Encontrei no DN de ontem, dia 4, uma notícia da jornalista Maria de Lurdes Vale exactamente com o título "O exemplo do Luís" que trata do actualíssimo assunto do bullying. Não gosto de utilizar palavras inglesas em textos portugueses, mas também não gosto das palavras portuguesas que agora aparecem para traduzir aquele conceito: 'acosso' é horrível; 'violência' não diz tudo; 'violência consentida' é muito rebuscado; por isso, tem de ficar mesmo a palavra inglesa, pelo que peço desculpa.
Bom, mas a notícia dizia assim:
"O Luís, de 14 anos, conta-me como foi ser vítima de acosso por parte de um colega. E de como foi ainda mais difícil denunciar a situação perante os responsáveis do conselho directivo ou junto dos auxiliares de educação da sua escola. Só os pais lhe valeram após terem compreendido que a vontade de ir para as aulas, todas as manhãs, começava a ser um verdadeiro pesadelo. A intervenção da família foi imprescindível para que o problema fosse resolvido e a partir de então o Luís já não teve que sofrer ataques de pânico de cada vez que passava o portão do liceu.
As atitudes dos agressores são na maioria das vezes silenciosas. Cercam os mais pequenos e mais frágeis e pedem-lhes favores ou dinheiro e caso estes não acedam às suas exigências ameaçam com pancada ou humilhações. Dentro ou à saída da escola. O Luís era diariamente vítima de um rapaz mais velho, mau aluno, repetente, o qual aproveitava os intervalos para lhe pedir todo o dinheiro que tivesse. Como o Luís apenas levava uns trocos para comprar um bolo ou a senha do almoço, ficava todos os dias sem comer e era obrigado no dia seguinte a levar mais para dar ao seu carrasco. Queria contar aos pais o que se estava a passar, mas tinha medo que esse desabafo resultasse na concretização da ameaça que pesava sobre a sua cabeça: "Se dizes alguma coisa lá em casa, e se os teus pais vêm à escola, ficas a saber que levas uma tareia na casa de banho ou quando te apanhar lá fora."
Um dia não aguentou mais e revoltou-se. Disse que não dava o dinheiro, que tinha fome e que precisava de comprar algo para comer. O outro bateu-lhe. Deu-lhe um pontapé num braço e deixou-o sem respirar. Ficou a chorar no chão e uma auxiliar levou os dois ao conselho directivo. O Luís contou o que se estava a passar desde há várias semanas e apontou o dedo ao seu agressor, explicando com desespero que já não aguentava mais tanta violência e que por isso tinha decidido reagir. O outro disse que era tudo mentira. O resultado foi que tanto o Luís como o colega foram alertados de que seriam suspensos das aulas caso situações como estas se voltassem a verificar. Uma verdadeira desilusão! Ninguém o defenderia naquele sítio detestável, onde tinha que ir diariamente para aprender... e ser agredido. Encheu-se de coragem e uns dias depois mostrou aos pais a marca no braço. Libertou todo o seu sofrimento. O pai ouviu-o, levou-o à escola, reuniu-se com os professores e procurou o seu agressor. Para o Luís, o pesadelo terminara. E para tantos outros?"
As atitudes dos agressores são na maioria das vezes silenciosas. Cercam os mais pequenos e mais frágeis e pedem-lhes favores ou dinheiro e caso estes não acedam às suas exigências ameaçam com pancada ou humilhações. Dentro ou à saída da escola. O Luís era diariamente vítima de um rapaz mais velho, mau aluno, repetente, o qual aproveitava os intervalos para lhe pedir todo o dinheiro que tivesse. Como o Luís apenas levava uns trocos para comprar um bolo ou a senha do almoço, ficava todos os dias sem comer e era obrigado no dia seguinte a levar mais para dar ao seu carrasco. Queria contar aos pais o que se estava a passar, mas tinha medo que esse desabafo resultasse na concretização da ameaça que pesava sobre a sua cabeça: "Se dizes alguma coisa lá em casa, e se os teus pais vêm à escola, ficas a saber que levas uma tareia na casa de banho ou quando te apanhar lá fora."
