domingo, 31 de agosto de 2014

Postal de férias

Ao contrário do habitual em que nos fixávamos numa praia e ali passávamos a temporada completa, este ano fizemos as férias do andarilho e foram muitas e belas as praias por onde andámos na área de Melides. 

Vejam se para isso estiverem dispostos...


Praia de Melides...
...das belas banhocas!

Lagoa de Melides

Lagoa de Santo André

Praia Dourada da Aberta Nova

Praia da Galé e...

... a sua espetacular arriba fóssil

A famosa Comporta, com a Serra da Arrábida ao fundo

Praia do Carvalhal

São Torpes 
(aquecida pela Central Termoeléctrica de Sines)

E por último, mas não em último, as belezas de Porto Covo:










Nada tinham a ver com a praia, mas também lá vimos estes...




Boa semana e bom recomeço para quem vai "pegar" amanhã ao trabalho!

sábado, 30 de agosto de 2014

Servidos?!

Pelo-me por uma boa bifana. E esta, hoje, já de regresso, é a verdadeira bifana na ... caralhota...


Hummmmmm... estava deliciosa! 

São servidos? É só dar um saltinho ali a Almeirim e bom apetite!


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Em defesa dos alentejanos...

Não é que eles precisem que saiamos em sua defesa em questão de anedotas ou outra qualquer questão, mas hoje, à saída da belíssima praia do Carvalhal, em pleno Alentejo, ouvi um veraneante daqueles que parecem bem-postos na vida a chegar com a família junto do seu belo carro e dizer em tom de brincadeira:

- Mulher, passa-me aí a “tchave”!

Praia do Carvalhal, Comporta

E, ato contínuo, lembrei-me daquela anedota antiga sobre o grupo de teatro que foi apresentar o drama de Pedro e Inês no nordeste transmontano mais profundo onde o som ch é pronunciado tch.

Quando, nas cenas finais, D. Pedro entra desesperado gritando pela sua bela Inês, um elemento do público levanta-se da plateia e grita:

- Está ali escarrapatchada no meio do tchão com uma matchadada que lhe deu o Patcheco


domingo, 24 de agosto de 2014

Aldeia

Não corresponde exatamente à bela e calma descrição que Manuel da Fonseca faz da aldeia alentejana até porque passaram mais de 70 anos sobre esta realidade, mas é dela que todos os dias me lembro ao chegar ao largo.

Nove casas,
duas ruas,
ao meio das ruas
um largo,
ao meio do largo
um poço de água fria.

Tudo isto tão parado
e o céu tão baixo
que quando alguém grita para longe
um nome familiar
se assustam pombos bravos
e acordam ecos no descampado.




Tenham uma boa semana!


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Compàdris

Quem não conhece aquela história «daquele compàdri ali da zona de Serpa, Alentejo bem profundo, que encontra o sê compàdri Maneli à bêra do caminho a cavar sentado e, estranhando, pergunta:

- Atão, compàdri, a cavar sentado?

Ao que o outro, algo enfadado, lhe responde:

- Atão, compàdri, já tentei dêtado e nã dá!»

É que me lembrei dela quando, um dia destes, a minha filha, em tom de gozação, pôs no facebook uma fotografia do pai a lançar um papagaio, na praia da Lagoa de Santo André, bem recostado numa cadeira. E até lhes disse: «Pois atão, dêtado nã dá…»



Mas dá!! Qual não foi o nosso espanto quando, dias depois, também aqui no belo sudoeste alentejano, vimos um “compàdri” a controlar um papagaio DÊTADO!!!


Ora vejam!


terça-feira, 19 de agosto de 2014

Aldrabas

Vejam o de aldrabas que encontrei aqui na pequenina, mas amorosa vila de Melides! De fazer "inveja" ao nosso amigo blogger as-nunes, a quem especialmente dedico a entrada de hoje.



















domingo, 17 de agosto de 2014

Quem sabe dizer?

