segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Postal

Já aqui disse por mais de uma vez que adoro postais. Gosto, mesmo agora que caíram em desuso, de os escrever e mandar pelo correio e gosto ainda mais de os receber.

A minha boa amiga Susie, uma senhora canadiana que viveu aqui em Leiria durante alguns anos e a quem ensinei português, tendo já regressado à sua terra natal, envia-me postais lindíssimos, daqueles que não se encontram por cá.

Hoje recebi um postal do Halloween que não resisto a mostrar aqui. Lindo e cheio de significado. Encheu-me o coração.



Desdobrando:

(Mesmo sendo um longo caminho até tua casa)


(o calor que partilhamos)


(chega para o caminho todo)

Lindo, não é?

Tenham um bom feriado!


domingo, 30 de outubro de 2016

Hallowe'en? Porque não?

... que não é uma tradição nacional... que nós temos o Pão-por-Deus e mais o Dia do Bolinho... para que é isto agora... que a culpa foi dos professores de Inglês... que já substituímos o Menino Jesus pelo Pai Natal  (e até é fino substituir o almoço de domingo pelo "brunch" e ninguém se queixa!) e mais não sei o quê...

Ora se até já fomos levados a aceitar o músico Bob Dylan como o vencedor do Nobel da Literatura, por que diabo não podemos aceitar o Hallowe'en como (mais) uma festa (quase) nossa?!

Vejam se não é bonita esta festa.





E se vos aparecesse uma bruxinha destas bem atrevida que encontrei à solta no facebook, não ficavam convencidos?



Bom Dia das Bruxas!

sábado, 29 de outubro de 2016

O país dos ais

Foi a meio da manhã. Cheguei à florista e estavam duas pessoas à minha frente. Olhei para as imensas vasilhas com flores e respectivos preços e, com o olhar, escolhi um gordo ramo de belas margaridas brancas de corolas bem cheias.

Esperei. A senhora que estava a começar a ser atendida optou por deixar as flores encomendadas porque estava com um bocadinho de pressa. Bem encostada ao balcão, ditou, com todas as delongas, para a empregada o tipo de flores que queria, o preço limite do ramo e depois, demorou um bom pedaço de um bocado para decidir a que horas haveria de ir levantar a encomenda. «A que horas fecham?» E a empregada, sorridente mas a pretender mostrar o ar mais estafado do mundo afirmava que a patroa era capaz de nem fechar. Aí a dona da loja arremelgou os olhos mostrando o seu ar mais cansado e disse que fechar, fechava, mas não sabia quando, pois se já não aguentava com tanta dor nas costas. E mais já estava drogada. A partir daí foi um desfiar de ais e de uis que nunca mais acabavam. A segunda cliente meteu-se na conversa reclamando horas e horas de trabalho que ainda teria de cumprir, ao que a empregada respondeu que estava ali que nem a conseguia ver de tão tonta que se sentia e por aí fora… A senhora que afirmara estar com um bocadinho de pressa lá se decidiu a marcar a recolha das flores para as sete e meia e a segunda cliente – que asseverara ter muito trabalho pela frente – foi placidamente atendida pela dona da loja (que já se drogara) enquanto eu, que já tinha as minhas margaridas de braçado, entreguei apressadamente a nota sem troco à empregada (antes que ela, no transe de uma tontura, se espetasse no chão) e quase nem lhe dava tempo para enrolar as flores numa folha de papel para que não pingassem…

Saí breve. Nunca suportei queixumes no trabalho! A atitude no trabalho tem de ser diligente e ativa. Se está doente, trate-se. Se está contrariado, mude-se. 

É uma das nossas (tristes) maneiras de ser: o lamento é o nosso melhor suporte. Se não nos queixamos, podemos dar a ideia que não “nos matamos” a trabalhar e, por outro lado, não granjeamos a piedade dos outros. Assim um pouco como na tragédia grega…





sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Recado

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas.
Quando se vê, já é sexta-feira.
Quando se vê, já terminou o ano.
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos.
Agora é tarde demais para ser reprovado.

