quinta-feira, 30 de setembro de 2010

The Autumn Leaves


 Uma bela canção romântica sobre Outono interpretada pelo também romântico Nat King Cole - The Autumn Leaves - As folhas de Outono.
Originalmente esta era uma canção francesa de 1945 - "Les feuilles mortes".

É uma canção de saudade, em tons de castanho e vermelho que lembra um amor de Verão que terminou. Não resisto a deixar aqui a letra que é tão bonita!


The falling leaves drift by the window
The autumn leaves of red and gold
I see your lips, the summer kisses
The sun-burned hands I used to hold

Since you went away the days grow long
And soon I'll hear old winter's song
But I miss you most of all my darling
When autumn leaves start to fall





quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Campanha eleitoral para as presidenciais





Estamos a quatro ou cinco meses das eleições para a Presidência da República e já há cinco candidatos: Defensor Moura, Fernando Nobre, Francisco Lopes, José Pinto Coelho e Manuel Alegre.

Dois ou três destes candidatos vão fazendo umas breves aparições no telejornais a (des)propósito de uma qualquer assunto que pouco interessa aos portugueses e vão passando quase despercebidos. Claro que não se fala ainda em campanhas eleitorais, nem tão-pouco em pré- campanhas para estes (pouco) conhecidos portugueses que se propõem desempenhar o mais alto cargo da nação.

Mas, quem parece que está em franca campanha eleitoral é o ainda Presidente da República! Não que ele já tenha apresentado a sua própria candidatura! Longe disso! “Ainda é cedo!”, “ainda é cedo!” ou “O país agora precisa de outras atenções que não a candidatura do actual presidente.” são as desculpas que o Dr. Cavaco apresenta, com aquele ar pseudo-tímido que tantas vezes usa, falando dele sempre em terceira pessoa e, uma vez mais, confortavelmente envolvido em mais um dos seus proverbiais “tabús”...

Porém, não se exime de se mostrar pelo país a passear por entre as gentes distribuindo sorrisinhos e comentando a “actual situação do país” com as palavras que as pessoas desejam ouvir. Também aparece constantemente nos telejornais a propósito de tudo e de nada e, espantem-se!, até gravou um vídeo para a internet do momento em que promulgou o diploma n.º 2000, que já passou em todas as televisões e que é notícia em todos os jornais!

«Acabo de promulgar um decreto-lei sobre as medidas necessárias para garantir o bom estado ambiental do meio marinho. Com este acto, perfaz 2000 o número de diplomas que promulguei desde o início do meu mandato» - que coisa assaz importante!

Mas o povo gosta!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Momentos


Recebi de um amigo um pequeno filme maravilhoso de Nuno Gama que não posso deixar de passar aqui. Emocionante de tão bonito! Pena é que a realidade não seja tão bela assim!



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Dia Mundial do Turismo


Eu não sabia que hoje se comemorava o Dia Mundial do Turismo. Fui às instalações do Turismo de Leiria/Fátima para assistir ao lançamento do boletim do 5º Roteiro Republicano que o Dr. Acácio de Sousa vai realizar no espaço da Cidade Velha e então percebi que esta apresentação e a própria edição do roteiro faziam parte das comemorações da efeméride.

Trata-se de um roteiro urbano com 20 etapas com toponímia republicana, partindo  da Rua Gomes Freire e terminando no Largo da República, o largo da Câmara Municipal que, curiosamente, foi estreada pelos Republicanos a 7 de Outubro de 1910, apesar de ter sido mandada construir ao quase leiriense Arq. Korrodi ainda no tempo da Monarquia..

A apresentação do circuito esteve a cargo do Dr. Acácio de Sousa, embora tivesse havido intervenções do Presidente da Região de Turismo e do Vice-presidente da Câmara Municipal. Mas as presenças mais interessantes foram as de três cidadãos que, de igual modo, intervieram neste evento e que foram a jovem República, o bem conhecido Zé Povinho e um eminente republicano cujo nome desconheço. O Zé Povinho queixou-se amargamente de ser sempre explorado em todas as situações e por todos os governos e não se eximiu de fazer publicamente o elucidativo Toma que lhe é habitual!

