Este é dos poemas sobre a Primavera de que eu gosto mais e, por isso, tenho de o deixar aqui hoje, dia em que o equinócio se deu às cinco e tal da manhã.
Quando
tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.
Mas talvez prefiram esta outra evocação da Primavera.
Principia a estação, com o seu ruído
feito de sons de pássaros, que eu decifro.
que despontam cada dia e eu vejo,
ano após ano, iguais e singulares.
Primeiro, um pouco além, o lírio roxo,
que me traz consigo a criança viva
que o colheu e, tal como a um barco,
o fez singrar, só, roxo, macerado,
na água que descia por um rego.
Um lírio com a mão que o cortara
já decepada e presa ao passado,
sem o seu corpo. Vejo as três pétalas
assim a confundir-se com os três dedos,
como se as nossas mãos por vezes vivessem
mais do que os passados corpos.
brancas, cravadas com dureza em rostos,
que, ainda de olhos fechados, tocam
as corolas em busca do seu cheiro.
São camélias mortais, e ainda atraem
a face dos mortos, que algum dia
as bafejaram com o seu hálito próximo.
Manchas brancas de círculos informes,
cada círculo contendo outro círculo.
E, no centro de cada rosto, apenas,
em cada Primavera, duram os olhos.
(... ...)
Fiamma Hasse Pais Brandão (1997)
Fiamma Hasse Pais Brandão (1997)
Desfrutemos a Primavera (enquanto não se paga imposto...)
Linda maneira de celebrar a Primavera, que te desejo doce e radiosa.
ResponderEliminarBons sonhos, linda
Os dois são bonitos embora eu prefira Alberto Caeiro pela sua aparente simplicidade mas que de simples nada tem!
ResponderEliminarAbraço primaveril
Bonitos poemas. Como a primavera está a ser homenageada! : )
ResponderEliminarGostei destas flores de Primavera! Agradeço e retribuo também com esta (de Cecília Meireles):
ResponderEliminar"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.
A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega."
Saudação primaveril!
Ana R(de rosa:)
Estimada Amiga Graça Sampaio,
ResponderEliminarNão vivo afastado do mundo, as vivo num país em que tudo é bem diferente, aqui não existem as 4 estações, como tal não existe a Primavera, agora estamos na estação do calor, depois a seguir vem a seca e a terceira estação é das chuvas, mas mesmo em qualquer destas estações as flores brilham nos campos, a passarada, livre chilream e o verdejantes dos campos se mantem 365 dias do ano.
Adorei seu belo poema.
Da Tailândia com amizade, SABAI DE KRÁP.
Diz e muito bem "enquanto não se paga imposto", ao que eu acrescentaria "muito não faltará",palpita-me...
ResponderEliminarBoa Primavera! Que não se esqueça de trazer por aí a sua amiga Chuva...
A mais linda das estações (para mim).
ResponderEliminarPosso escolher? Fico com o primeiro.
:)
Eu também fico com o primeiro, Leo e Rui. Pessoa é sempre Pessoa!
ResponderEliminarObrigada, Ana R.(de Rosa) pelo belo poema de Primavera. Cecília Meireles era uma Rosa como poeta!
Amigo Cambeta, estas flores e estes poemas vão daqui, fresquinhos para lhe lembrarem a primavera do seu (e meu) querido Alentejo.
Os meus agradecimentos primaveris a todos vós.