Hoje tive de ir a uma agência
bancária que não é a minha de sempre e, depois de alguma espera – e era eu a
única cliente presente – os três funcionários à vista azafamavam-se muito
frente aos monitores dos seus computadores – lá fui atendida por um jovem
daqueles de fatinho muito justo e de sorriso estampado no rosto imberbe.
Depois de um cumprimento daqueles
de mão morta – que não vai bater àquela nem a nenhuma outra porta – fez sinal
para que me sentasse e perguntou em que me poderia ajudar.
Pus a minha questão que de
imediato foi desfeita pela sua resposta pronta. E, para tal, toca de me tratar
e destratar por você – você para cá,
você para lá e aquele sorrisinho condescendente de garoto que está ciente de
toda a informação perante a idosa que é capaz de nem entender o que ele está a
dizer...
Desenhei também o meu sorrisinho
condescendente e disse-lhe: «Não diga você.
É feio e fica-lhe mal.» Ele manteve aquele sorrisinho que trazia estampado
na carinha deslavada e, orelhas moucas, lá continuou o horrível tratamento por você…
De há uns tempos para cá, tudo
quanto é vendedor, promotor de operadoras e empresas de eletricidade e gás de
porta em porta, meninos com o secundário feito e até mais acima, tudo usa o
tratamento por você!
Fazem parte da gramática do
português as formas de tratamento bem como os níveis de língua. Será que os
professores TODOS se têm esquecido de abordar essas áreas?
E, se assim foi, o que fazem nos
programas de formação destes jovens (e até menos jovens) profissionais?
Devia ser-lhes dito que o
tratamento por você está reservado a
certas castas da aristocracia seja ela de que tipo for, dos namorados nos
tempos de fervilhante apaixonamento e a pessoas que se conhecem bem.
De resto, você é estrebaria…