quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A crónica da semana


A crónica da semana:

Empobrecemos e embrutecemos
 
Esta semana, em Portugal, uma tempestade deixou sem eletricidade um milhão de casas. Dez dias depois, ainda havia aldeias à espera que a luz voltasse a brilhar nas lâmpadas. Porquê?

Esta semana, em Portugal, um choque entre dois comboios na Linha do Norte, a mais frequentada e a mais vigiada do País, contabilizou duas dezenas de feridos. O milagre das vidas incrivelmente poupadas, por entre os escombros das composições saídas dos carris, esconde a inquietação de um travão de emergência que não funcionou. Porquê?

Esta semana, em Portugal, uma associação de juízes e o Conselho Superior de Magistratura, a nata das natas na Justiça, vieram, sem pudor, em defesa pública da sentença de um colega que mandou retirar filhos a uma mãe. Sob a decisão pende ainda um recurso, em apreciação no Tribunal Constitucional. Houve, portanto, mais um ato de pressão sobre os senhores que trabalham no Palácio Raton. Porquê?

Esta semana, uma viatura da PSP que transportava, rápida, três detidos algemados atropelou um homem, por acaso pai do cantor Paulo Gonzo. O carro policial ia acelerado, sirene aos berros. Porquê?

Esta semana, em Portugal, um autocarro despistou-se na Sertã. Morreram 11 pessoas. Só havia alguns cintos de segurança. Porquê? As obras eternizadas no IC8 e os estragos do piso estão apontados como suspeitos para causas do acidente. Repito: porquê? 

Esta semana, um nevão pouco mais do que envergonhado deixou 30 mil crianças sem aulas no Norte de Portugal? Porquê?

E uma cidadã portuguesa, colocada entre a vida e a morte num hospital do Dubai, quis regressar a casa. O passaporte foi-lhe confiscado como meio de garantia de devolução de nove mil euros que o Estado adiantou em despesas de saúde e transporte. Porquê?

Olho para as notícias deste Portugal do século XXI e vejo um país de um século passado. Vejo um país onde a desgraça, a má sorte, a fatalidade, o destino, a pesporrência e o corporativismo modelam o empobrecimento geral.

É a pobreza que tira meios para defesa contra catástrofes naturais; é a pobreza que sacrifica manutenções básicas de máquinas essenciais; é a pobreza que leva a grandeza de espírito e o sentido de Estado a quem representa esse mesmo Estado; é a pobreza que cria ataques de frenesim autoritário; é a patética pobreza que poupa em cintos de segurança ou cancela obras a meio; é a pobreza que cria a mesquinhez e a avareza.

O País está a empobrecer, sim. Mas, mais do que isso, o País está a embrutecer. Porquê? Porquê!?

(Pedro Tadeu

DN 29/Jan/2013)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

I'll follow the sun

Finalmente dois dias de Sol! Até dá vontade de cantar.
Leiria esteve cheia de céu azul e de temperaturas primaveris.








Até apetece cantar:

But tomorrow may rain, so
I'll follow the sun





terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Que furdúncio!




O Eça é que nos conhecia bem! «Provincianos», «sem originalidade, sem força, sem carácter», «indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento e não pela razão», «a coscuvilhice, os politiquetes, as gazetas, todos os horrores»… E não se diga que isso era no fim de 800, porque hoje, século XXI adiante, continuamos a exultar com o que é pequenino e irrelevante sem darmos o mínimo valor, a mais pequena atenção ao que se nos mete pelos olhos dentro.

Senão vejamos: o furdúncio que se tem armado na imprensa e nas redes por causa do Arménio Carlos, durante uma manifestação, ter comparado a bendita troika aos três reis magos tendo-se referido ao etíope Abebe Selassié como «o mais escurinho»! Aqui d’El-Rei, que o homem é um racista, que se deve demitir do cargo e outras coisas que me escuso repetir aqui. Por amor da santa! Estamos sempre a dar interpretações dúbias e convenientes às palavras e, em especial, às palavras ditas da forma mais superficial. Depois, passados uns dias e gastos não sei quantos quilómetros de papel, não sei quantos quilolitros de tinta e não sei quantos quilowatts da paciência de cada um de nós, fica tudo esquecido até porque, entretanto, aparecerá uma outra afirmação inadvertida que sobe à ribalta dos pequenitos.

Foi o que aconteceu com o furdúncio (talvez ainda maior que este do «mais escurinho») armado há duas ou três semanas à volta daquela rapariga que, num qualquer anúncio de televisão, afirmou que o seu desejo para este ano era ter uma malinha Channel. Até parecia que a rapariga tinha feito uma ofensa só comparável à de Madame Jonet – essa sim, verdadeiramenteinjuriosa! Até eu, que já não sou nenhuma jovem, gostava de ter uma malinha da Channel daquelas pretas que dão com tudo – qual é o mal?! Não podemos estar sempre a desejar que «acabem as guerras e as doenças e a fome no Mundo», não é verdade? Nunca vi ninguém levar a mal àquela fadista Marisa (que até está casada com um senhor de negócios bem duvidosos) que anda sempre às compras nas lojas da Avenida da Liberdade… Mas enfim, este é outro assunto.

O furdúncio exagerado e ridículo que se gerou à volta da menina da malinha da Channel logo ficou esquecido para dar lugar ao do Arménio Carlos, depois de termos ultrapassado o aberrante sururu que se formou à volta do cão que matou o bebé de Beja que até deu azo a fóruns na televisão com direito a manifestações a favor e contra! 

Por amor da santa! Preocupemo-nos e discutamos temas verdadeiramente relevantes e preocupantes como são o descalabro da regência deste governo, ou o crescimento desvairado do desemprego, ou a violência doméstica, ou o abandono dos velhos, ou, ou, ou… E deixemo-nos de furdúncios frívolos.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Festa à anos 60



Sabem o que é isto? É uma jarra que o meu primo-irmão ironicamente me ofereceu quando fiz dezasseis anos e que eu guardo com muito carinho até hoje. É uma pecinha em loiça de Alcobaça com a assinatura RB (Raul da Bernarda) à qual, ele e eu chamámos, na maior brincadeira, «O Vocalista». 

O facto é que eu tive uma daquelas loucas paixões de adolescente pelo “rapazinho” que cantava e tocava naquele conjunto que muitas vezes refiro aqui como “os meus Diamantes”. “Meus” porque andavam comigo no Colégio, porque os conhecia desde sempre, porque lhes ouvia os ensaios e os acompanhei enquanto foram apenas um conjunto à nossa pequena medida da Sintra de 63, 64…

E eram assim...



Depois eles fizeram o seu trajeto “extra-Sintra” e cada um de nós foi à sua vida.

Muitos, muitos anos mais tarde voltei a encontrá-los em 2003 quando atuaram no Centro Olga Cadaval e, quando festejaram os seus quarenta anos, estivemos lá e foi assim:



De então para cá, temo-los acompanhado em grande parte das suas atuações e festas  que são sempre bem animadas.




No passado sábado festejaram os 49 anos de «conjunto dos anos 60» e, como já se tornou habitual, fomos celebrar com eles, cantar, rir, dançar como loucos, em suma, divertir-nos (quase) como nos anos 60…





E o vocalista  ainda dá um jeito à maneira do da jarrinha, não dá?!...