(Presidente da R. Turismo a usar da palavra;
o vice-presidente da CML à esquerda e
o Dr. Acácio de Sousa à direita)

(Os três cidadãos republicanos presentes)

Este roteiro cultural estará disponível no sítio do Turismo de Leiria/Fátima cujo endereço é:

Agenda de eventos


Felizmente há  muita coisa a acontecer cá por Leiria e do que vou tendo conhecimento, vou deixando notícia aqui.



A ADLEI convida os associados a participar na apresentação do livro "Agarrem o futuro", de João Ermida, a cargo do jovem Jaime Pereira, nosso associado.
A iniciativa terá lugar no dia 30 de Setembro,quinta-feira, pelas 18h30m, na Livraria Arquivo,em Leiria.
Será um encontro para discutir ideias sobre a mudança e o papel da nova geração na alteração da situação económica actual.

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 Comemoração do 1º Centenário da República no Museu Escolar dos Marrazes


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Oficina de Formação
Destinatários: Docentes de todos os níveis de ensino
Duração: 30 horas (15 h Presenciais + 15 h de Trabalho Autónomo)
Unidades de Crédito: 1,2 UC
Avaliação dos Formandos: Escala de 1 a 10 tendo como referência a
participação presencial (50%) e o trabalho autónomo desenvolvido em
contexto (50%);
Código de acreditação: Processso em curso junto do Conselho
Científico-Pedagógico da Formação Contínua
A inscrições serão disponibilizadas numa aplicação que poderá ser
acedida a partir de 6/10/2010 nos sites do CFRCA ( rca.ccems.pt )
ou da ADLEI (http://www.adlei.net/ ).
A selecção dos formandos terá como critério base a ordem de inscrição.
Aos formandos seleccionados será pedido que confirmem a inscrição.
Os formandos seleccionados comparticipam nas despesas da acção com
20 € (vinte euros) a pagar no momento da selecção/confirmação.

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Apresentação do livro "Lideres e Lideranças em Escolas Portuguesas" do Professor José Manuel Silva, no dia 8 de Outubro, às 18.30, no Auditório 2 da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria.




domingo, 26 de setembro de 2010

Na Corte d'El Rei D. Dinis




Ontem à noite, pegámos na neta (o neto ainda não tem "perninhas" para aguentar trepar até ao Castelo) e lá fomos espreitar a Corte do Rei Poeta que viveu em Leiria e onde, segundo consta, arranjou imensas namoradas que fizeram imensas dores de cabeça à Senhora Dona Isabel de Aragão.

O senhor Dom Dinis lá estava a cantar as suas trovas provençais às donzelas na sala principal do Castelo. Mas a animação estava toda mais  na feira. E foi por aí que andámos, ou melhor, tentámos andar, já que, infelizmente, o pavimento não está minimamente cuidado para se poder passear despreocupadamente por aquele espaço que é tão belo e que, afinal, é de todos nós. A iluminação também não era a melhor. Parece-me que, para recriar o ambiente medieval, faltaram uns tantos archotes a ladear as áleas por onde centenas de pessoas deambulavam.

Não vou alongar-me com comentários e passo a copiar para aqui os registos fotográficos que consegui fazer.

Havia muitas tendas: de comes e bebes, de artigos para venda, de animação, de divulgação social e cultural. E havia um carrocel todo em madeira e peles movido manualmente que fazia as delícias da pequenada.


(O carrocel)

(Tocadores)


(Música,  dança e muita animação)


(Tenda de comes...)



(... e de bebes)


(Aqui a melhor poção era mesmo a Ginginha de Óbidos...)


(Assavam-se porcos)


(Vendiam-se escudos...)


(... e espadas)


(Estava assegurada a presença dos Muçulmanos...)


