Ericeira, 6 de
Agosto de 1966 – Foi amor à primeira vista – toda a gente viu! Tão jovens e tão
elegantes que éramos! O meu fato de banho rendado branco toldou-te as vistas,
eu fiquei encantada com os teus olhos de veludo. «Ver-te e amar-te foi obra de
segundos» - disse não sei quem…
Tinhas 19 anos
e eu fizera 18 – ia entrar para a Faculdade. Depois de alguns outros (grandes) amores
vividos, Eros fez com que seguíssemos juntos. E assim foi até há poucos meses.
Durante anos,
tive de te lembrar do dia de hoje – distraído como eras destas coisas das
datas, dos ciclos, das ligações cósmicas… «Ah,
pois é faz hoje anos que nos conhecemos!» - dizias e logo vinha aquele
abraço risonho, quase trocista, mas sempre sentido.
Hoje,
lembro-me eu sozinha. Mas continuo a sentir o teu abraço, o sorriso belo que,
como pudeste, mantiveste até ao teu último dia, os passeios que fizemos em
celebração do dia, as romagens de saudade àquela terra azul onde nos juntámos
para a vida.
Éramos tão
jovens! E parece que foi ontem.