Se me fosse dada, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo, 
pois a única falta que terá,
será deste tempo que infelizmente não voltará mais.



(Mário Quintana)

(Foto de F. Mendes)

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Vendo-a como a comprei…

Não se trata de uma anedota. A história verdadeira foi-nos contada há pouco e passou-se com uma familiar próxima de quem no-la contou. E rimos a bom rir. Eu vou apenas (re)contá-la para todos vós. «Vendo-a como a comprei». Mais ou menos. Com mais ou menos particularidade, com mais ou menos adjectivo, com mais ou menos advérbio. Sabe-se que «quem conta um conto, aumenta (sempre) um ponto»…

Era uma senhora distinta, já avó de netos, temente a Deus, respeitadora constante de todos os Mandamentos da Santa Madre Igreja e presença assídua na missa e em outros acontecimentos da sua paróquia.

Um dia veio de passeio até às Caldas da Rainha, cidade por de mais conhecida pelas suas vistosas loiças – e nem é preciso nomear o Bordalo Pinheiro – e pensou que lhe ficaria bem levar uma lembrança ao senhor prior.

Entrou em diversas lojas da especialidade e bem lhe mostraram as belas peças em forma de folha de couve, outras ornamentadas com belas lagostas e outros animais e apetitosos frutos, mas nada disso – pensava a piedosa senhora – agradaria ao senhor prior.

Até que lobrigou uns frades capuchos muito rechonchudos e de olhar seráfico que fizeram as delícias da senhora: seria a prenda ideal para o senhor prior. Mandou embrulhar, pagou e sentiu-se satisfeita no seu intento.

Já os meus amigos estão a ver a cara da senhora e do senhor prior quando este recebeu e abriu a prenda!!


     


    

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Cópia da cópia é no que dá...

(Pode ser já vossa conhecida, mas esta chegou-me hoje por mail.)

Um jovem noviço chegou ao mosteiro e logo lhe deram a tarefa de ajudar os outros monges a transcrever os antigos cânones e regras da Igreja.

Ele surpreendeu-se ao ver que os monges faziam o seu trabalho copiando a partir de cópias e não dos manuscritos originais.



Foi falar com o velho Abade e comentou que, se alguém cometesse um erro na primeira cópia, esse erro se propagaria em todas as cópias posteriores.

O Abade respondeu-lhe que sempre fizeram assim, há séculos copiavam da cópia anterior, na verdade desde o início da Igreja, para poupar os originais. Mas admitiu que achava interessante a observação do noviço.

Na manhã seguinte, o Abade desceu até às profundezas da cave do mosteiro, onde eram conservados os manuscritos e pergaminhos originais, intactos e com a poeira de muitos séculos . . .

Pois passou-se a manhã, a tarde e a noite, e ninguém mais vira o Abade. O último que o vira informou que ele estava indo na direcção da cave. Preocupados, o jovem noviço e mais alguns monges decidiram procurá-lo.

Nos labirintos do mais profundo e frio compartimento da cave, encontraram o velho Abade completamente descontrolado, tresloucado, olhos esbugalhados, espumando e com as vestes rasgadas, batendo com a cabeça já ensanguentada nos veneráveis muros do mosteiro.

Apavorado, o monge mais velho do grupo de busca perguntou:

- Mas, Abade, pelo amor de Deus, o que aconteceu?

- IMBECIL ! IMBECIL ! IMBECIL o primeiro copista! Desgraçado, que arda no Inferno! CARIDADE! . . . era CARIDADE !!! Eram votos de "CARIDADE" que tínhamos que fazer . . . e  não de "CASTIDADE"!!! . . . .


Tenham uma boa noite!

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A Conspiração Cellamare

Não posso dizer que sou uma leitora assídua de Nuno Júdice. Leio com agrado muitos dos seus poemas e até comprei, por achar interessante e mais próximo do autor, um dos seus livros de poesia que tem impressos os poemas datilografados e, ao lado, manuscritos.

