segunda-feira, 19 de abril de 2010

O “problema grave” de indisciplina na D. Dinis



Quem leu o artigo que saiu no Jornal de Leiria do passado dia um decalcado em entrevista ao novo director do agrupamento de escolas D. Dinis, deve ter ficado com a ideia de que naquelas escolas o clima que se respira é da maior balbúrdia e da maior confusão no que toca à indisciplina. Por outro lado, pensará que daqui para a frente, com as “novas” medidas anunciadas pelo director, tudo vai passar a ser completamente diferente para muito melhor!
De facto, nada do que o professor se propõe fazer é novidade naquele agrupamento (nem nos outros!). Se não, vejamos:

1. “... acredita que é possível solucionar o problema através do envolvimento de toda a comunidade educativa.” Deixem-me refrescar a memória do professor e lembrar-lhe que as primeiras reuniões de turma com os pais na D. Dinis para se tratar desta questão remontam à primeira metade da década de oitenta! E, daí para cá nunca mais deixámos de envolver os pais nesta problemática. Claro que os restantes elementos da comunidade educativo – professores, alunos e pessoal não docente – estão, à partida naturalmente envolvidos.

2. “... propõe formar uma equipa de supervisão da disciplina para acompanhar problemas específicos... e dar formação no domínio do controlo da disciplina.” Quem foi que criou o GAP – grupo de apoio aos alunos – para onde eram encaminhados os alunos com episódios de indisciplina na sala de aula? Quem criou na escola a figura de Tutor que mais não é se não um professor que acompanha semanalmente e de perto cada um dos alunos identificados com problemas de indisciplina, de absentismo e de insucesso? Não posso deixar de recordar que um dia foi atribuída uma tutoria ao professor actual director (dado o seu perfil) para um aluno problemático do 4º ano de uma das nossas escolas. O professor esteve com o aluno um sessão, finda a qual, se nos dirigiu dizendo que o problema estava resolvido. Teve de ser o conselho executivo em articulação com as professoras daquela escola a resolver a situação... Mais uma coisa: Quem criou uma equipa formadora no âmbito da formação para a disciplina que trabalhou, ao longo dos dois último anos e com muito sucesso, com pais, professores e encarregados de educação?

3. “... a prevenção da indisciplina passa pela adopção de regras contempladas no projecto curricular de cada turma (PCT), realização de assembleias de turmas....” ou o professor estava distraído quando se elaboravam os PCT e nas reuniões de conselho de turma, ou desdiz do trabalho de todo um conselho pedagógico e dos colegas directores de turma! Quanto às assembleias de delgados de turma estão previstas (e têm-se realizado) há mais de dez anos nos Regulamentos Internos da escola.

4. “...prevê ainda um sistema de controlo das “ocorrências”. Não sei o que tem feito a equipa de avaliação interna que funciona há dois anos e da qual o professor fazia parte!

5. “Os casos mais graves serão encaminhados para o director ou para o coordenador de estabelecimento no caso do 1º ciclo.” Sim, porque até agora nem o conselho executivo nem as coordenadoras de estabelecimento ligavam nenhuma aos casos de indisciplina!

É, no mínimo, lamentável o senhor professor venha para a comunicação social divulgar um problema que não existe, nem de longe, nem de perto, na dimensão em que ele o coloca e pior do que isso apresentar soluções que de inovador nada, mas absolutamente nada têm!

Mais lamentável é apresentar – e a jornalista aceitar como notícia, como algo de última hora – uma estatística que ninguém conhecia e que a ninguém diz nada porque data de 2003/04!

E de então para cá, nada se fez? Deixou-se chegar as escolas ao caos que o senhor professor, sem razão de ser, foi divulgar para o jornal? Ou será que pretende, daqui por algum tempo, voltar ao mesmo jornal para dar notícia das enormes melhorias que operou?


6 comentários:

  1. Não consegui chegar ao fim por causa das vertigens!
    Ando agora muito dada a estes achaques! :-((
    Apesar de tudo ainda dá para perguntar:
    - Mas isto não é o que se faz há muito?

    Abraço

    ResponderEliminar
  2. Claro! Até com vertigens e mesmo afastada da escola há anos, vês isso!!! Mas os jornais desta terrinha publicam tudo!
    Bj.