Um dia não aguentou mais e revoltou-se. Disse que não dava o dinheiro, que tinha fome e que precisava de comprar algo para comer. O outro bateu-lhe. Deu-lhe um pontapé num braço e deixou-o sem respirar. Ficou a chorar no chão e uma auxiliar levou os dois ao conselho directivo. O Luís contou o que se estava a passar desde há várias semanas e apontou o dedo ao seu agressor, explicando com desespero que já não aguentava mais tanta violência e que por isso tinha decidido reagir. O outro disse que era tudo mentira. O resultado foi que tanto o Luís como o colega foram alertados de que seriam suspensos das aulas caso situações como estas se voltassem a verificar. Uma verdadeira desilusão! Ninguém o defenderia naquele sítio detestável, onde tinha que ir diariamente para aprender... e ser agredido. Encheu-se de coragem e uns dias depois mostrou aos pais a marca no braço. Libertou todo o seu sofrimento. O pai ouviu-o, levou-o à escola, reuniu-se com os professores e procurou o seu agressor. Para o Luís, o pesadelo terminara. E para tantos outros?"
O meu espanto não vai tanto para o caso de violência porque esses, infelizmente, conhecêmo-los nós muito bem dentro das escolas. O meu espanto vai para aquele conselho executivo que não entendeu nada e, certamente para ficar bem visto perante todos, pais e professores, e para não ter de se maçar muito, nivelou os lados, o do agressor e o do agredido e pronto! É de bradar aos céus! Para se estar na direcção das escolas não basta ter mestrados e pós-graduações em administração escolar, nem ter muitos projectos em TIC, nem ter muitas estatísticas, gráficos e reflexões para mostrar à Inspecção! É preciso, antes de mais, saber lidar com as pessoas, conhecê-las, conhecer os processos de interacção entre os agentes, ter visão! E quando falo em ter visão, não é ter uns textos muito bem escritos sobre a visão estratégica da escola, nem da missão, nem do planeamento estratégico e esses conceitos pós-modernos que agora foram buscar às organizações das empresas e colaram à organização das escolas!
Que revolta a do Luís, depois de ter sido extorquido e violentado durante semanas, arranjar coragem para se dirigir a quem ele pensava que e a quem tem a obrigação de proteger os alunos e ser tratado da mesma forma que o agressor!
Direcções destas deveriam ser afastadas com o registo nos seus processos de não poderem voltar e ser direcções!
Podes crer que há Presidentes de Agrupamentos muito atentos a toda a problemática da indisciplina na escola.
ResponderEliminarÉ só ler a imprensa regional e as soluções vão aparecer com a ajuda da comunidade educativa que, entretanto, esteve a dormir! :-))
Abraço
Pois! É o caso do novo director da D. Dinis que vem agora para o jornal com estudos de 2003/2004 dizer que há graves problemas de indisciplina lá na escola ...
ResponderEliminarSenhores (as) professores (as)... O bullying não é novidade... Foi um comportamento tipificado e presente nas nossas escolas desde sempre. Eu tenho 28 anos e quando andava na escola havia bullying. Só que não se dava esse nome. O que pode ter mudado é a intensidade com que ele acontece e a sua frequência. Agora não é um fenómeno, é uma realidade presente nas escolas do nosso país há muito tempo.
ResponderEliminarPenso que a escola actual tem que estar nmais atenta, mas não o pode estar, pois não tem meios humanos para o fazer, nem os professores têm formação competente para lidarem com este problema. Penso que estão a atirar a batata quenta para as mãos dos professores e directires da escola sem que lhes sejam fornecidas ferramentas para lidarem com este problema.
Apesar disso sempre sento que a D. Dinis era uma escola aberta à segurança e onde os alunos se sentiam protegidos e onde tinhamos vontade de estar.
Beijinho
António Filipe Chambel