Confesso, porém, que vou seguindo o seu trajeto de escritor porque fui colega dele na Faculdade quando, nos idos de 66, entrámos para Letras: ele em Românicas e eu em Germânicas. Tivemos algumas cadeiras em comum, nomeadamente no 1º ano. Era muito discreto, tímido até – quem o não era nesses tempos? – e quando o saudoso Professor Lindley Cintra fazia uma pergunta nas teóricas de Linguística ou de Literatura Portuguesa e nenhum dos mais de duzentos alunos que enchiam o Anfiteatro I respondia, ele chamava: «E o Júdice, não tem nada a dizer?» E o Nuno, lá se destacava de entre as filas de neófitos e respondia. Sempre acertadamente.

Então resolvi comprar o seu último livro – “A Conspiração Cellamare”, uma novela. Gostei do que vinha escrito na contracapa do livro. Gosto de conspirações – embora não goste de conspirar nem de conspirações contra mim… – gosto de assuntos históricos e gosto de novelas. Ficam ali a meio caminho entre o conto e o romance, são vívidas e lêem-se depressa.

Logo na primeira página, escrevia o narrador/autor/personagem: «Sabia que tivera um parente remoto que andara metido em conspirações, e que talvez tivesse perdido um nom futuro nos braços de amantes parisienses…» (…) «O meu problema inicial era que eu não queria escrever um romance histórico; eu nem sequer queria escrever um romance. Seria mais uma mistura de géneros, entre o diário, as memórias e a ficção…» 

Muito bem! Isto agrada-me – pensei eu. O pior é que depois o narrador/autor/personagem (que passa o tempo todo a dizer que não sabe muito bem o que é) envereda, enovela-se (sim, que o texto é uma novela…) entra numa teia de tramas passadas (ora remotas, ora recentes) e presentes que não deixa andar a ação, a história, o fio condutor da narrativa, nem para a frente, nem para trás. Faz lembrar aquelas meadas de lã que temos de dobar para tricotar o cachecol que está tão emaranhada, tão cheia de nós, que só acabamos de dobar quando os braços já não aguentam mais estarem hirtos …

Está por de mais bem escrito – quanto a isso não há dúvida! Ou não fosse o autor professor universitário daqueles que acompanham teses de doutoramento e tudo. O problema, todavia,  é mesmo esse: a narrativa-diário-livrinho de reflexões-livrinho de viagens à literatura europeia acaba por ser um exercício diletante em que o autor pode discorrer sobre os seus amplos conhecimentos de literatura e de teoria da mesma de forma divertida e não no modo sério e algo austero em que tem de o fazer nas suas aulas e palestras.


Tudo bem. Mas, parece-me, apesar da ironia que perpassa todo o texto, não é bem isto que diverte quem o lê, não obstante as constantes chamadas ao leitor num esforço fático que, quanto a mim, nem sempre resulta. É, seguramente, uma excelente leitura para alunos e os doutorandos do Professor que os guiará pelos meandros de pensamento e de sentimento da mente de quem os vai avaliar…

(Para saber algo sobre a conspiração Cellamare:

domingo, 23 de outubro de 2016

Já passou!!

Como disse um dos simpáticos convivas, conseguimos sair do quarto. Do quarto encontro de bloggers, entenda-se! (estavam a pensar em quê?!)

Lá vieram os simpáticos do Norte e mais os da capital e do centro e juntámo-nos 23 à mesa.


Não estarão todos aqui porque é tudo gente muito indisciplinada...

Foi mais um encontro bem divertido, todos muito bem dispostos e, com tanta sorte que conseguimos andar a passear e ver as vistas sem que tenhamos apanhado um pingo de chuva!


Se bem que estivesse muito vento....





Aqui estávamos a ler as mensagens carinho que recebemos da Fê, do Carlos Oliveira e do Henriquamigo (que ficou de molho...)




