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quarta-feira, 5 de junho de 2019

Você é estrebaria...

Hoje tive de ir a uma agência bancária que não é a minha de sempre e, depois de alguma espera – e era eu a única cliente presente – os três funcionários à vista azafamavam-se muito frente aos monitores dos seus computadores – lá fui atendida por um jovem daqueles de fatinho muito justo e de sorriso estampado no rosto imberbe.

Depois de um cumprimento daqueles de mão morta – que não vai bater àquela nem a nenhuma outra porta – fez sinal para que me sentasse e perguntou em que me poderia ajudar.

Pus a minha questão que de imediato foi desfeita pela sua resposta pronta. E, para tal, toca de me tratar e destratar por você – você para cá, você para lá e aquele sorrisinho condescendente de garoto que está ciente de toda a informação perante a idosa que é capaz de nem entender o que ele está a dizer...

Desenhei também o meu sorrisinho condescendente e disse-lhe: «Não diga você. É feio e fica-lhe mal.» Ele manteve aquele sorrisinho que trazia estampado na carinha deslavada e, orelhas moucas, lá continuou o horrível tratamento por você…


De há uns tempos para cá, tudo quanto é vendedor, promotor de operadoras e empresas de eletricidade e gás de porta em porta, meninos com o secundário feito e até mais acima, tudo usa o tratamento por você!

Fazem parte da gramática do português as formas de tratamento bem como os níveis de língua. Será que os professores TODOS se têm esquecido de abordar essas áreas?
E, se assim foi, o que fazem nos programas de formação destes jovens (e até menos jovens) profissionais?

Devia ser-lhes dito que o tratamento por você está reservado a certas castas da aristocracia seja ela de que tipo for, dos namorados nos tempos de fervilhante apaixonamento e a pessoas que se conhecem bem.

De resto, você é estrebaria…




terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Incapacidades...


Tenho a nítida noção das minhas limitações (que são muitas) e das minhas muitas incapacidades. O que não quer dizer que lide bem com elas…

Enfureço-me quando dou de caras com as dificuldades em levar a cabo determinadas tarefas. Uma delas é acender a lareira. Normalmente vejo-me grega para a pôr com uma labareda de jeito com recuperador e tudo. E eu que até sou capaz de fazer um belo de um cozido à portuguesa, ou uma boa feijoada, ou até umas jeitosas de umas broas castelar; eu que até sou capaz de comentar um texto de Lobo Antunes ou mesmo uma cantiga de amor à maneira provençal; eu que até sou mulher para levar uma turma de 9º ano a Londres, ou dirigir uma escolona daquelas, não sou capaz de acender a lareira e pô-la com uma labareda de jeito?

Enfureço-me, a sério que só me apetece atirar com as achas e as acendalhas pelo ar… e, por muitos raminhos secos que lhe junte, por muitas tabuinhas finas que lhe acrescente, por muitas acendalhas com que a incendeie, a safada da lenha não pega! Uma hora nisto é de mais!

E é aí que eu penso como é que os incêndios nas florestas podem começar com um cisquinho de nada? (Quase) não dá para acreditar...




quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Ainda e sempre a nossa Língua

Reparem bem, meus amigos, no título deste desenho que descobri numa exposição de trabalhos antigos ali na galeria do antigo Banco de Portugal.

Viaducto no Valle d'Alcantara



Não estava datado, mas, pela ortografia usada, é com certeza anterior ao acordo ortográfico de 1911.

Imagine-se o que os contemporâneos desse acordo tiveram de gritar e barafustar quando se passou a escrever Viaduto do Vale de Alcântara...

Se não houvesse reformas ortográficas ainda estaríamos a escrever em galaico-português...

Boa noute... :)))



terça-feira, 24 de julho de 2018

Pérolas

O inafável José Rodrigues dos Santos abriu hoje o telejornal da hora do jantar com uma  pérola  digna de um Trump, sei lá!!!

Enquanto este nega as alterações climáticas...


