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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Aviltamento


Enquanto portuguesa, cidadã, professora de Português e grande apreciadora do poeta dos vilancetes cem glosados, das cantigas de filigrana, dos sonetos perfeitos e da grande, enorme, luminosa epopeia portuguesa, sinto-me dececionada (não com o presidente que esse nunca nem por um dia me criou ilusões), humilhada, aviltada pela escolha que o atual presidente fez para presidir à celebração do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades. 

Camões deve estar "aos saltos na tumba"! E qual é o português, quais são as comunidades que se reveem em alguém que nunca deu provas em nenhum campo da ciência, da escrita ou do conhecimento em geral, alguém sem qualquer tipo daquela grandeza necessária para nos representar, num simples fazedor de palhaçadas de mau comediante (sem ofensa para os palhaços nem  para os comediantes de profissão, naturalmente!)?



Recolhendo as sempre bem escolhidas palavras do escritor Mário de Carvalho, transcrevo a sua opinião expressa na sua página de facebook, com a qual não podia concordar mais.

«Admitindo que o actual Presidente da República visse conveniência em nomear para o 10 de Junho, Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas, uma personalidade de direita, não lhe faltariam, em alto nível, cientistas, médicos, professores, arquitectos, artistas, escritores dessa tendência... Assim evitaria o desprestígio do acto. O achincalho. O desconforto do popularucho.»

Tenho para mim que, numa febre de popularidade, Marcelo está a perder o auto controlo...


segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

O cúmulo do ridículo

Depois do humilhante beija-mão ao «irmão» (dele, decerto) Bolsonaro...




«O Presidente da República entrou em direto por telefone na estreia do programa de Cristina Ferreira na SIC para lhe desejar felicidades, apanhando a apresentadora – e os telespectadores – completamente de surpresa. Fê-lo, disse ao PÚBLICO fonte de Belém, porque quis estabelecer alguma igualdade com o concorrente direto, o programa da TVI apresentado por Manuel Luís Goucha, a quem tinha concedido uma entrevista na véspera de Natal.»

Reflitamos sobre o que pretende o senhor presidente com este estonteante vai-vem que o obriga a «ir a todas»... Foi o mesmo presidente que, na Mensagem de Ano Novo, avisou sobre os riscos da demagogia e do populismo.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Habemus PR Bolsonaro, Consummatum est...

Deus e os meus amigos sabem que não sou seguidora de igrejas; aprecio, porém, a filosofia de vida e a forma sensata como aborda os graves problemas do mundo. Refiro-me a Francisco, o Papa. E foi ele que, na sua sapientíssima mensagem de Ano Novo, nos exortou, a todos, a interessarmo-nos pela política, pela forma como se governa a cidade (perspetiva da Grécia Antiga). 

É nesta linha que eu me interesso pela política, seguindo a orientação de Francisco, o Papa.  

Assim sendo, não me eximi de trazer aqui a bem concebida crónica que Carlos Esperança publicou ontem no facebook.


Brasil – Habemus PR Bolsonaro. Consummatum est

«A tomada de posse de Jair Messias Bolsonaro foi o ato final de legitimação do golpe de Estado contra Dilma. Lá foi Michel Temer, que a traiu, a devolver a faixa presidencial, à espera da prisão, pois, ao contrário de Lula, há gravações que provam a sua corrupção.

Da conspiração das Igrejas evangélicas, com homilias, órgãos de comunicação e crentes destacados nas redes sociais, sai mais poderoso o bispo Edir Macedo e mais próximo do Paraíso quem paga o dízimo, em suaves prestações, na compra de uma assoalhada junto a Deus, mas foram os grandes interesses económico-financeiros que aprontaram o golpe e o conduziram.

Nos políticos conluiados com o poder judicial, para afastar o previsível vencedor, Lula da Silva, estava o juiz Sérgio Moro, cuja ambição dispensou um período de nojo entre a prisão, investigação e julgamento do adversário político e a entrada imediata no governo do fascista assumido, machista, homofóbico, racista, xenófobo e violento.

Bolsonaro, depois de uma carreira militar que terminou em capitão, de onde foi afastado por críticas públicas a baixos salários dos militares e a um alegado plano para dinamitar os sanitários da sua Academia Militar, foi para a política, onde se distinguiu mais pela boçalidade do que pela atividade legislativa, nos 27 anos de Congresso Federal, em que percorreu 8 partidos, sendo o último, PSL, que o indigitou para candidato à Presidência.

Convidou pessoalmente para a posse os primeiros-ministros de Israel e da Hungria e o chefe da diplomacia dos EUA. O pudor ou calculismo afastou figuras de primeiro-plano internacional do pungente espetáculo que contou com fortes medidas de segurança.

Em Portugal, a política externa é competência exclusiva do Governo e o PR não define relações bilaterais, mas representa o País em qualquer lugar. Apreciando os espetáculos mórbidos, mesmo assim, parecia um erro de casting no cenário e não se percebe, depois da posse, a obsessão por uma audiência, o desejo de ser figurante junto de tal figurão.

A enigmática afirmação, após o breve encontro do homem de cultura, civilizado, com o troglodita tropical, deixa um sentimento pungente a quem apreciava o discernimento de Marcelo: “Como eu disse e como disse o Presidente Bolsonaro, era uma reunião entre irmãos e entre irmãos o que há a dizer se diz rápido, como se diz em família”.

Não sei que interesses moveram Marcelo na deslocação, podia ter enviado Cavaco, em sua representação, como fizera no funeral de Bush-pai. Era a pessoa adequada ao papel e poupava-lhe a participação no primeiro ato do funeral da democracia brasileira.

A presença do PR em Brasília foi humilhante para ele e para o País. Numa atitude sem precedentes, só as televisões portuguesas fizeram pior. Deram desmedido relevo ao ato, cúmplices da vergonhosa promoção de Bolsonaro e da divulgação do seu ideário.

Para a posteridade ficaram também as alarvidades bolçadas pelo gen. Hamilton Mourão, o vice-presidente, com sequazes em delírio, como metáfora de uma ditadura de coronéis com a cultura de cabos quarteleiros, capazes de transformar a presidência em caserna.»

Carlos Esperança. Facebook, 3/Jan/2019      (sublinhados meus)

A mim parece-me que o presidente Marcelo não tinha de ter tido este comportamento quase subserviente face a um proto-ditador, apaparicando-o, tratando-o de irmão, convidando-o a visitar oficialmente o país... Como diz o povo: «Não se pode estar bem com Deus e com o Diabo ao mesmo tempo».