No fim recebemos mais um "selinho" de amizade da meninas de Braga (que vão organizar lá o 5º encontro - ficam já a saber!!!)  que podem "roubar" daqui e pôr lá nos vossos espaços.


E pronto! Saímos do "quarto" e já estamos a pensar no 5º. Toca a preparar! Mesmo as meninas e os meninos do Algarve - a TAP faz preços baratinhos...

Em Abril, Braga, aí vamos nós!!



sábado, 22 de outubro de 2016

Última chamada...



Amigos, esta é a última chamada para vós. Amanhã, encontro a partir das 11.30, em S. Pedro de Muel (ou Moel, como prefiram...). Encontro à beira-mar como diz a ematejoca para os seguintes participantes:

Rui e Maria Helena Espírito Santo - Porto

Graça e Sidónio - Leiria

Clara - Braga

Maria Araújo – Braga

Ricardo Santos – Lisboa

Gabi e N – Porto

Luís Coelho e esposa – Leiria

Adélia e Rodrigo – Marinha Grande

Kok – Lisboa/Oeiras

Teté e marido – Lisboa

Manu – Caldas da Rainha

Júlia Abreu e Domingos Abreu

António e Zaida Nunes

Isabel Pires


Se houver mais alguém que queira responder a esta última chamada, nem precisa de me comunicar. É só aparecer no Hotel Mar e Sol e juntar-se-nos! Serão mesmo muito bem vindos!!

(Meus queridos, escuso-me de dar as coordenadas e demais orientações porque: 1º sou extremamente desorientada (em termos geográficos, entenda-se) e depois, porque agora todo o mundo tem gps e quejandos e depressa dá com este lugar maravilhoso à beira-mar plantado...)

O Hotel, que é muito confortável, espera por nós. Venham com calma que o tempo está de chuva. Venham bem dispostos.





Frente ao mar.





De onde se avista o farol, quando a bruma o permite...



Até amanhã!!


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Vejam para onde olham!

Alerta aos meus amigos homens: vejam para onde olham. Vejam onde põem os pés. E não é por causa da chuva...




quinta-feira, 20 de outubro de 2016

«O amor em paz»

Uma das minhas canções de sempre: «O Amor em Paz» na excelente voz do malogrado Agostinho dos Santos - apesar de ser da autoria de Vinicius e Jobim nos idos de 50/60. 

Própria para quem "amou de mais" e depois pensa que não consegue "voltar a amar"... Muito bonito!

(Ouvi esta canção nesta versão centenas de vezes nos tempos da minha tonta adolescência...)



quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O frasco de perfume

Ainda lá está sobre o toilette, com um restinho de perfume que por vezes asperge sobre o colo. Pouco, que é forte e quente. Um perfume de Inverno. De boa marca. Daqueles que perduram todo o dia.

Que de recordações lhe traz! Quando foi ter com ele – e não foi da primeira vez – usou-o. Mas com alguma parcimónia que é forte e quente. Era Inverno, estava frio e nevoeiro, chovia e no dia seguinte até nevou. O encontro ia ser quente, porém. E forte.

Ele esperava-a, sempre atento, sempre sedutor, sempre terno. Um beijo leve nos lábios, um sorriso, um tímido olhar cúmplice. Não tardaram a subir para o quarto onde se despiram céleres entre beijos doces e abraços intensos. Entregaram-se em arroubos de loucura, com a volúpia própria dos amantes. Amaram-se deleitados mas rápidos, com a sofreguidão de quem há muito se quer e não se vê, fruindo todo e qualquer segundo, toda e qualquer delícia, cada enleio, cada volteio.

Acabaram extasiados. Imersos nos seus pensamentos alados, alheados mas de olhos nos olhos. Que se passou connosco? Que foi isto que nos levou tão longe? Mais um beijo, mais um enleio em devaneio…

O banho juntos, a contrariedade de voltarem a vestir-se e… na altura de se separarem, ele disse-lhe: «Amorzinho, não deves perfumar-te tanto da próxima vez. A R. é ciumenta, pode notar…»


terça-feira, 18 de outubro de 2016

Estou furiosa!