Quem sabe dizer onde se encontram este avô e esta neta? Parecem ser grandes leitores...





sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A (mão) esquerda

Um dia desta semana celebrou-se o Dia dos Canhotos. Nunca tal tinha ouvido, mas fui informar-me e fiquei a saber que foi no dia 13 de Agosto de 1992 que o clube britânico Left-Handers lançou o Dia Internacional dos Canhotos como forma de protesto contra a discriminação que sofrem os esquerdinos no mundo dos que usam essencialmente a mão direita.



Face a estes Dias de, para quando o Dia do Maneta, do Perneta, do Obstipado, do Borbulhento e sei lá do que mais?…

Nada tenho – nem nunca tive – contra as pessoas que usam o lado esquerdo nos seus movimentos habituais por oposição à maioria que usa o lado direito. O meu neto mais novo, que ainda só tem três anos, usa a mão esquerda para comer, para apanhar as coisas, para desenhar, mas dá pontapés na bola com o pé direito. Lembro, porém, com alguma amargura como, no tempo em que eu era aluna, os pobres canhotos eram forçados pelos pais e pelos professores a usarem a mão direita na completa ignorância (aliás como faziam com os disléxicos) de que o problema não estava na mão, mas no cérebro. Se bem que a questão não se ativesse apenas no desconhecimento científico mas muito mais na cegueira religiosa que fazia o povinho acreditar que a mão direita tinha a ver com Deus enquanto a esquerda tinha a ver com o Diabo. Em muitas línguas a palavra «esquerda» vem diretamente do latim em que se dizia «sinistra».

A minha filha mais velha, que ainda está na faixa dos trinta, aprendeu uma lengalenga no jardim-de-infância que dizia assim:

«Esta é a mão direita
A esquerda é esta mão
Com esta digo sim
Com esta digo não
Levanto a direita ao céu
Apanho a esquerda ao chão
Agora que já as conheço
Já não faço confusão»


Ora num país secularmente e pateticamente católico, com trezentos anos de Inquisição a pesarem na sua História e mais 48 de catolicismo obtuso e fascizante em que nos pintaram um deus vingativo e mau criado à imagem dos seus criadores ciosos de dominarem o povo pela ignorância, pelo medo e pelo castigo, quem fosse contra os ditames paroquiais seria punido seguindo o caminho sinistro, da esquerda, do Inferno.

Acredite-se ou não, essa inculcação de anos e anos ainda se mantém em muitas e muitas cabeças por esse país fora, continua como uma nódoa que não sai nem por nada do tecido. Por isso durante trinta anos foi-se votando em gentinha como o atual inquilino de Belém, por isso não descansaram enquanto não puseram esse tipo de gentinha em todos os lugares de governação.

É preciso dizer mais?

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A padeira...

Hoje é o dia de celebrar Aljubarrota. 1385. O início do alvorecer da nossa História. No meu livro de leitura da 4ª classe, havia um texto heróico sobre a batalha que começava assim: 

“Raiou finalmente o glorioso dia 14 de Agosto de 1385. O Sol, surgindo no Oriente, iluminou em cheio as duas hostes. De um lado o poderoso exército castelhano, do outro, a pequena hoste portuguesa. Já ia o dia a mais de meio quando o exército castelhano se pôs em marcha. Logo a vanguarda portuguesa, à voz de Nuno Álvares Pereira, se abalou também….”

Só que eu não quero falar do Condestável porque, para isso, teria de trazer aqui «Os Lusíadas» ou a «Mensagem» o que seria muito denso para uma véspera de fim de semana comprido...

Hoje quero relembrar a padeira que, diz a lenda, enfiou no seu forno uns tantos inimigos que fugiam das tropas portuguesas. Sete, se bem me lembro...




Se fosse hoje, o de inimigos que a padeira não poderia enfiar à pazada no seu forno! Vejam!



Tenham um Bom fim de semana!

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Cansaço



Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...

Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...

Como quê?...

Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço. 
(...)

(Álvaro de Campos)


terça-feira, 12 de agosto de 2014

Oh captain, my captain

Morreu hoje o «captain» que conseguiu pôr os alunos a gostar e a sentir a poesia e os ensinou a «aproveitar o dia».

Acredito ter sido este o melhor de todos os filmes que interpretou  - «O Clube dos Poetas Mortos».