... o senhor Rodrigues dos Santos que recebe o seu ordenado na estação pública, mas que ataca com unhas e dentes (eu diria até com as orelhas, mas não fica bem...) todas as ações do governo, afirmou, sem pestanejar, nem se rir, que os incêndios que lavram na Grécia devem-se às alterações climáticas (aumento das temperaturas e ventos fortes) que se têm registado na zona do Mediterrâneo. 

Já os fogos que tragicamente assolaram o nosso país no ano passado tinham-se devido a mera negligência do governo, falta de meios e falta de medidas preventivas e sei lá quantas mais falhas do governo...

Outra pérola que se seguiu no mesmo telejornal foi o inatacável e super confiante chefe do maior partido da oposição que afirmou que o atual ministro das finanças se contradisse nas declarações que fez sobre o próximo orçamento de Estado. E acrescentou, cheio de sarcasmo e de sabedoria popular, que «mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo».

O engraçado é que não me lembro de alguma vez ter visto coxear o anterior PM ou outras altas individualidades do seu partido que mentiram ao povo desde o primeiro dia em que chegaram ao governo (eles até nem iam cortar os subsídios de Natal e de férias e depois foi o que se viu...) até ao ultiminho em que prometeram devolver-nos a sobretaxa do IRS...


Enfim!

domingo, 22 de julho de 2018

Feiras medievais e outras que tais...


Brotam como cogumelos por todo este pequeno Portugal. E já não se pode com tanta “feira medieval”! Parece que não há imaginação para mais nada. Parece que foi dito aos presidentes de câmara que não seriam reeleitos se dos seus planos de atividades (será que os têm?!) não fizer parte uma feirinha medieval…

Aqui em Leiria, torna-se aflitivo. Desde 2010 que se fazem ano sim, ano também, feiras medievais em Leiria. A primeira, a de 2010, teve lugar no Castelo e teve graça por, de alguma forma, ter sido novidade aqui na terra.

Vejam como a minha neta era pequenina...



Tenda dos Cristãos

Tenda dos Judeus

Tenda dos Muçulmanos

(Por acaso, em 1995, lá na “minha escola” realizou-se um evento medieval, com cortejo pela cidade; D. João II saiu a cavalo e andou pela cidade; houve refeição medieval no Castelo e feira no recinto da escola com alunos e professores vestidos à época. O objetivo foi celebrar os 500 anos dos Descobrimentos sob a organização de três colegas de História (louquinhas de todo…) que envolveu toda a comunidade escolar, pais incluídos, naturalmente e até a cidade. Foi um espanto!)













Mas, voltando à cidade: a sua edilidade saiu-se com a ideia peregrina de que Leiria deveria concorrer a Cidade Europeia da Cultura 2027. Não vou aqui apresentar razões a favor ou contra essa pretensão que nem sei se será legítima. Direi apenas que, infelizmente, Leiria não tem “tradição” cultural de fundo. Basta lembrar que o Museu da Cidade teve de esperar cem anos (leu bem! Cem longos anos!) para ser inaugurado. E foi, de facto, este executivo camarário que o conseguiu em  2015.

As feiras medievais, as feiras de Leiria há cem anos e outras quejandas repetem-se incessantemente – folclore, mascaradas e mera diversão sem qualquer fundo cultural. Põem-se umas tendinhas – as mesmas de sempre desde que me lembro – vendem-se uns chouriços, uns pães cozidos no forno, uns ovos e uns produtos das hortas apresentados por umas senhoras “mascaradas” de rurais; põe-se um curral com uns infelizes de uns animais desenraizados para fingir; fazem-se uns cortejos apalhaçados; convidam-se os ranchos folclóricos de sempre e pronto! Aí temos um “evento cultural”… Baratinho. Pobrezinho. Ataviadinho. Pequenino.

Este ano, teve lugar no centro da cidade e fardos de palha não faltaram por todo o lado… Resolveram arranjar um “tema”: «1401 Aqui Nasceu a Casa de Bragança». Disseram que se tratava da «recriação do casamento, realizado em Leiria, de D. Afonso de Portugal (filho natural de D. João I) com D. Beatriz Pereira de Alvim (filha de D, Nuno Álvares Pereira) e depois afirmaram que surgiu a Casa de Bragança.» Rigor histórico? Nenhum!






