(St James's Park) |
Ando a dizer isto há anos em
relação ao estado e à evolução da educação no nosso país. Da educação e não só.
Quem quer à viva força comparar o estado social, cultural, educacional do nosso
país com o dos países ditos civilizados, especialmente com os do norte da
Europa, com o único objetivo de nos achincalhar e aos governos que se têm seguido
alternadamente desde a instauração da democracia, só mostra que, de facto, não
deve muito è inteligência ou que não tem feito as leituras que devia. É que,
quando saímos ainda não há quarenta anos do estado de letargia, de submissão,
de medo e de ignorância para começarmos a dar os primeiros passos na vida
democrática, tateando, tropeçando, esses outros países já nos levavam pelo
menos cem anos de avanço. A todos os níveis.
Esta é uma daquelas evidências
que saltam à vista, nem é preciso ser muito esperto. Só que nós gostamos mesmo
é de dizer mal de nós próprios e do país e pronto! (Bem razão tem o Sérgio
Godinho em cantar: “Só neste país, só neste país é que se diz só neste país!”)
Agora pensem como fiquei
realizada ao ler uma metáfora tão simples como esta com que um dos meus
cronistas preferidos, o Ferreira Fernandes do DN, terminou a sua crónica de
ontem sobre a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres e que diz
assim: «Já a Rainha Isabel aceitar
entrar, ela própria, num diálogo – “Boa-noite, Mr Bond!” – deixar a sugestão de
que se atira de para-quedas com Daniel “Bond” Craig para o Estádio Olímpico e
aparecer na tribuna em tempo real, com o mesmo vestido e a cara de enfado
habitual, só se explica pela mesma razão
do brilho dos relvados ingleses. Basta cortar e regar. Só? Sim, isso e fazê-lo
durante umas centenas de anos.»
É isso que eu ando a dizer há
anos em relação ao nosso dito "atraso estrutural", mas nunca com esta simplicidade: é que não basta “cortar e regar os
relvados” para eles terem aquele brilho. É preciso, mesmo, fazê-lo há umas
centenas de anos.
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