Aos 89 anos, que fez no primeiro dia deste Verão, morreu a poeta-professora Matilde Rosa Araújo.
Deixa mais de vinte livros para crianças – histórias e poemas – tendo-se sempre, ao longo da sua vida, dedicado à problemática da infância.
A primeira vez que ouvi falar da escritora foi no meu ano de estágio que foi o meu primeiro ano no ensino oficial. Fiz estágio em 1973 na Escola Preparatória de Paula Vicente e o livro de textos de Língua Portuguesa adoptado para os 1º e 2º anos do Ciclo Preparatório (actual 5º e 6º anos) era a selecta LER, da autoria de Matilde Rosa Araújo (e outros), também ela professora do recém-criado Ciclo Preparatório do Ensino Secundário, como então se chamava.
Uma escolha criteriosa de belos textos sobre temas variadíssimos, de bons autores da língua portuguesa como Sophia de Mello Breyner, Rui Cinati, António Gedeão, Sebastião da Gama, Cecília Meireles, Neves e Sousa, Manuel Ferreira, Albino Forjaz Sampaio, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, ela própria, entre muitos outros. Que bem se trabalhou com aquele manual! Durante anos fui lá retirar textos para outros alunos, para outros fins.
Lembro-me da visita de Matilde Rosa Araújo, há mais de vinte anos, à minha escola, aqui em Leiria, como escritora, a convite das professoras de Português e da Biblioteca. Uma senhora. Muito meiga, muito doce, com um jeito natural para a interacção com as crianças. Uma simplicidade – que é, aliás, apanágio das pessoas de grande nível.
Deixo aqui um poeminha da autora, que fui retirar da selecta atrás referida, e que aparece logo nas primeiras páginas – no 1º ano do ciclo (actual 5º ano) é pelos animais que conquistamos o afecto e a confiança dos nossos alunos logo a partir das primeiras aulas.
Pastor
Meu cão:
Seus olhos castanhos
Tamanhos
De compreensão.
Meu cão:
Seus olhos castanhos
Tamanhos
De mansidão.
Seu nome é Pastor;
Seus olhos castanhos
Tamanhos
De Amor.
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