E ainda acrescentaram que «Leiria Medieval pretende ser um espaço de animação e convívio cujo objetivo é dar a conhecer ao público as principais características desta época, a Idade Média.» Arranjaram uma série de figurantes que não se importaram nada de vestir aqueles fatos pseudo-medievais e que se devem ter divertido à brava e pronto!







Só dá vontade de rir! Enfim! Assim não vamos lá…

(As três últimas fotos foram retiradas da  página do facebook do meu amigo Raul Mesquita)

domingo, 15 de julho de 2018

segunda-feira, 19 de março de 2018

Hino à ironia ou do jornalismo que temos

Sei bem que alguns dos amigos que aqui passam não gostam muito que comente sobre questões político-partidárias.

Atendendo, porém, a que este é um blog do estilo «web-log», à maneira dos “diários de bordo” e porque a comunicação social hoje acreditada no nosso país teima em mostrar diariamente e minuto a minuto como os portugueses são mal tratados pelas instâncias governamentais – coisa que não acontecia no tempo do governo anterior! – não resisti a transcrever este texto que li hoje na página do facebook do meu amigo Carlos Esperança e que é, de facto, um verdadeiro hino à ironia… 


Saudades do governo de Passos Coelho e Paulo Portas

Naquele tempo, que Cavaco Silva desejou esticar, corriam rios de mel, e só não havia virgens à espera das vítimas porque era outra a devoção em Belém e S. Bento.

As matas eram então incombustíveis, à prova de pirómanos, as urgências dos hospitais aguardavam doentes para quebrarem o tédio aos enfermeiros e médicos, a banca estava capitalizada e sem créditos malparados, o emprego era pleno e os portugueses viviam felizes com a sobretaxa do IRS e divertidos com os orçamentos de Estado à espera dos retificativos.

Os vírus não matavam, o sarampo não era epidémico e a bastonária dos enfermeiros não se oporia à vacina obrigatória aos seus membros, para exercerem a profissão no Estado, se acaso ocorresse ao governo a prudência e o bom senso a ela.

As pessoas podiam andar deprimidas, mas as vacas dos Açores sorriam com a presença do casal presidencial, e as cagarras das ilhas Selvagens acolheram ruidosamente a visita do PR, preocupadas com a ausência da prótese conjugal.

O país vivia feliz, espoliado dos feriados identitários, 1.º de Dezembro e 5 de Outubro, e até o cardeal andava sossegado com o fim dos feriados que a Igreja impôs à República e a intimidade dos cônjuges recasados, sem precisão de apoiar manifestações de colégios privados onde a sua Igreja lucra mais do que com o negócio das almas.

Então, até os carrilhões de Mafra se seguravam às torres de onde ameaçam agora soltar-se, com a força com que o senhor D. João V se agarrava à madre Paula, em Odivelas, e ao ouro do Brasil para enviar ao Papa e obter dele o irónico e caro epíteto, Fidelíssimo.

A imprensa de reverência vivia em harmonia com o poder, designando a incompetência do PM por coragem e por institucional a cumplicidade entusiasta do PR.

Ditosos tempos! Os cravos de Abril tinham sido exonerados das lapelas do PR e do PM e o ordenamento jurídico era uma incómoda referência da Constituição que juraram, a ilustrar o adágio: «quem mais jura, mais mente».





domingo, 18 de fevereiro de 2018

Da pieguice...

Aprendi muito cedo – sempre sou de Germânicas, não é? – que os ingleses, quando são apresentados a desconhecidos, dizem um educado e bem pronunciado «How do you do?» a que os outros respondem com o mesmo educado e vincado «How do you do?». E mesmo quando informalmente se encontram, cumprimentam com um «How are you?» e a resposta é simplesmente um «Fine, thanks» e “está a andar”. Mais informal ainda é o mero «Hi!» que leva por resposta qualquer coisa como «Hi, there!» e pronto.