Vamos recordar.









Entretanto, como resistir ao apelo de deixar aqui o belíssimo poema que Walt Whitman escreveu sobre a morte de A. Lincoln?


O Captain! my Captain! our fearful trip is done;
The ship has weathered every rack, the prize we sought is won;
The port is near, the bells I hear, the people all exulting,
While follow eyes the steady keel, the vessel grim and daring:

But O heart! heart! heart!
O the bleeding drops of red,
Where on the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.

O Captain! my Captain! rise up and hear the bells;
Rise up—for you the flag is flung—for you the bugle trills;
For you bouquets and ribboned wreaths—for you the shores a-crowding;
For you they call, the swaying mass, their eager faces turning;

Here Captain! dear father!
This arm beneath your head;
It is some dream that on the deck,
You’ve fallen cold and dead.
My Captain does not answer, his lips are pale and still;
My father does not feel my arm, he has no pulse nor will;
The ship is anchored safe and sound, its voyage closed and done;
From fearful trip, the victor ship, comes in with object won;

Exult, O shores, and ring, O bells!
But I, with mournful tread,
Walk the deck my Captain lies,
Fallen cold and dead.
Ó capitão! Meu capitão! terminou a nossa terrível viagem,
O navio resistiu a todas as tormentas, o prémio que buscávamos está ganho,
O porto está próximo, oiço os sinos, toda a gente está exultante,
Enquanto seguem com os olhos a firme quilha, o ameaçador e temerário navio;

Mas, oh coração! coração! coração!
Oh as gotas vermelhas e sangrentas,
Onde no convés o meu capitão jaz,
Tombado, frio e morto.

Ó capitão! meu capitão! ergue-te e ouve os sinos;
Ergue-te – a bandeira agita-se por ti, o cornetim vibra por ti;
Para ti ramos de flores e grinaldas guarnecidas com fitas – para ti as multidões nas praias,
Chamam por ti, as massas, agitam-se, os seus rostos ansiosos voltam-se;

Aqui capitão! querido pai!
Passo o braço por baixo da tua cabeça!
Não passa de um sonho que, no convés,
Tenhas tombado frio e morto.

O meu capitão não responde, os seus lábios estão pálidos e imóveis,
O meu pai não sente o meu braço, não tem pulso nem vontade,
O navio ancorou são e salvo, a viagem terminou e está concluída,
O navio vitorioso chega da terrível viagem com o objectivo ganho;

Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!
Mas eu com um passo desolado,
Caminho no convés onde jaz o meu capitão,
Tombado, frio e morto.

Walt Whitman (1819–1892). Leaves of Grass, 1855.
- tradução de Mª de Lurdes Guimarães - in: “Os poemas da minha vida", Diogo Freitas do Amaral, ed. Público

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Porto

«O portuense é o homem mais dedicado, mais serviçal, mais bom homem. Sòmente há três coisas de que êle não gosta – e nesse ponto é maus brincar com êle. Não gosta de Lisboa. Não gosta da polícia. Não gosta da autoridade. Da autoridade vinga-se, desprezando-a. Da polícia vinga-se, resistindo-lhe. De Lisboa vinga-se, recebendo os lisboetas com a mais amável hospitalidade e com a mais obsequiosa bizarria.»

(Ramalho Ortigão, in “As Praias de Portugal”, Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1943)


E recebe os lisboetas e os outros todos assim...

(imagem da net)











(Foto de Francisco Mendes)


(Foto de Francisco Mendes)


(Foto de Francisco Mendes)







domingo, 10 de agosto de 2014

Dunas

Foi só quando estive em Zandvoort na Holanda, nos anos 90, que passei a dar às dunas a importância que ela verdadeiramente têm. É que por lá eles preservam as poucas que têm como se da própria sobrevivência se tratasse. Ai de quem ponha os pés sobre as dunas, enquanto por cá, temos tantas e tantas que, além de não lhes darmos importância nenhuma, ainda lhes construíamos casas em cima... 

Vejam aqui estas aqui no Oeste, tão tímidas mas tão autênticas!








