Mostrar mensagens com a etiqueta Salazarismo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Salazarismo. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 19 de junho de 2019

A Fortaleza de Peniche

Então lá fomos com o objetivo de visitar o Museu da Resistência e da Liberdade que visou transformar a prisão dos dissidentes políticos do regime de Salazar em espaço museológico de Memória e de Liberdade.

(Também fomos com o propósito de comer uma bela de uma caldeirada, mas isso é outra história...)




(1935)

(Entrada do mar)



(Entrada principal)







(Memorial dos presos políticos)

(O chamado parlatório)





(O Parlatório por Júlio Pomar)

(Retrete)







(Vieira da Silva)




(O Fortim Redondo)

(...onde se encontravam três solitárias)




(História de uma fuga)





(A grande fuga de 1960)


(Uma parte da fortaleza está rodeada pelo mar)
(daqui)


(... e atiravam-se ao mar...)


(Ali por trás enxergam-se as celas ainda não visitáveis)


(Mas não faltava a capela...)


(... de Santa Bárbara)

(Monumento à Liberdade)




Foi uma visita intensa...

domingo, 22 de outubro de 2017

Quem nos protegerá dos moralistas?

Sei que este caso está já estafado de tanto andar pelas chamadas redes sociais, mas, perante a vileza e a sordidez das deliberações dos “juízes” deste nosso país, a minha revolta é tão grande que dificilmente me consigo calar!

A ocorrência remonta a Novembro de 2014, quando um homem solteiro de Marco de Canaveses se envolveu com numa relação extraconjugal com uma mulher de Felgueiras. Quando, ao fim de dois meses, a relação acabou o amante passou a perseguir a mulher, visitando-a no local de trabalho e com envio de mensagens.

A história ganha novos contornos quando, em 2015, o assédio do amante se tornou incontrolável, ao ponto de sequestrar a mulher, arrastá-la até ao local de trabalho do marido convidando-o para um almoço. A mulher acabou agredida pelo marido, com recurso a uma moca com pregos.

O caso foi julgado pelo Tribunal de Felgueiras, que aplicou multas monetárias e penas suspensas com a duração de um ano e três meses e de um ano, para o marido e o amante, respetivamente. O amante pagou também um valor superior a 3500 euros pelos crimes de perturbação da vida privada, injúrias, sequestro e ofensas à integridade física.

Depois de apelar para a Relação do Porto, a mulher viu reforçadas as “penas” aplicadas pelo Tribunal de Felgueiras, tendo-se ainda exposto à maior humilhação que se possa imaginar! (Nem Hawthorne foi tão duro com a mulher adúltera no seu clássico romance “The Scarlet Letter”!)

Então o Tribunal da Relação mimou-a com frases de um moralismo abjeto (e haverá moralismos que não sejam abjetos?) clerical, ruralista, saloio e salazarento – frases como estas:

"O adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e dignidade do homem". "Sociedades existem em que a mulher adúltera é alvo de lapidação até à morte". "Na Bíblia, podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte".

O Tribunal da Relação do Porto lembra também que "ainda não há muito tempo que a lei penal (Código Penal de 1886, artigo 372º) punia com uma pena pouco mais que simbólica o homem que, achando sua mulher em adultério, nesse ato a matasse".


Sim, senhores! São estes os juízes que temos para nos protegerem de quem perpetrar crimes contra nós: cheios de preconceitos, de moralismos de antanho, com uma educação apreendida no catecismo, lançando mão de provérbios e de adágio por falta de uma cultura elevada e séria e formatados pelo ideário «Deus, Pátria e Família».


Mau de mais!!




domingo, 28 de maio de 2017

Para que não esqueça

Passam hoje 91 anos sobre o golpe militar de 28 de Maio de 1926 que abriu as portas a um longo período negro - não foi cinzento, não. Foi bem negro - da nossa História recente: a ditadura salazarista do auto-proclamado Estado Novo. 

Não há como tentar esquecer, como não há como tentar esquecer a sangrenta e repleta de bárbaras atrocidades (passe o pleonasmo) Guerra Colonial. 

Recordemos brevemente os acontecimentos.

Vindo de Braga com as suas tropas








Note-se a "data gloriosa"!...


E o senhor António Ferro, grande promotor das "belezas" do Estado Novo, até encomendou ao António Lopes Ribeiro um filme de propaganda sobre a "maravilha" do 28 de Maio, com canção cantada por Maria Clara - todos artistas do regime e que me desculpe o Dr Júlio Machado Vaz  que tanto considero e aprecio.