(... dos Judeus...)


(...E, naturalmente, dos Cristãos)


(Havia quem se tivesse vestido a rigor)


(E nem as individualidades faltaram!)

Não me lembro de ver o Castelo com tantos visitantes! E um pensamento nos vem à cabeça: como o Sr. Basílio, o último alcaide do Castelo, teria gostado de viver para assistir a esta "enchente"!

Parabéns a quem teve esta interessante iniciativa. E que não se fique por aqui!


O Fado


Nunca fez as minhas preferências, o fado. Nem sequer com a idade fui aprendendo a gostar mais desta nossa canção tão apreciada em todo o mundo. Mas ontem à noite, calhou assistir por mero acaso a um programa na RTP1, apresentado pelo Carlos do Carmo, no âmbito da Candidatura do Fado à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, que me deixou surpreendentemente agradada.

Tratou-se de uma apresentação séria e despretensiosa de um ponto de vista cultural e histórico, referindo as raízes do fado e os seus primeiros passos no século XX muito bem entremeada pelos aspectos sociais e culturais lisboetas. E sem lamechices! Que foi o que mais me agradou.



Gostei francamente das referências feitas ao quadro O Fado de Malhoa, que foi terminado exactamente há cem anos, em 1910 e que não foi aceite pela sociedade portuguesa da época – o nosso traço cultural de sempre: o que é nosso não é bom; o que não está dentro dos trâmites morais (puritanos e inquisitoriais) não é aceite! Porém, Malhoa não se deixou intimidar pela pequenez de vistas dos seus conterrâneos e percorreu a Europa e a América, onde foi muito bem acolhido. Como (ainda) é costume entre nós, só depois de ser bem sucedido no estrangeiro, o quadro foi reconhecido em Portugal. E até gostei de ver a interpretação do Fado Malhoa, escrito para a fadista Amália Rodrigues em 1947, ainda ela tinha uma voz absolutamente límpida e fresca.



Depois o musicólogo Rui Vieira Nery foi apresentado, com toda a sua sabedoria, a história do fado, o que me agradou imenso porque simplesmente adoro o século XX e a sua história. Foram feitas referências e fomos ouvindo fadistas daqueles tempo que realmente “consolidaram” o fado – Alfredo Marceneiro (de que nunca consegui gostar) que falou de como se cantava e “estilava” o fado; a Sr.ª D. Maria Teresa de Noronha, com a sua voz cristalina e o seu estilo finíssimo (lembro-me de a ver actuar na televisão, em estúdio, como sempre fazia e atrevo-me a dizer que nunca mais apareceu uma voz como a dela!): D. Vicente da Câmara, finíssimo também e com aquela voz melodiosa que lhe fica tão bem!




Um fado que passaram e de que gosto bastante pela música e pela letra – Ó Rua do Capelão (o novo fado da Severa). Deixo-o aqui mas, lamentavelmente, não na voz de Amália.


Fui informar-me e fiquei a saber que o programa, que se chama “Trovas antigas, Saudades loucas” vai ter seis episódios, é transmitido do Museu do Fado e é da responsabilidade de Carlos do Carmo, Rui Vieira Nery, José Parcana e Sara Pereira e vai abordar “os universos temáticos da história do Fado”.

Parece-me que vale vermos os restantes episódios.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Início de Outono



Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.

(Eugénio de Andrade)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Outono

 Hoje é o primeiro dia do Outono. Com a idade passei a gostar muito do Outono. Porém, quando era apenas uma jovem adolescente, lá em Sintra, detestava-o a bem detestar, especialmente o mês de Setembro. No fim de Agosto acabavam-se as idas à praia e, em Setembro começava a tortura das tarefas em casa: levantar cedo, limpar o pó (que horror!) estudar as matérias do ano anterior para ir tudo fresquinho na cabeça quando no dia 1 de Outubro começassem as aulas, hora das leituras – tive de ler tudo quanto foi Condessa de Ségur, Júlio Dinis, os clássicos ingleses, os policiais da Agatha Christie e Ellery Queen, mais ou menos por esta ordem. E, finalmente, hora dos bordados. Imaginem!

