Já aqui disse por mais de uma vez: não me dou nada bem com estas mudanças pendulares
da hora. Desorientam-me o ritmo, o sono e a disposição. Fico rabugenta. Pronto(s)!!
Mas, como gosto de saber a génese das coisas, fui à procura e fiquei a
saber que…
O nome oficial das mudanças horárias é "Daylight Savings Time".
Foi pensado por Benjamin Franklin para poupar velas... em 1784. Mas a ideia só
andou para a frente graças a um londrino — William Willett –, que, no entanto,
não conseguiu convencer os governantes do país com o panfleto “The Waste of
Daylight”, em 1907. O jovem Winston Churchill apoiou a teoria, mas ela não chegou
ser aprovada.
A Primeira Guerra Mundial estalou pouco depois. A Alemanha e o império
Austro-Húngaro abraçaram a ideia de Willett. O Reino Unido e a França
anunciaram poucos dias depois a mesma decisão. Willett, que só queria mais luz
solar pela manhã para continuar a colecionar insetos, havia morrido no ano
anterior e não viu o horário de verão ser implementado. Em 1917 foi a vez da
Rússia e dos Estados Unidos. Ironicamente, a guerra que desuniu o mundo
juntou-os neste capítulo.
Quando terminou a guerra houve quem abandonasse o tal horário de verão. A
Segunda Guerra Mundial trouxe-o de volta, mas voltaria a cair em várias zonas
do globo.
Portugal acabou por também se incorporar nesta mudança, de imediato em
1916. "Foram sobretudo problemas relacionados com o esforço de guerra que
levaram a Alemanha a avançar. Portugal seguiu isso porque toda a Europa o fez e
assim conseguia agilizar melhor as relações com os países vizinhos"-
refere Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa.
Só na década de 70 é que o Daylight Saving Time foi uniformizado,
principalmente em 1974, quando os Estados Unidos e vários países europeus foram
confrontados por um embargo no petróleo, depois da crise energética de 1973.
Em Portugal houve um período de quatro anos em que foi adotada a hora
central europeia. Foi em 1992 (não houve mudança para a hora de inverno) e
durou até 1996. "Não era uma boa solução. Teve impactos negativos. No
inverno de manhã ainda havia estrelas no céu e no verão havia luz solar até
depois das 22.00. Teve efeitos nas pessoas e no rendimento. Houve um aumento de
acidentes rodoviários, porque as pessoas saíam de manhã ainda a dormir. O
consumo de ansiolíticos disparou e teve um grande impacto nas escolas,
sobretudo no inverno", recorda Rui Agostinho.
Enfim! E é por estas e por outras que temos de “aguentar” estas inefáveis
mudanças da hora e… carinha muito alegre! Ai, ai!