Filme "Revolução de Maio" (1937)

(imagens retiradas da net)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Dia da Mãe

Naqueles tristes e pobres tempos de 50/60, praticamente não havia «Dias de». O Dia do Pai era apenas uma pálida referência; o Dia da Árvore passou a existir muito depois da nossa abertura ao mundo em 74; havia o Dia da Restauração eivado de um nacionalismo que nos era inculcado pela Mocidade Portuguesa e pouco mais.

 O Dia da Mãe era o mais importante de todos e era celebrado a 8 de Dezembro (com maiúscula apesar de nada ter a opor ao Novo Acordo Ortográfico…) porque era o dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal. Nesse tempo nada do que pudesse servir para submeter o povo à Igreja era deixado ao acaso. Por isso 8 de Dezembro, data de grande significado para a Igreja porque se celebra «a vida e a virtude de Virgem Maria, mãe de Jesus, concebida sem marca do pecado original», correspondia ao Dia da Mãe já que as mães deviam ser “castas e virtuosas” (e servis…) 




Fosse como fosse, e apesar da nossa fraca ligação às coisas da Igreja lá em casa, eu prezava esse Dia da Mãe e, até ao fim da curta vida de minha mãe, celebrei-o nela e com ela. Mesmo depois de a dita Igreja mudar a data para inícios de Maio não sei bem por que razão,

Hoje, lembrei-me de tudo isso e, naturalmente lembrei-me de minha mãe (como todos os dias acontece, claro!) Num agitado sentimento de “clausura” que tanto me assalta e tantos conflitos causa dentro da minha pobre mente, veio-me uma imagem longínqua do início da minha infância.

Todas as mães fazem tudo pelos filhos e minha mãe nisso não foi em nada exceção. Tendo eu vingado após alguns dolorosos abortos espontâneos e no final de um parto em que meu pai foi posto perante a possibilidade de ter de escolher entre mim e ela (naturalmente que ele decidiria por ela!) fui criada com todos os cuidados que estavam ao alcance de uma família média (?) média-baixa dos finais de 40. E foi assim que, teria eu os meus três anos talvez, e metendo-se na cabeça de minha mãe que “a menina” precisava de tomar ares do campo, transportou-nos para passarmos uma temporada numa casa que alugou em Santa Iria da Azoia. Só que a temporada cedo terminou porque aqui a menina andava muito bem enquanto a passeavam pelos campos e pelo meio dos moinhos de vento, mas assim que se via fechada em casa, berrava que nem uma desesperada e logo, logo tiveram de me trazer de regresso a Algés… 

Outros episódios de «clausura» aconteceram – e vão acontecendo – comigo ao longo dos tempos e, tenho para mim, que nada tem a ver com o facto de sair ou não sair de casa. Trata-se de um «pânico» de me sentir longe das minhas companhias mais próximas, sozinha comigo própria, numa «clausura» dentro de mim própria difícil de explicar e de resolver.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

O ranking das alturas

«Deixava a camisa numa guarita abandonada, e atirava-se em cuecas para a água das docas.
Todos reparavam que tinha estilo a nadar. Aprendera na Colónia Infantil d’O Século. Colónia Balnear.
Ia-se pôr e tirar o adesivo da tuberculina. Cortava-se o cabelo rente e, à partida de Alcântara-Mar, recebia-se um chapéu de palha. Aumentava-se de peso. Voltava-se com a última areia nas bainhas dos calções.
Verão-a-Verão, tinham-lhe cabido aquelas semanas. Repletas, desarticuladas dos acanhamentos do resto do ano. Era a mãe quem o inscrevia.

(Filomena Marona Beja “A Sopa”, Âmbar, Porto, 2004, p. 48)


(Colónia Balnear O Século, no Estoril)


(Crianças de Nisa e de Montalvão na Colónia Balnear O Século, 1959 - 1960)
(daqui)

Tanto espanto pelo facto de os portugueses estarem posicionados no top 10 dos que mais cresceram nos últimos cem anos!

Diz a notícia que «entre 1914 e 2014, num século e quatro gerações, mulheres e homens portugueses esticaram em altura Eles cresceram 13,9 centímetros: de 159 para 172,9 – é esta a altura média dos portugueses com 30 anos em 2014.» E «elas chegaram aos 163 centímetros, mais 12,5 centímetros, quando, em 1914, a média rondava 1,50 metros.»