Isto – foi-nos explicado – porque se trata apenas de um cumprimento e não para saber do completo estado de saúde do próximo. Dizia a minha primeira professora de inglês, há muitos, muitos anos, que para os ingleses «time is money» (que o mesmo é dizer “tempo é dinheiro”) e eles poupam até nas palavras – daí as muitas elisões da língua inglesa.

O que nós portugueses temos a aprender com os ingleses neste campo! Se encontramos uma pessoa conhecida, amiga, indiferente, daqueles que até nem gostamos muito, ou seja o que for e dizemos, por exemplo, «Olá! Como estás?», ou «Então tudo bem?» não é para sabermos das suas maleitas, das dores nas costas, da enxaqueca, da gripe da sogra, da unha encravada da cunhada… É apenas um cumprimento, um gesto de simpatia, uma manifestação de educação, sei lá! Não se me ponham por isso a contar as idas ao médico, ao dentista, ao homeopata de que uma vizinha lhe falou muito bem e que até é primo de uma amiga nossa que andou connosco no liceu, ou daquele massagista, que até é muito caro, mas vale bem a pena porque saímos de lá derreadinhos de “pancada” mas dores na lombar nunca mais… Poupem-me!

E se, por qualquer eventualidade, calha dizermos que, por acaso também sofremos da lombar ou da cervical ou de um dente do siso, lá temos para mais meia-hora de explanação sobre a guinada, a moinha, a dor aguda que, seja ela qual for, é por certo muito mais forte do que a nossa, superioridade que é simplesmente traduzida por um expressivo e suspirado «tu sabes lá!»

E depois ainda estranhámos quando o outro disse que deixássemos de ser piegas…




Tenham uma boa semana!


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Duas notas apenas...



Não é dessas!!! Que essas são bem fugidias...

Duas notas apenas porque não há tempo (nem imaginação) para mais...

1ª - «Janeiro fora, mais uma hora!» - Já repararam que os dias começam a ficar maiores?

2ª - O blogger voltou ao seu normal no tempo de publicação dos comentários!

Não são mesmo duas boas notas?! (e estas não fogem...)  



quarta-feira, 22 de março de 2017

«Resposta ao pequeno holandês»

Bom, as gargalhadas que eu dei quando cheguei ao fim da crónica do Ferreira Fernandes no DN de hoje, a propósito das tolices que aquele holandês, Dij qualquer coisa, lançou pela boca fora sobre os povos do sul: "Não se pode gastar o dinheiro em copos e mulheres e logo depois pedir ajuda.

(Não fica bem falar de copos de vinho no Dia Mundial da Água, mas tem de ser…)

Já tinha lido toda a espécie de comentário no facebook, alguns bem furiosos, outros com muita piada, outros sérios, outras a desvalorizar… Enfim, no facebook encontra-se de tudo para todos os gostos, o que é por de mais divertido. E didático…

Agora, ligar aquela saída de muito mau gosto ao melhor da pintura que se fez na Flandres e depois terminar com a arte cerâmica das Caldas é que achei de mais!!

Então o cronista, em tom bem divertido, começa assim: «Ah, o que o noticiário de ontem me trouxe de arte e luxúria! Passeei-me pela Holanda, quando ela era grande e não só entreposto de impostos dos outros. Rembrandt em autorretrato, uma mão pousada no nadegueiro da sua mulher Saskia e outra levantando o cálice. Mulheres e copos.(…)»  

Depois faz um belo de um périplo pelos melhores pintores holandeses do século XVII que pintaram mulheres e vinho em situações menos próprias, terminando desta forma para além de hilariante: «Já para responder a Jeroen Dijsselbloem, um curso rápido de arte portuguesa chegava: um caralho das Caldas para ti, pequeno holandês.»

Vale a pena ler a crónica completa!


Entretanto, fui ver a tal brochura da Académie Amorim “O Copo de Vinho na Pintura Holandesa”, onde o cronista foi beber a inspiração e as referências artísticas e deixo aqui alguns dos quadros indicados.

Sei que vão gostar.


Auto-retrato de Rembrandt com a mulher Saskia

Frans Hals

Frans Hals

Gabriel Metsu

Vermeer

Jan Steen

Jan Steen

Jan Steen

Jan Steen

Jan Steen

domingo, 5 de março de 2017

Devo ser mesmo o diabo!