Comigo própria, acreditam? Um dos meus (muitos) defeitos é a minha péssima memória visual. Se calhar por ser míope, sei lá! Tenho sempre muita dificuldade em reconhecer as pessoas se, por exemplo, passou muito tempo sem as encontrar, ou se não as vejo nos locais habituais, ou se não estão vestidas com as vestes profissionais. Uma vergonha. E, como muita gente me conhece por ter estado naquela escola durante 36 anos e tantos deles à frente dos seus destinos, mesmo que não as reconheça, se me cumprimentam, eu respondo sempre afavelmente. Pelo sim, pelo não. Para não passar por indelicada.

Ora ontem, ia eu no meu passinho habitual para os recadinhos que há a fazer à segunda-feira de manhã quando, de dentro de uma pastelaria, alguém – que de imediato não reconheci – me faz um simpático cumprimento, respeitoso e risonho. Acenei de volta sorrindo. E aí, como um raio vibrante e fluorescente, fez-se-me luz: o rapazola que, r(v)endido ao meu opositor,  me “fez exame” de acesso ao cargo de diretora da escola, “chumbando-me”. Um “pentelhito” (desculpem-me a linguagem catroguiana, mas assenta-lhe que nem uma luva) um elemento de uma associação de pais da idade das minhas filhas, daqueles que tiraram um curso de “gestão de recursos humanos” por correspondência ou com algumas equivalências à Relvas, sei lá… Um pequenino pedante, um “leiriense plásticos” (como diz uma amiga minha que vós bem conheceis…) Tinha prometido a mim própria que nunca mais lhe dirigiria a palavra.

Quando logo após o ignóbil “chumbo”, abandonei a escola e a profissão, até comecei a escrever uma «cantiga de escárnio» sobre tão indizível pessoa… Começava assim:

«Feio, baixinho e vil,
Olho matreiro e arguto,
Cabelinho de palha d’aço
E ralo, dá-lhe ao longe
Que não ao perto,
Um arzinho pueril.

Vozinha de cana rachada
Por muito que alinhe palavra
- e alinha, que fala bem! –
Não engana um qualquer
Embora qualquer um caia
Na falácia, no enleio
Que usa, se lhe convém:
O homem tem cá “uma saia”!
(…)

Escrevi ainda mais umas tantas estrofes, mas depois desisti: o homenzinho não merecia a métrica…

Foram muito poucas, umas três ou quatro, as pessoas a quem, ao longo da minha já longa vida, eu deixei de falar. Sou de facto muito dura (com os outros tanto como comigo) mas quando me sinto verdadeiramente ofendida ou humilhada por alguém no mais íntimo de mim, essa pessoa para mim passa a ser transparente, deixo de a ver, de a considerar e portanto de lhe falar.

Agora imaginem a minha fúria quando, em segundos, me lembrei de quem era aquele aceno desbragado ao qual eu respondi tão abertamente!



segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Um Nobel da «Literatura» ao meu gosto...

Não, não vou pôr-me aqui a dizer se concordo, se discordo com a atribuição do prémio deste ano. Da mesma forma que não disse nos anos anteriores em que nem conhecia os escolhidos, nem a sua obra, nem sei se são bons escritores ou nem por isso.

Os prémios, como todas as avaliações, por muitos critérios que se definam à partida, acabam sempre por ser algo aleatórios e altamente discutíveis

Ora como «a literatura hoje já não precisa de problemas, a não ser desse grande problema que é a sua própria existência» (Nuno Júdice) se calhar pode abranger (ou ser abrangida por) outras áreas. Assim, eu permito-me escolher um Nobel da «Literatura» mais ao meu gosto. Podia escolher cantores/poetas de intervenção como Chico Buarque, ou Sérgio Godinho, ou Juan Manuel Serrat, ou tantos outros de outros tantos países que não conheço, mas, como é ao meu gosto, escolhi estes...