Tivéssemos nós cuidados básicos de saúde e a possibilidade de nos alimentarmos minimamente bem e em quantidade;

tivéssemos nós condições de vida paralelas às dos países europeus que conseguiram livrar-se da alçada das amarras da Igreja Católica com o seu braço armado da Inquisição e do clericalismo salazarista;

tivessem as crianças a possibilidade de irem à escola em vez de, aos seis/sete anos irem trabalhar para os campos ou servir – servir, de servidão – para as casas dos "senhores";

tivéssemos nós uma rede – mínima que fosse – de hospitais e de escolas;

tivéssemos nós sido tratados como cidadãos, pessoas, e não como animais de carga vergados sob o jugo do dinheiro e do poder ditatorial;

e decerto não estaríamos agora tão “orgulhosos” da nossa (pobre) posição no ranking das alturas…

(Cá por mim, estou muito bem posicionada: meço 1,64 desde os tempos do Liceu… )


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Para que não nos esqueçamos

Faz hoje 70 anos que nasceu a Polícia Internacional e de Defesa do Estado. A 22 de Outubro de 1945 o Decreto-Lei n.º 35 046 dava "corpo" à PIDE, que foi braço direito do regime. 


Em 1969, passou a ter o nome de Direção-Geral de Segurança, continuando a ser conhecida por PIDE/DGS. Segurança não das pessoas, mas do regime e, para isso, escutava, prendia sem julgamento, torturava, exilava e matava - não esquecer o assassínio do General Humberto Delgado em 13 de Fevereiro de 1965.





(daqui)

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A pesada herança

À partida não gosto das crónicas de Vasco Pulido Valente. Apesar de ser cultíssimo e de escrever num português por de mais correto, não me agrada a forma como dispara dardos à esquerda e à direita sem nunca – ou raramente – apresentar uma opinião, uma forma de ver a realidade lisa e coerente. Porém – e isso é que me espanta e, de certo modo me preocupa… – já é a terceira vez em pouco tempo que concordo com ideias seus.

Hoje o meu jornal citava esta frase sua que encaixa na perfeição naquilo que eu penso e defendo há anos. Diz assim: «Algumas pessoas descobriram agora que uma campanha eleitoral decente exigia que se fizesse a história não só do governo de Sócrates mas também do governo de Passos Coelho. Infelizmente, ninguém se lembrou ainda que a mais leve compreensão da “crise” tem de começar muito antes na “pesada herança” (verdadeiramente pesada) que nos legou Salazar.»

E continua: «Além de uma guerra colonial em Angola, Moçambique e Guiné e de um exército monstruoso, tecnicamente atrasado, a sociedade que Salazar nos legou (fora meia dúzia de enclaves em Lisboa e no Porto) era uma sociedade arcaica. De resto, para a esmagadora maioria da população, não havia nada: não havia saneamento básico ou água corrente; não havia electricidade; não havia hospitais nem centros de saúde; não havia uma rede escolar decente; não havia qualquer espécie de segurança social; não havia estradas; não havia transportes; e, tirando a PIDE e a GNR, não havia polícia

Essa “pesada herança” tem realmente a ver com a extrema pobreza e a inacreditável falta de condições de toda a espécie em que o povo vivia e cuja superação criou, ao longo dos anos depois da Revolução, enormes necessidades financeiras. Mas o pior aspeto dessa “pesada herança” foi é continua a ser a nossa enorme falha na educação e na cultura.

É o sapientíssimo Guilherme de Oliveira Martins que o diz: «A única maneira de sairmos da crise financeira é através da inovação e da criatividade. E a inovação e a criatividade têm a criação artística, a criação cultural, a investigação científica e a educação como realidades dinâmicas. A aprendizagem é o fator que distingue um país desenvolvido de um país atrasado. Um país atrasado é um país que não é capaz de aprender. A realidade cultural é isso. Pesa-me muito e penaliza-me ver demasiadas vezes os programas políticos que têm um capitulozinho no fim e dizem 'é cultura'. Parece que alguém se esqueceu e, à força, lembraram-se que têm de encaixar aquilo ali.»


Por acaso esta espécie de governo que nos tem atormentado nestes últimos quatro anos e que se prepara para voltar a «engrolar» os portugueses para que lhes dêem mais quatro anos de opressão e prepotência não tem a mais básica noção sobre o que atrás ficou dito.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Sexta-feira, 13!

Podia falar do(s) Dia(s) da Rádio,


... e de quem matou a Rádio...




Podia celebrar aqui convosco o aniversário do nascimento do multi-sabedor Agostinho da Silva (um dos proscritos de Salazar) que nasceu há já 109 anos mas cuja obra é ainda e sempre tão atual.



Poderia falar dos 50 anos que passam hoje sobre o vergonhoso assassinato do General Humberto Delgado e da sua secretária perpetrado pela PIDE (quem dera a estes "nossos" vergonhosos "governantes" ter uma PIDE às suas ordens...)


(Aclamado pela multidão no Porto pelas eleições de 1958)

(Chegada de Delgado à estação de Santa Apolónia)

Mas não! Vou dizer apenas isto:


É sexta-feira!
Have fun!