Que fique aqui bem claro que não venho em busca de palavras de conforto dos meus amigos que tantas vezes fazem o favor e têm a generosidade de mas prodigalizarem …

Como considero este espaço um diário de bordo, um weblog, costumo aqui registar os momentos, os acontecimentos, os sentimentos, as emoções que mais me tocam.  É o que, uma vez mais, vou fazer.

Devo ser o diabo!! Hoje de manhã, encontrei dois ex-colegas lá da “minha” escola e, de alguma forma, fiquei indisposta. Uma foi “minha” vice-presidente nos meus tempos de presidente do Conselho Diretivo nos idos de 80. Colegas e amigas. Tive várias equipas porque, desde finais de 70, dirigi, sempre que foi necessário e não havia mais ninguém disponível, a escola – mais tarde agrupamento – e, felizmente, sempre consegui uma especial parceria, uma familiaridade, uma cumplicidade até entre os vários membros. Para isso concorriam o trabalho que tínhamos de desenvolver em comum, as muitas horas que trabalhávamos juntos e as por vezes, muitas vezes, difíceis decisões que tínhamos de tomar.

Pois essa minha ex-colega, ex-vice, ex-amiga dizia (hiperbolicamente, claro!) que tudo o que sabia (em termos de gestão, naturalmente!) tinha aprendido comigo. Hoje – aliás como de há uns anos para cá – falou-me fria e superficialmente sem sequer olhar para mim.
Saí da frutaria onde nos cruzámos com essa quase mágoa e passa por mim um outro dos meus ex-colegas – esse, porém, não meu ex-amigo – que recebi no meu último grupo de trabalho para evitar que fosse dar aulas, que não era das tarefas que ele mais gostava de desempenhar, num momento de regresso à escola após um destacamento terminado e a quem consegui passagem para o nono escalão que ele, por si só, não conseguira – passa por mim, dizia eu, de cara fechada, zangada, azoada, e nem ao meu marido foi capaz de dar os bons-dias…

Devo mesmo ser o diabo!! Ri-me, pois que mais?

Mas logo, logo relembrei como me “apunhalaram pelas costas”; logo, logo revivi as trapaças que, com o seu grupo de amiguinhos congeminaram para porem lá um diretor fraquinho, facilmente manipulável pelo lobby; logo, logo me doeram as reuniões em casa de uma delas – que sempre se fez, e faz, minha amiguinha – para me afastarem.

As fraudes foram várias e queixámo-nos delas, mas os “superiores” e os Inpetores em educação pouco querem saber do que se passa nas escolas desde que lhes apresentem papeis com muitos gráficos coloridos e muitas frases bonitas.

E afastaram-me, mau grado as velhacarias e a má-fé. Mas, ao fim deste tempo todo – sete anos passados – são eles que não me falam!

Devo ser mesmo o diabo!

(brinco muito com o diabo e o inferno… costumo dizer que sou tão má que, quando morrer, vou logo de cabeça para o inferno, mas quantas as pessoas boazinhas que lá vou encontrar!!!...)



sábado, 25 de fevereiro de 2017

Pensamentos rebatíveis

Hoje deu-me para isto: deixar aqui uma série de pensamentos – quase todos com muitos “picos” de roseira – que os meus queridos visitantes facilmente podem rebater, se assim o entenderem. Não levo nada a mal. (Até porque é Carnaval…)

E, já agora, começo por aí. O Carnaval – não o que dele resta que são aqueles desfiles de meninas seminuas a tiritar de frio porque isto aqui não é o Brasil e o dos rebanhos de criancinhas vestidas com ridículos fatinhos comprados nas lojas dos chineses ou feitos, com muitos esforço, pelas educadoras – o Carnaval, dizia eu, tal como a Maçonaria ou até mesmo a Revolução de Outubro são temas tabu num país inscrito como laico na Constituição, mas que continua (e gosta) inexoravelmente debaixo da asa da Igreja.

