sábado, 17 de abril de 2010

A Casa da Música


Como lisboeta que sou, corro sempre muito mais para Lisboa do que para o Porto. Por isso, só num dia da semana passada conheci a Casa da Música, edíficio muito sui generis que, pela primeira vez no nosso país, foi pensado e construído excusivamente para acontecimentos ligados à Música.

Somos um país com tantos anos de atraso em relação aos países ditos desenvolvidos, que qualquer construção desta grandeza (lembremo-nos da construção do Centro Cultural de Belém) é sempe acompanhada da maior publicidade e, o que é mais estranho, das maiores dúvidas, contradições de opiniões, críticas de toda a ordem. Assim aconteceu com a Casa da Música que foi pensada no âmbito das celebrações do Porto Capital da Cultura Europeia, em 2001 e, mercê da nossa proverbial desorganização e do habitual descalabro nas contas, apenas em 2005 estava pronta a ser inaugurada.


Trata-se de um edíficio que rompe com toda a tradição arquitectónica a que sempre estivemos habituados. Visto de fora tem a forma de um poliedro irregular que não deixa prever a organização do espaço interior.


Lá dentro perdemo-nos por salas e corredores que nada têm a ver com o normal cenário de um museu ou de uma sala de espectáculos e de formação. Há corredores que terminam em recantos com sofás minimalistas e, sem que nos apercebamos, aparece uma sala também de forma irregular que se deixa admirar através de enormes vidros coloridos, ondulados e meio tranlúcidos que nos estonteiam criando ambientes diáfanos.



São imensas as escadas, umas altíssimas, outras rolantes e há chão inclinado onde as pessoas se deitam a respirar descansadamente a cor e o espaço. 


E, sem esperarmos, aparece, através dos imensos vidros grossos e ondulados a belíssima sala principal dos instrumentos onde acontecem os epectáculos maiores.


Passei lá uma grande parte da tarde e não cheguei a visitar todos os andares. Tudo parece inclinado e oblíquo. Mas belo, de uma regular irregularidade que nos toca e nos invade.

Corte com a normalidade. Rasgão nos nossos esteriótipos. Saí de lá entontecida.

                                     


1 comentário:

  1. Fui lá em 2006 ou 2007 e só tenho pena de não ter assistido a nenhum espectáculo.
    Fiquei-me pela visita guiada o que já não é pouco como dizes.
    Na altura ainda não estava requalificada a zona da cidade que se vê da sala com o vidro ondulado...
    É uma Casa a visitar, assim como Serralves!
    Usando uma expressão vulgar:
    "Primeiro estranha-se, depois entranha-se."

    Bom domingo

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