Além disso, o tempo era muito diferente naquele tempo: em Setembro já não saíamos sem um casaquinho de malha por cima da blusa de manga comprida. E chovia. Chovia quase permanentemente. Para além do clássico nevoeiro da Serra de Sintra.

(Castelo dos Mouros, Sintra)

Porém, o pior de tudo, é que só quase saía de casa acompanhada, ou para ir requisitar livros à Biblioteca que, à época, era no Palácio de Valenças, à entrada do Parque por onde, sem a minha mãe saber, dava uma voltinha rápida, ou para ir visitar uma amiga ou outra perto da minha casa. Não admira que estivesse sempre ansiosa para que começassem as aulas. Eram a minha doce liberdade. E tinha muitas saudades dos meus colegas da escola.


(Palácio de Valenças, Sintra)

(Parque da Liberdade)

Isto dito assim, parece que vivi no século XIX, mas não. Foi mesmo nos anos 60, imagine-se! É que os nossos anos 60 não foram como os anos 60 do mundo livre! Nesse tempo, cá em Portugal, as mulheres estavam em casa a prepararem-se para ser boas donas de casa. Elas até só tinham de andar na escola até à 3ª classe!

Todos os anos me vêm à mente estas recordações de porcelana. E (re)lembro sempre com alguma nostalgia a velha canção romântica francesa do início dos anos 60 que falava do fim do Verão e do fim dos efémeros namoros de praia tão habituais naquele tempo – Derniers Baisers pelo conjunto Les Chats Sauvages.

Era essa canção que, nos meus parcos passeios de Setembro pela Vila Velha, mais frequentemente ouvia, no Setembro de 63, a ser ensaiada na Sociedade pelos meus “queridos” Diamantes no início dos inícios da sua carreira musical.


Na Corte d'El Rei D. Dinis



Vamos ao Castelo no Sábado ou no Domingo, que vem El Rei D. Dinis, o rei lavrador, o rei trovador que versejava assim:


Ai, flores, ai, flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?

Ai, flores, ai, flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?
Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi à jurado?
Ai, Deus, e u é?

Vós me preguntades polo vosso amigo?
E eu ben vos digo que é sano e vivo.
Ai, Deus, e u é?

E eu ben vos digo que é sano e vivo
e seerá vosco ante o prazo saido.
Ai, Deus, e u é?

(D. Dinis)


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Recado aos Professores do 1º Ciclo



Os professores do 1º Ciclo do Ensino Básico, como todos os professores dos restantes níveis de ensino e todos os funcionários públicos têm um horário semanal de 35 horas. Dessas 35 horas, 25 são gastas nas actividades lectivas, ou seja, em aulas. De acordo com as determinações legislativas estes professores têm de ter oito horas para trabalho individual e reuniões. Sobram assim duas e apenas duas horas para trabalho de estabelecimento.

Ora nessas duas horas, aqueles professores têm de reger uma das Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC), o Apoio ao Estudo, que tem a duração de 45+45 minutos; isto no caso dos agrupamentos não conseguirem que esse apoio seja assegurado por outros docentes do agrupamento na sua componente não lectiva de estabelecimento (art. 6º, ponto 3. do despacho n.º 11120-B/2010).

Se de facto usarem 90 minutos da sua componente não lectiva na regência do Apoio ao Estudo, sobram-lhes 30 minutos por semana para cumprirem as seguintes actividades (ponto 2 do art. 6º)

· Recepção aos Encarregados de Educação;
· Supervisão pedagógica;
· Avaliação dos docentes;
· Acompanhamento de AEC;
· Frequência de acções de formação contínua que incidam sobre conteúdos de natureza pedagógica (...) bem como as relacionadas com as necessidades de funcionamento da escola definidas no respectivo projecto educativo ou plano de actividades (alínea n) do ponto 1 do art. 6º).