Pior que a saga dos SMS do Centeno e do outro, só mesmo a desgastada e balofa discussão em torno do “novo” acordo ortográfico. Novo?! Aprovado em 1990 fora o tempo de preparação e discussão anteriores. Não há paciência!

O Núncio mentiu e continua a mentir, omitiu, escondeu, mas agora assume a responsabilidade política e, como este é o paraíso da impunidade, o resto não interessa nada! E como não deixou SMS…

O Passos e os Portas mentiram 365 dias vezes 4 anos – ele foi sobre os cortes dos subsídios e das pensões, sobre os safados dos submarinos que devem ter submergido ou sei lá, sobre as ordens da malfada troika, sobre o que diziam em Bruxelas e o que diziam ao Parlamento e ao homem das quintas-feiras, sobre a irrevogabilidade das suas decisões e muito, muito mais, mas não houve uma voz que quisesse levar isso «até às últimas consequências» (seja isso o que for) como no caso Domingues/Centeno.

Aquela instituição a que eufemisticamente se chama de Ministério Público não para de arrolar arguidos à Operação Marquês  (ai se cá estivesse o Marquês, o de Pombal,  onde é que isto já ia!!!). Receio bem que, para alargar as ditas investigações da tal corrupção (O Jô Soares dizia com muita piada: «E sou só eu? Cadê os outros?!!) até ao fim dos tempos, não restem mais portugueses vivos para serem arrolados e tenham de se lançar pelos mortos até ao Infante D. Henrique – que foi um gastador inveterado. Lavagem de dinheiro, só pode!!

E, para não maçar mais os meus queridos visitantes, deixo aqui um último pensamento rebatível:

Aqui da minha câmara invisível, vejo tanta professora de Português – os das outras disciplinas não dá para observar… – que continua a pensar que avaliar – ou vá lá, mesmo classificar, já que elas não sabem de mais nada – pensam elas que classificar os alunos é rasteira-los torpemente nos “testes” pondo questões para as quais não os prepararam minimamente, sabendo, à partida, que não vão ter como responder-lhes. Entendo agora ainda melhor por que razão os professores se opuseram violentamente a ser avaliados…


Por hoje é tudo. Divirtam-se!!



quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Ainda o Ulisses

E lá fui eu, sem falta, à Bertrand porque recebi uma mensagem que anunciava livros a cinco euros e com descontos até 50% para os dias 26 e 27. Cheguei lá, ontem de manhã, e o maior desconto que vi foram os habituais 10% de desconto em cartão em todos os livros. Eu li bem! Era nos dias a seguir ao dia de Natal e não era só online…

Zanguei-me. Detesto que me/nos enganem. Por isso nem perguntei a nenhuma das pouco simpáticas “colaboradoras” (agora diz-se “colaboradoras”, nada de empregadas e menos ainda funcionárias… politicamente incorrecto, discriminatório, vexante e assim… Tretas!) que por lá se movem.

Ora ainda bem! Até porque tenho montes de livros que ainda não li – e nem sei se chego a ler. Enfim.




Se já terminei o Ulisses? Claro que não! Mas não me preocupo nada. O autor demorou sete anos a escrevê-lo por isso eu tenho ainda muito tempo pela frente para o terminar…

Não há o problema de perder a sequência da ação porque se trata de um longuíssimo texto em forma fragmentária. Não é o tempo que marca a evolução da narrativa, mas o espaço: cada rua, cada beco, cada novo bar ou taverna visitados por Bloom e Dedalus têm a sua própria pequena narrativa com as suas próprias personagens, por isso não se perde o fio à meada, até porque não há meada. Os elementos estruturantes são as personagens principais: Leopold Bloom e Stephan Dedalus que fazem o seu périplo pela cidade de Dublin durante um dia apenas – dezoito horas para ser exata – o dia 16 de junho de 1904. Uma imagem irónica da Odisseia de Homero na qual Ulisses deixa a sua mulher Penélope (aqui redesenhada por Molly, a mulher de Bloom) durante dezoito anos para fazer o seu périplo pelo Mar Mediterrâneo.

