço” no conhecimento da família. Perante a notícia desta visita da Segurança Social a casa da família, foi a escola que teve de perguntar para aquele organismo o que saberiam sobre os meninos. Na escola, porém, há a suspeita que a visita da assistente social tivesse sido encenada pela mãe numa casa que não é a sua própria morada. E há a certeza de que chamam a mãe e ela não aparece; há a certeza que o menino de cinco anos está prestes a entrar no 1º ciclo e não aparece no jardim-de-infância e, quando aparece, não faz aprendizagens, não fala e tem comportamentos associais; há a certeza que a menina mais velha que adormece nas aulas e nas actividades, tal não será a falta de descanso e, eventualmente, de alimentação regrada. Há essas certezas todas e muitas outras.

Trata-se de uma família a quem os dois filhos mais velhos foram já retirados e institucionalizados. E de que estarão à espera para fazerem o mesmo com estas crianças? E a CPCJ (Comissão de Protecção de Crianças e Jovens) estará a acompanhar esta situação? E estará a trabalhar em sintonia com a Segurança Social e com a Escola? E para que serve a CPCJ? Que protecção oferecem?

E porque se mantém a hipocrisia de não se permitir a esterilização de mulheres que não têm condições físicas, nem mentais, nem materiais para serem mães de família e que continuam e fazerem nascer crianças para que sejam uns inadaptados da sociedade e, pior do qque isso, uns infelizes? Será desta forma que queremos aumentar a natalidade no nosso país?


1 comentário:

  1. Família não é isto!
    Apoio a crianças nestas condições também não é isto, seguramente!
    Entretanto tudo leva uma eternidade a esclarecer-se, se por acaso chega a ser esclarecido...e bem encaminhado.
    Que tristeza!

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