Como me parece altamente inverosímil que seja possível desempenhar todas estas actividades em meia hora por semana e, como já aconteceu com colegas daquele ciclo a leccionar na (minha) escola, não se esqueçam de pedir o pagamento das respectivas horas extraordinárias!



terça-feira, 21 de setembro de 2010

... E Agora?



Manuel Maria Carrilho publicou ontem o livro “E Agora? Por uma Nova República” de cujo prefácio li alguns excertos que nos devem merecer toda a atenção. O Professor de Filosofia Contemporânea e ex-ministro da Cultura e agora também ex-embaixador de Portugal na UNESCO chama a atenção para algumas ideias chave que, no seu entender, pretendem contribuir para a resolução dos problemas estruturais do país.


Uma delas – e a que mais me chamou a atenção – é a qualificação, sobre a qual este estudioso diz o seguinte: “No domínio da qualificação não há, nunca houve, soluções instantâneas. Só uma exigentíssima qualificação nos tornará mais criativos, mais produtivos, mais competitivos. E, assim, mais capazes de nos afirmarmos com êxito na concorrência global que se anuncia cada vez mais difícil no século XXI. Uma qualificação que não se pode continuar a pensar em termos do século passado, reduzida à educação formal, apesar de continuar a ter nela uma das suas dimensões fundamentais. A qualificação que o país mais precisa adoptar como desígnio tem que ser uma qualificação estratégica, integral, e continuada, do país e dos portugueses.

Essa qualificação tem três eixos: o do território, o das instituições e o das pessoas. Uma qualificação do território que aposte no desenvolvimento equilibrado e coordenado das suas regiões, cidades e campo. Uma qualificação das instituições que se oriente por um novo conceito de serviço público aos cidadãos, e promova uma profunda reforma de sectores tão vitais como a administração pública ou a justiça. E uma qualificação das pessoas, que articule numa só visão as políticas de educação – a todos os níveis – e de cultura, de ciência e de formação, sem esquecer a política de comunicação, tão decisiva no mundo de hoje.”

E, depois de apontar mais uma série de ideias para “responder às três chagas do país: a descredibilização dos partidos políticos, a desvitalização da nossa democracia e a desqualificação do país”, termina afirmando: “Numa época que resiste aos voluntarismos e já não se ilude com vanguardismos de espécie alguma, chegou a hora do desassombro: estamos num momento em que se vai decidir o nosso destino por muitas décadas. E ou a humildade, o trabalho, a competência, o diálogo e a criatividade se impõem, ou nada nos poupará ao declínio, como povo e como nação. A escolha é nossa.”

No mesmo dia da publicação destes desafios à classe política e ao povo em geral, o autor do livro foi dispensado das funções de nosso embaixador junto da UNESCO...

E agora?...

(Nota: os sublinhados são da minha responsabilidade)

Leãozinho

Para desanuviar da minha Fábula Moderna de ontem, uma cançãozinha linda, linda, linda de morrer...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Fábula moderna




Era uma vez um leão já entrado na idade, um tanto pachorrento e pouco sabedor das andanças de gerir e decidir mas com muito boa opinião de si próprio que foi escolhido finalmente para rei da selva.

Não cabendo em si de orgulhoso e de contente, de imediato decidiu que afastaria de si e de qualquer pontinha de poder todos os descendentes do leão que morrera, deixando o trono livre.

Por outro lado, pensou que lhe seria favorável rodear-se dos animais do reino que sempre se lhe mostraram mais disponíveis e mais eficientes. E foi assim que se fez acompanhar no poder por umas tantas cobras e uns tantos tubarões que lhe juraram fidelidade eterna, prometendo-lhe que fariam todo o trabalho, podendo o velho leão passear-se pela selva bem disposto e livre, espalhando sorrisos pelos súbditos mais próximos.

O tempo foi passando e o leão continuava feliz. Tudo lhe aparecia feito pela corte, não tendo ele de fazer mais do que representar o seu reino nos encontros imperiais.

