domingo, 11 de abril de 2010

Apresentação


 

Aqui está minha vida — esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.

Aqui está minha voz — esta concha vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.

Aqui está minha dor — este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.

Aqui está minha herança — este mar solitário,
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento.

Cecília Meireles, in 'Retrato Natural'


2 comentários:

  1. Como eu gostaria de viver à beira de água e não à beira de mágoa...
    Também gosto de Cecília Meireles com os seus poemas tão curtos mas tão cheios de significado!

    Abraço

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  2. Se não viesse tão carregado de tristeza, gostaria de dizer: que belo comentário!
    É linda a poesia de Cecília Meireles!

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