Nem é preciso dizer de que praia se trata, pois não?
É tão conhecida como a velhinha canção dos GNR dos anos 80, lembram-se?




Boa semana!

sábado, 9 de agosto de 2014

Dê umas boas gargalhadas!

Com as violentas e injustas guerras no Médio Oriente, com a trapaça do BES (do bom e do mau), com as constantes mentiras com que nos dardejam dos telejornais, com as falácias do Ganda Nóia, do (des)governador do Banco de Portugal, com a orfandade em que nos têm deixado esta espécie de governo que nos calhou em (des)sorte bem como o seu hirto delegado em Belém; como nem direito já temos à parvoeira que era a chamada silly season, o melhor é ver este vídeo e dar umas boas gargalhadas...




Bom fim de semana!

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Banco bom, banco mau

Que dizem desta versão?!




quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Os vampiros

Só lhes faltava mostrar os dentes pontiagudos de cada vez que sorriam – sorriam, não, que o sorriso é um sinal de amor, de compreensão, de satisfação benigna e eles queriam manifestar tudo menos isso.

Quais vampiros adejaram muitos e muitos dos nativos deste "país de gente culta e sabedora" por sobre as notícias que jorraram (e continuam a jorrar) por todos os lados sobre os resultados da vergonhosa, da desastrosa prova de avaliação de conhecimentos e capacidades a que os professores contratados foram submetidos, em busca dos erros, das falhas, dos chumbos que muitos deles sofreram.

Como se daí viesse a salvação do país ou mesmo do mundo, os resultados obtidos foram esquadrinhados ao milímetro para mostrar como os professores são uma cambada de energúmenos ignorantes e preguiçosos que não merecem nem sequer viver.

Imagine-se, disseram os vampiros, que houve não sei quantos professores que deram não sei quantos erros de ortografia e não sei quantos erros de pontuação – disse também o IAVE que, como o ministro (C)rato, considera que estes resultados “permitem verificar a importância de uma avaliação como esta”. E, de seguida, veio o puxa-saco do dito professor Ramiro Marques, da Escola Superior de Educação de Santarém – que foi daqueles sortudos a quem o Ministério mandou para Boston nos anos 80 fazer uns mestrados de três ou quatro meses de forma a poder semeá-los pelas recém-criadas Escolas Superiores de Educação – dizer, cheio de razão, que os alunos não trazem do Secundário hábitos «de escrita de textos com sentido» e que isto acontece «por causa da degradação progressiva do ensino da língua nas últimas décadas, da falta de rigor que passou a existir nas salas de aula (…)»

A chamada tutela e os seus puxa-sacos querem muito, por questões não só economicistas mas também e especialmente de ideologia, desvitalizar a chamada escola pública e desacreditar os professores junto do público é um processo fácil e produz efeitos.

Erros de ortografia, de pontuação, de sintaxe, de semântica, toda gente faz: uns mais, outros menos e os professores não são exceção. Muito mais graves serão os erros de didáctica, de pedagogia, de avaliação, de relação pedagógica, de entendimento psico-pedagógico da pessoa que é cada aluno. E com esses, o senhor (C)rato bem como o senhor Ramiro e outros quejandos não estão nada preocupados. Até porque esse tipo de erros o grande público nem entende.

Duas ou três coisas para concluir:

Primeiro é que os livros que li da autoria dos senhores acima citados, não tendo embora erros ortográficos, até porque foram sujeitos a correctores, não estavam mesmo nada bem escritos;

Em segundo lugar, do alto dos meus 40 anos de leccionação, da minha licenciatura de cinco anos, das minhas três pós-graduações em Ciências Pedagógicas e em Administração Escolar, e do meu estatuto de formadora de professores, continuo a dizer e a bradar aos quatro ventos que, se tivesse de ser submetida a essa espécie de prova de conhecimentos, poderia não dar os tais cinco erros, mas podem ter a certeza que chumbaria;

E, por último, uma pergunta retórica, naturalmente!: que percentagem alcançariam o senhor (C)rato e outros bons rapazes lá do ministério se, por uma qualquer ironia do destino, fossem também à dita prova submetidos?...