Mas – e há sempre um “mas” nas vidas das pessoas – a certa altura, o leão começou a notar alguma tristeza e desencanto entre os súbditos e resolveu chamar um velho elefante que nunca lhe fizera a corte nem lhe fora muito próximo para ele lhe dar a sua opinião mais desinteressada sobre o olhar baço e, por vezes, de rebelião que ele perscrutava no semblante dos próximos. E aí ficou a saber que os tubarões tinham começado a não se entender com as cobras; que estas trabalhavam com afã mas assentavam todo o seu trabalho em critérios de maldade e de vingança e que só os sequazes e apoiantes mais próximos do leão eram favorecidos e tratados com bonomia.

O leão ficou desagradavelmente surpreendido mas nada pôde fazer porque baseara toda a sua acção naquela corte que ele quase ingenuamente escolhera no princípio do seu reinado.

Diz quem se lembra que o leão foi ficando cada vez mais só, mais abandonado por todos e que até alguns elementos da corte inicial se foram afastando aos poucos.

Um chefe tem mesmo de conhecer muito bem quem tem à sua volta e tem de saber escolher muito bem os seus colaboradores mais próximos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Bastards!

A propósito de mais um dislate da DREC que me envolve!
E mais não posso adiantar, por enquanto.


sábado, 18 de setembro de 2010

O Bicentenário do Aniversário de Alexandre Herculano


Vai-se falando os jornais e já quase toda a gente sabe que se Alexandre Herculano nasceu há 200 anos, ou seja, em 1810. Mas também se comenta nos jornais que a efeméride não tem sido suficientemente comemorada, ou melhor, que não se está a dar a estas comemorações a importância devida e proporcional à grandeza da figura ilustre que foi Herculano.

Baptista-Bastos escrevia em Julho que “o Governo desleixou as comemorações do bicentenário do nascimento de Herculano. Está na natureza do Governo. O dr. Cavaco ignorou a data. É a sua relutância às minudicências da cultura. O dr. Cavaco tem mais de se ralar do que se apoquentar com a efeméride. Aliás, creio que nem o Governo nem o dr. Cavaco alguma vez se debruçaram sobre uma linha sequer, uma escassa e minguada linha escrita pelo grande historiador.”

João Céu e Silva, por sua vez, escreveu: “Há 200 anos, Alexandre Herculano nascia em Lisboa no Pátio do Gil. 133 anos após a sua morte, não há memória dessa particularidade da sua biografia no referido pátio e o que se encontra ao visitar-se o local é um tapume que cobre a visão de destruição dessa Lisboa antiga.

A poucos metros do taipal amarelado fica a casa onde vivia a fadista Amália, mas, apesar da proximidade, ninguém ali sabe onde é o tal Pátio do Gil. Na taberna ao lado do pátio desaparecido a resposta revela o mesmo desconhecimento do ex-vizinho ali nascido. Alexandre Herculano já não mora ali, nem "existiu" naquele sítio para esta geração de lisboetas que dele conhecem melhor as avenidas com o seu nome e, talvez, o facto de ter morrido distante, só e longe do poder que o venerava, na ribatejana Quinta de Vale de Lobo. Esse ignorar da dimensão nacional da personalidade do historiador também se verifica com as autoridades da cultura oficial, situação remediada à última hora com o anúncio da realização avulsa de cerimónias para assinalar a data do bicentenário do nascimento de Alexandre Herculano.”

António José Saraiva, de acordo com as palavras do Professor Guilherme de Oliveira Martins, que “Herculano tem sido vítima de uma conspiração de silêncio.”

