quarta-feira, 21 de abril de 2010

Da tolerância de ponto pela visita do Papa

  
     (Pe. Manuel Antunes) 

 Parece-me exagerada se não mesmo ridícula esta tolerância de ponto que o governo concede aos funcionários públicos pela próxima visita do Papa ao nosso país.

Porquê tolerância se a constituição diz que somos um país laico (apesar da tradição fortemente católica)? Porquê para os funcionários públicos? E os outros que não são funcionários públicos porque não hão-de usufruir do mesmo direito?

Nem no tempo da ditadura foi concedida qualquer tolerância de ponto a funcionários públicos nem não públicos! De facto, se havia qualidade da qual o Presidente do Conselho, vulgo, Salazar, não dava mostras era de tolerância.

Ao sair esta notícia e com toda a polémica que tem gerado, de imediato me lembrei da visita do Papa Paulo VI a Portugal, nos idos de 1967. Andava eu no 1º ano do meu curso na Faculdade de Letras de Lisboa e era aluna de História da Cultura Clássica do Professor Dr. (Padre) Manuel Antunes que, lembro-me bem assinava Manuel Antunes s. j. (sacerdote jesuíta). Ora tínhamos (nós de Germânicas , mais os de Românicas, os de Clássicas e os de História e Filosofia) no nosso horário, aula teórica daquela cadeira ao sábado de manhã. E o dia 13 de Maio desse ano, dia da visita do Papa ao Santuário de Fátima, calhou ao sábado. Claro que começámos logo a ver-nos com um feriadinho ao sábado que calhava mesmo bem! E, na aula teórica anterior, um dos meus colegas mais ousados (à época não se falava com os professores como se faz agora), pediu licença para falar e perguntou: “O Senhor Doutor dá aula no próximo sábado?” Resposta imediata do professor: “Claro! Porque não haveria de dar?” E acabou-se o diálogo. Qual tolerância de ponto, qual quê?

1 comentário:

  1. Subscrevo!
    É uma tonteria...
    Quem quer assistir às cerimónias tira um dia de férias e pronto!
    É assim que vão fazer os outros trabalhadores que não trabalham na Função Pública.
    E depois queixam-se da falta de produtividade!
    Haja paciência!
    Aliás não é o 1º papa que vem a Portugal e nunca se viu semelhante coisa!

    Abraço

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