domingo, 18 de abril de 2010

O Gato da Madame



Ora aqui vai mais uma das minhas músicas de sempre que, (sem ser) por acaso tem a ver com gatos.

Eu teria uns 12 ou 13 anos e passava na rádio, cantada em português de Portugal por uma cantora que se chamava Lina Maria, a cantiguinha “O gato da Madame”.

À época ouvia-se imensa rádio porque a televisão tinha chegado a Portugal uns dois anos antes e só emitia, num único canal, entre as 21.00 e as 23.00 horas. Além disso, eram poucas as famílias que tinham um aparelho em casa e para se assistir ao programa tinha de se ir ao café. Cheguei a ir algumas vezes, com os meus pais, à Periquita (sim, a das queijadas, em Sintra, na vila velha) ver televisão.


um aparelho de televisão

A rádio enchia-nos a vida. Eram as notícias (poucas, porque mesmo que já existisse globalização, o que estava longe de acontecer, o Senhor Presidente do Conselho, vulgo Salazar, não permitia que o povo soubesse o que se passava), eram os folhetins do Tide (remotos antecessores das novelas da TVI), eram os relatos de futebol e de hockey-em-patins ( em que éramos craques) , os anúncios (muitas vezes cantados e sempre os mesmos) e era a música – que alegrava o dia-a-dia. Evidentemente muita música portuguesa, música brasileira e alguma música francesa. Para vos situar, estou a falar de 1959/60, mais coisa, menos coisa.

                                                              um aparelho de rádio

E eu que já nessa altura adorava gatos, “apaixonei-me” pela cançãozinha e tratei logo de copiar para o meu caderninho de letras de canções os versos do “Gato da Madame”, um fox-trot bem mexidinho, de autoria brasileira da primeira metade do século XX.

Dizia assim:

 O Gato da Madame,
Anda perfumado,
Laço no pescoço,
Todo alinhado.

 Bebe uísque,
Nem parece um gato,
Foge arrepiado, apavorado,
Quando vê um rato.

Anda sempre
De unhas pintadas.
Não anda na rua
Pelas madrugadas.

Não come sardinhas,
Porque têm espinhas.
Carne, tem que ser fillet mignon,
E não faz miau,
Só faz miôô….

E, graças à imensa enciclopédia que é a net, até fui encontrar a capa do disco pela cantora Lina Maria!





2 comentários:

  1. Eu só não ia ao mesmo sítio que tu porque não vivia em Sintra...
    Ia a casa de uma prima muito mais velha do que eu (e muito mais endinheirada) que tinha casado há pouco e a televisão tinha feito parte do enxoval.
    De resto tudo igual, também me lembro desta canção e nessa altura já havia um gato lá em casa com o curioso nome de Moxini, baptizado pela minha irmã...

    Abraço

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  2. Na versão que corre na minha família é ligeiramente diferente,
    aprendi com os meus avós, mas dizia:

    O Gato da Madame,
    Anda perfumado,
    Laço no pescoço,
    Todo afinado.

    Bebe uísque,
    Nem parece um gato,
    Foge assustado, apavorado,
    Quando vê um rato.

    Anda sempre
    De unhas pintadas.
    Não anda na rua
    Pelas madrugadas.

    Não come sardinhas,
    Porque têm espinhas.
    Bife, tem que ser fillet mignon,
    E não faz miau,
    Só faz miôô….


    Encontrei aqui um video com a musica de Lina Maria
    http://www.youtube.com/watch?v=SN26vdJLfiQ

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