Ontem, e de acordo com o convite que aqui transcrevi no passado dia 15, realizou-se no Arquivo Distrital de Leiria o Colóquio sobre Alexandre Herculano, louvável iniciativa do CEPAE, que só pecou por ter convidado cinco oradores para falarem sobre a figura policromática que foi A. Herculano. De facto, e apesar da intenção ter sido muito boa, já que se pretendia que cada um dos convidados falasse sobre um aspecto daquele Homem cultural, tornou-se demasiado longo o colóquio, dado que, por um lado, se realizou ao final da tarde de um dia de trabalho e, por outro, porque incluiu convidados de alto nível que não foram ali dizer apenas “umas palavrinhas” sobre o poeta historiador.


De todas as comunicações e, sem desprimor para as restantes, dou aqui especial realce à palestra do Professor Oliveira Martins. E explico porquê: é que, enquanto cada um dos outros palestrantes se debruçaram, e bem, sobre um aspecto do homenageado, quer fosse como historiador e historiógrafo (o Professor Saúl António), como poeta e escritor iniciador da narrativa histórica no nosso país (a Dr.ª Amélia Pais), como jornalista (o Dr. Adélio Amaro), ou como agricultor (o Eng. Carlos Fernandes), Oliveira Martins, tocando embora todos os aspectos do Homem de humanidades que foi Herculano, traçou o perfil do cidadão completo, do homem da cidadania, o homem que defendeu as instituições, o homem moderno e liberal, o homem do direito, o homem do municipalismo incipiente à época, o homem da fraternidade espiritual, da rejeição da superstição e da defesa do sagrado, o homem defensor da língua, da história dos factos (e não das lendas) e da cultura.







Posso aqui afirmar que com este Colóquio, em que a sala não encheu, Leiria disse um justo “Presente!” na chamada tímida das comemorações do bicentenário do nascimento de Alexandre Herculano.


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Os relógios dos poderosos


(Salvador  Dali)

O jornal de hoje refere as marcas (e os preços!) dos relógios de pulso dos poderosos, como eles dizem. Começam pelo do Presidente Obama que é um Citizen Jorg Gray 6500 Chronograph que custou uns modestos 190 euros. Seguidamente apresentam o do Presidente Sarkozy, que é um Rolex Cosmograph Daytona, de 22 930 euros. O Presidente Putin tem um Patek Philippe Geneve que lhe custou 45 860 euros. E, finalmente, o mais caro! De quem é? De quem é? Trata-se de um Vacheron Constantin que custou 412 800 euros e pertence - a quem? Alguém diz? Isso mesmo! Ao Presidente Silvio Berlusconi! ... ...

Não, não referem a marca do relógio do Presidente Cavaco... nem do nosso Primeiro! Mas desconfio que devem estar um bocado acima da média do do Presidente Obama! O que vos parece?

Eu, por mim, encontrei na net este especime que gostava bem de ter!





quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pôr-do-Sol de Setembro

Com estas núvens a quererem tapar o Sol que se punha, não tive outra saída senão vir-me embora...






quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Colóquio sobre Alexandre Herculano




Tenho o prazer de transcrever aqui o convite do Presidente do CEPAE para assistirmos a um  Colóquio sobre o historiador, romancista  e poeta Alexandre Herculano.

No ano em que se comemoram 200 anos do nascimento de Alexandre Herculano, o Centro do Património da Estremadura (CEPAE), tem o prazer de convidar V.ª Ex.ª para um Colóquio a realizar no próximo dia 17 de Setembro, pelas 18h00, no Arquivo Distrital de Leiria.

O Colóquio será aberto e presidido pelo Dr. Guilherme de Oliveira Martins, actual Presidente do Tribunal de Contas e do Centro Nacional da Cultura, descendente do historiador Oliveira Martins que foi contemporâneo de Alexandre Herculano.

Para abordar as múltiplas facetas de Alexandre Herculano (historiador, paleógrafo, bibliotecário, poeta, romancista, contista, jornalista, político, agricultor), intervirão vários leirienses, designadamente Acácio de Sousa, Saul António Gomes, Amélia Pinto Pais, Carlos Fernandes e Adélio Amaro.