... também foram cantores/poetas de intervenção...














domingo, 16 de outubro de 2016

4º encontro de bloggers

Há que desculpar a minha insistência, mas é só para lembrar que já só falta uma semana para o nosso encontro...

Hoje fui marcar o almoço. Para 24 pessoas, mas, infelizmente, já tivemos uma baixa "de peso": o Henriquamigo deu uma queda e está de cama, dificilmente consegue andar e conduzir nem pensar!

Será que não há "por aí" alguém e outro alguém que ainda não se tenha inscrito? É só dizer-me <gracaenator@gmail.com>

A ver se vos convenço pelo cansaço e pelas imagens...

Hoje S. Pedro estava assim. «País de Bruma»...




O mar revolto  como de costume




A varanda de Afonso Lopes Vieira sobre o mar






Apesar do nevoeiro que indicia o outono, as varandas enchem-se de flores.















De flores e de catos bem sugestivos...



Que me dizem? 

sábado, 15 de outubro de 2016

O mê pai foi a Évora




Um abastado lavrador da Amareleja meteu-se no seu jeep e foi a um monte vizinho. Bateu à porta.

Um miúdo de cerca de 9 anos vem abrir.

- O teu pai está em casa?

- Nã senhori, foi a Évora.

- Bem, e a tua mãe está em casa?

- Nã senhori, ela também não está. Foi com o meu pai.

- E o teu irmão Manel? Ele está?

- Nã senhori, ele também foi com a mãe e com o pai.

O lavrador ficou ali sem saber muito bem o que fazer.

- Posso ajudá-lo em alguma coisa - pergunta o rapaz delicadamente. - Eu sei onde estão as ferramentas; se quiser alguma emprestada; ou talvez o possa ajudar..

- Bem - diz o lavrador, com cara de chateado - realmente queria falar com o teu pai, por causa do teu irmão Manel... Ele engravidou a minha filha Raquel

O rapaz pensou por uns momentos..

- Lá disso não sêi, terá de falar com o meu pai. Se lhe servir de alguma ajuda para ir fazendo contas, eu sei que o pai cobra 500€ pelo touro, 100€ pelo cavalo e 50€ pelo porco, mas realmente não sei quanto é que ele lhe vai levar pelo Manel...


 É fim de semana - há que rir e divertir...


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Já foi a Paris? Não? Então vamos lá...

Magnífico filme de 1920 rodado nas ruas de Paris. Tem monumentos, gente, hábitos, comidas e toda a finesse da belle époque. 

Vale a pena ver até ao fim. E depois, se não estiverem cansados da cidade das luzes, revejam-na numa versão mais atual ao som da inconfundível voz de Sinatra.









quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Meninas, mulheres

(no rescaldo de um Nobel da Literatura no mínimo estranho e para o qual me estou nas tintas... aqui fica um poema muito bonito. Como se hoje fosse o "inefável" dia da mulher...)


MENINAS, MULHERES

Nasce-se sem culpa formada,
menina e mais nada,
mais tarde
mulher
sempre preparada
para o que der e vier.

(...) 

Nasce-se criança, já grande
com um peso imenso nas costas,
para arcar com culpas postas
e outras diferenças incutidas,
nos espiritos, dos homens que não são mais…
Que crianças por nós tidas!

Nasce-se como e onde for,
Porque o momento não espera
com o coração cheio de amor
entre sangue e sofrimento,
revestidas de força e génio
pr’a ir além do firmamento!

Olham-nos como se fossemos fracas
e pouco tivéssemos para dar
que não fosse só sorrir
e caladas aguentar
o mundo à nossa volta a ruir
sem poder, ao menos, gritar

(...)

Nasce-se… Força da natureza
carregadas de beleza
mesmo que não salte logo à vista
porque a vida de uma mulher,
seja ela como for, esteja ela onde estiver.
É dura! Mas, linda. É uma constante, conquista

É um oceano de AMOR.

(Maria Rocha Soares)

in "Sobretudo cansaço"