    ResponderEliminar
  3. Eu li o artigo que saiu no Jornal e a realidade apresentada não me pareceu ser bem a do nosso agrupamento (estranho... porque há vários anos que sou professora na D. Dinis). O Agrupamento tem-se preocupado com a questão da indisciplina e tem vindo a incrementar medidas no sentido de encontrar respostas aos problemas. Está tudo feito? Claro que não...temos sempre que CONTINUAR (e não começar) a trabalhar! Ana Barreiro

    ResponderEliminar
  4. Ainda a escola não era Agrupamento quando entrei para a D.Dinis (em 91/92) e a preocupação em solucionar a indisciplina (bem como outros problemas, evidentemente) já existia. Portanto, não é de hoje nem de ontem, o esforço para encontrar soluções para um problema que apenas se pode atenuar (penso eu!), dado que, infelizmente, vai continuar enquanto existirem pessoas, alunos neste caso. Desde sempre houve da parte dos Conselhos Directivos e depois Conselhos Executivos a mesma vontade que agora propõe o Director. Não sei se vai ter melhor ou pior resultado. Para já, o tal controlo de registo de ocorrências está a decorrer, e consiste em participar o acontecimento, por escrito, em local atingível ao Director (no próprio dia) que depois encaminhará. A estratégia pode ser diferente, pois não passa primeiro pelo D.T., mas sim a seguir. Agora o que interessa, de facto, é que há uma continuação do mesmo propósito! Ninguém pode dizer que fez melhor ou vai fazer melhor! Pode é dizer que tentou, ou vai tentar, o melhor possível!! As estratégias, desde sempre, têm sido diversificadas, por todos, para obter o melhor clima na escola. Penso que todos acertaram numas coisas e erraram noutras... quer tenham sido C.Directivos, C.Executivos ou Professores nas suas aulas, como me apercebi ao longo destes 18 anos na D. Dinis.
    Somos humanos e nem sempre senhores da razão e, por isso, devia haver mais humildade no tratamento dos assuntos ou opiniões seja onde for.
    Assim, considero que devemos TODOS ter uma atitude positiva perante a vida profissional e respeitar os nossos companheiros de jornada. Gostando ou não gostando deles! Mesmo que sejam feios, gordos, maus ou pouco inteligentes!
    É difícil, mas pode tentar-se. Segundo estudos, essa atitude prolonga a vida. E quem não quererá viver mais?! e se possível melhor?!

    ResponderEliminar
  5. Concordo convosco, Ana e Margarida. Muito obrigada pelos vossos comentários que, de certo modo, me aliviaram face à pouco séria notícia do jornal.

    ResponderEliminar
  6. Eu mesmo estando longe da minha santa terrinha leio os jornais para me colocar ao corrente do que se lá passa. Fico sempre muito indignado e chocado com notícias que tenham no seu cabeçalho "Agrupamento de Escolas D. Dinis"... Isto porque sei à priori que a noticia não é abonatória para aquela instituição. Acho que o nome D. Dinis não nada a ter o devido respeito por quem o devia fumentar. Li as notícias e acho que não está correcto um formador, que aprendi a respeitar, vir para a comunicação social num estilo de "lavagem de roupa suja" empolar algo que só aos olhos dele é que existe. Fiquei deveras preocupado com a noticia, mas agora que li a contra-noticia, vejo que realmente o meu pensamento estava correcto. Era impossível a Minha D. Dinis estar naquele lamaçal. Acho que quem perde com tudo isto são os alunos, as crianças e adolescentes que vêm nos professores heróis e que mais tarde, como me aconteceu vêm a deparar-se com situações nada agradáveis. Professora Graça, só quem não conhece a D. Dinis e o trabalho magnifico desenvolvido pelo Conselho Directivo (não me referindo ao actual) é que pode levar a sério uma noticia daquelas.
    Tenho pena que formadores, pessoas com um cargo de relevo na vida dos jovens se prestem a vir para a comunicação social e representar um papel que em nada abona a seu favor. Mas também não é nada que eu estranhe, na medida em que esse entrevistado a nivel de relações pessoais fica muito a desejar (falo como psicólogo).

    Beijinhos

    António Filipe Chamebel

    ResponderEliminar