O Presidente do CEPAE

Joaquim Ruivo

Nomes


Ele há cada nome! Já não bastava o belo nome de um local aqui perto de minha casa que é o Rego d'Água, e a já famosa aldeia da Picha no concelho do Pedrógão Grande aqui no Pinhal Litoral.

Então não é que hoje, no caminho de regresso a casa, fui descobrir um restaurante com este nome?


Sabem onde é? Quem quer avançar a resposta?


terça-feira, 14 de setembro de 2010

A propósito da Educação Sexual nas Escolas



A notícia, no outro dia, ocupava uma página do jornal e o título era “Pais proíbem estudantes de terem educação sexual”. Atraía pelo tamanho e pelo disparate. Mas li com atenção. Até fiquei a saber que já se constituiu uma Plataforma Resistência Nacional de Pais (acho que já vai em 800 pais associados) que “não autorizam qualquer aula, acção ou aconselhamento relativo a educação sexual”. E até andaram no final do passado ano lectivo na rua a distribuir uma carta com esse teor para os pais assinarem e entregarem no acto da matrícula dos seus filhos!

A educação sexual dos nossos filhos é da nossa competência e é algo que fazemos, como pais, desde o seu nascimento, de um modo natural, integrado, progressivo, completo e respeitando as exigências das suas necessidades concretas, do seu crescimento e da sua dignidade pessoal”. Farão mesmo? Então porque é que somos dos países em que há maior número de gravidezes em adolescentes? E mais acrescenta um elemento da dita Plataforma que “em todo o país, no maior número possível de escolas, queremos que os pais não autorizem os filhos a frequentar as aulas de educação sexual.” Espero que não haja muitos pais a seguir-lhes o conselho!

Que temem estes pais para defenderem esta posição? Pensarão eles que, com a nova lei da educação sexual nas escolas (nova, a actual lei publicada em 2009 – Lei n.º 60/2009 – porque já desde 1999 – Lei n.º 120/99 – havia uma lei que iniciava essa temática nas escolas), os professores vão obrigar os seus alunos a iniciar a sua vida sexual mais cedo? Educação sexual dos alunos é o que já se faz há mais de duas décadas nas aulas de Ciências dos 6º e 8º anos porque faz parte dos respectivos programas. E aos anos que são convidados médicos e especialistas a virem às escolas para falarem com a máxima abertura e com o máximo cuidado sobre a sexualidade. Não me lembro de alguma vez termos recebido cartas de pais a proibirem os seus filhos de assistirem a essas palestras!

Também não tenho conhecimento de pais que tenham reclamado junto das escolas pelo facto de estas estarem a dar educação para a cidadania, educação para os valores, educação para a saúde, prevenção rodoviária, educação ambiental, educação para a Europa, etc. etc. assuntos cuja transmissão também é, ou deveria ser, da responsabilidade das famílias.

Somos, de facto, um país que saiu há apenas 30 e poucos anos de uma ditadura tristemente conservadora e obscurantista em que a instrução “obrigatória” (para os que queriam ir à escola) era a 3ª classe para as mulheres e a 4ª classe para os homens! Continuamos cheios de preconceitos ocos, bacocos e bafientos especialmente no que toca a tudo quanto refere a sexualidade. Estes pais – que me desculpem! – só mostram grande atraso cultural e grande desconhecimento da vida actual. Somos, mesmo, um país de tabus!

Fosse eu professora dos filhos desses pais da Plataforma e garanto-vos que nem lhes passaria pela ideia quando os seus filhos iriam ter acesso aos “terríveis e pérfidos” conhecimentos sobre a sua sexualidade. Tal como não lhes passa pela ideia quando estão a ter educação para a solidariedade ou contra o consumismo! É que é tão simples numa aula de Português ou de Inglês ou de História, ou seja do que for, a propósito de qualquer texto bem escolhido, de qualquer estratégia bem estudada, de qualquer palavra muito pouco inocente e bem premeditada introduzir conhecimentos, uma discussão, um debate, seja o que for em que se perfaça e realize a dita educação sexual!