Na página de resumo remissivo, lia-se qualquer coisa como “Clara Ferreira Alves – Pobre país – deixámos de ter símbolos e não temos modelos. O português mais influente é jogador de futebol”. Reagi automaticamente: como não temos símbolos? Então e a bandeira? E o hino? E a nossa belíssima língua? Além de que não gosto de ouvir dizer mal de nós. E menos ainda por nós próprios. É um péssimo defeito nosso, este dizermos mal de tudo o que é nosso! Só o que não é nacional é que é bom?
Apressei-me a ler o artigo que tem o infeliz título “Somos um pequeno e desgraçado país” e fiquei ainda mais mal disposta. Fiquei sem saber qual o intento da autora do artigo: fazer coro com os muitíssimos que realmente acham que o nosso é mesmo um pequeno e desgraçado país ou se, pelo contrário, teria a intenção de levar os leitores a abandonar essa miopia que ataca grande parte dos portugueses. Inclino-me para a primeira hipótese – a jornalista é mais uma daquelas pessoas que acha que os outros povos, neste caso os americanos, é que são empreendedores e completos, enquanto nós temos como símbolo apenas o jogador de futebol.
Claro que termina o artigo responsabilizando as elites e a classe política por isto. Esquece-se a senhora de duas coisas, entre algumas outras, que considero importantes: primeiro, que ela própria terá responsabilidades na criação e manutenção da atitude depressiva dos portugueses já que assina há anos aquele espaço de opinião e, a escrever artigos como este apenas conseguirá fazer com que as pessoas se sintam ainda mais embotadas; em segundo lugar, parece esquecer-se que foi apenas há pouco mais de trinta anos que saímos de uma ditadura velha de 48 anos que nos sufocou, fechando-nos sobre nós próprios, mantendo-nos na mais ignóbil ignorância e na mais profunda tristeza. Nesse tempo, sim, os nossos símbolos eram tão-somente o Eusébio, a Amália e a Senhora de Fátima!
Tem graça que até fiz uma fotocópia desta crónica para a aproveitar para um post mas apenas ficaria pelas razões que temos para sermos felizes.
ResponderEliminarPara quê tanto mal-dizer?
Leva a algum lado?
Apresenta soluções concretas para curar os males que nos enfermam?
É fácil falar ou por outra, escrever...
Concordo contigo!
Abraço