Há, no Ulisses de Joyce, fragmentos verdadeiramente poéticos como é o caso por exemplo, da longuíssima e quase enciclopédica referência a Shakespeare - «ele era um lorde da língua…» - e à sua obra, em que o autor nos dá toda a sua visão do que é a arte, a sabedoria eterna, o conhecimento grego. E, embora alcandore Shakespeare ao expoente máximo da literatura, não deixa de fazer passar um ténue ciúme. «Os nossos jovens bardos irlandeses têm de criar ainda uma figura que o mundo coloque ao lado do Hamlet do saxão Shakespeare…»     

Esta rivalidade entre a Irlanda e a Inglaterra aliás está patente ao longo da obra «… referente aos recursos naturais da Irlanda (…) que ele descreveu na sua prolixa dissertação como o país mais rico sem qualquer excepção à face da terra de Deus, muitíssimo superior a Inglaterra, com carvão em vastas quantidades…»

Grandes reflexões sobre a mulher e a maternidade, as inúmeras maternidades que as mulheres têm de sofrer, bem como as grandes evoluções da medicina no campo da maternidade. Se pensarmos que estas reflexões foram escritas no início dos inícios do século XX, veja-se o avanço da mente do narrador (ou terei de dizer “autor”), um judeu e maçon e dos países do Norte da Europa.

Há outros fragmentos, porém, que são quase incompreensíveis de longos e chatos, com uma linguagem muito peculiar e referências culturais que, pelo a mim, me passam muito ao lado.

Tanto a dizer acerca do Ulisses de Joyce! Hei de voltar…

De enaltecer a qualidade do texto reescrito em português pelo excelente tradutor Jorge Vaz de Carvalho. Não lhe deve ter sido nada fácil, mas está muito bem conseguido.

(A propósito e na esteira do Ulisses de Joyce, não posso deixar de referir «Uma Viagem à Índia» de Gonçalo M. Tavares, uma narrativa igualmente estonteante e estilhaçante ancorada em Os Lusíadas, também em X Cantos.

Hei-de “trazê-la” aqui.)

domingo, 30 de outubro de 2016

Hallowe'en? Porque não?

... que não é uma tradição nacional... que nós temos o Pão-por-Deus e mais o Dia do Bolinho... para que é isto agora... que a culpa foi dos professores de Inglês... que já substituímos o Menino Jesus pelo Pai Natal  (e até é fino substituir o almoço de domingo pelo "brunch" e ninguém se queixa!) e mais não sei o quê...

Ora se até já fomos levados a aceitar o músico Bob Dylan como o vencedor do Nobel da Literatura, por que diabo não podemos aceitar o Hallowe'en como (mais) uma festa (quase) nossa?!

Vejam se não é bonita esta festa.





E se vos aparecesse uma bruxinha destas bem atrevida que encontrei à solta no facebook, não ficavam convencidos?



Bom Dia das Bruxas!

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Meninas, mulheres

(no rescaldo de um Nobel da Literatura no mínimo estranho e para o qual me estou nas tintas... aqui fica um poema muito bonito. Como se hoje fosse o "inefável" dia da mulher...)


MENINAS, MULHERES

Nasce-se sem culpa formada,
menina e mais nada,
mais tarde
mulher
sempre preparada
para o que der e vier.

(...) 

Nasce-se criança, já grande
com um peso imenso nas costas,
para arcar com culpas postas
e outras diferenças incutidas,
nos espiritos, dos homens que não são mais…
Que crianças por nós tidas!

Nasce-se como e onde for,
Porque o momento não espera
com o coração cheio de amor
entre sangue e sofrimento,
revestidas de força e génio
pr’a ir além do firmamento!

Olham-nos como se fossemos fracas
e pouco tivéssemos para dar
que não fosse só sorrir
e caladas aguentar
o mundo à nossa volta a ruir
sem poder, ao menos, gritar

(...)

Nasce-se… Força da natureza
carregadas de beleza
mesmo que não salte logo à vista
porque a vida de uma mulher,
seja ela como for, esteja ela onde estiver.
É dura! Mas, linda. É uma constante, conquista

É um oceano de AMOR.

(Maria Rocha Soares)

in "Sobretudo cansaço"