Não resisti - desculpem-me! - mas a crónica de Baptista-Bastos de hoje no DN está tão, mas tão espantosamente profunda e completa que não consigo deixar de a transcrever para aqui. (Com a vaga de "censura" que se tem feito sentir por aí - desde a mudança de direção do jornal i até à demissão "forçada" do secretário de estado da Energia - e da forma amplamente crítica com que o BB escreve, até receio que venha a ser inibido de escrever estas crónicas às 4ªs feiras.) Mas vamos aproveitar enquanto há!
O Prefácio
«Anda por aí um desassossego de frases agrestes que
envolvem um autor e o prefácio a um livro de discursos. O autor é o inexcedível
dr. Cavaco. O prefácio é um texto levemente tonto e claramente escrito com a
fatal tendência para a quezília e o conflito gramatical. Nada de importante.
Impelido pela minha malvada curiosidade, decidi-me a ler o texto, sabendo, de
antemão, que tamanho exercício mental ser-me-ia extremamente fatigante.
Espanto dos espantos!, ao contrário do que se diz, o
teor não passa de modesta redacção, das que as professoras primárias nos
exigiam na antiga terceira classe. Não se vislumbra nenhum ajuste de contas,
apenas a expressão mal cerzida da birra de um homem amuado porque um outro o
desprezou quando o não devia desprezar. A tal "deslealdade
institucional" pode ser criticável, com base numa certa alínea da Constituição,
a que o autor se apoia, mas é caso de pouca monta, tendo em aviso o que ele faz
a outros, com displicente sobranceria. E as coisas não foram bem assim, a crer
nas contraversões seguintes.
Sócrates, que tem sido o bombo da festa, com pancadaria
de criar bicho nos lombos e na alma, serve de pretexto, neste parolar
copiosamente vesgo, para o autor nos fornecer o estofo do homem e o estilo do
estadista. Atordoado com a quantidade e o teor das críticas que recebeu,
decidiu remeter os inadvertidos para o "sítio" que alimenta na rede.
Disse, grave e soturno: ali está o que, na verdade, escrevi. E alertou para
eventuais manipulações de conteúdo, praticadas, como doloso objectivo, pela
imprensa.
Precipitei-me, arquejante, para o "sítio",
na ânsia de descortinar o que os jornais haviam omitido. Nada de novo, nem de
diferente. A mesma peripécia atabalhoada: umas tacadas num homem tombado e
cheio de nódoas negras. O pouco edificante relambório não possui uma ideia, não
defende uma tese, não pleiteia uma doutrina - e, pior do que tudo, não convence
ninguém.
O autor pretendeu, talvez, fazer história e atirar
para o limbo um opositor que o ofendera gravemente, além, com perdão da
palavra, de amolgar, dolorosamente, um artigo da Constituição. Não é preciso
ser muito rigoroso para se verificar o que o prefácio intenta. Mas o autor é
tão desajeitado, na forma como no recheio, que o tiro sai pela culatra.
Antagonistas e apoiantes, encavacados pelo facto de o prefaciador negligenciar
as funções a que devia dar lustre, não param de o desacreditar. O mais tenaz
dos críticos, será, acaso, o Marcelo Rebelo de Sousa, que desfez a sustentação
institucional feita, em apressada defesa própria, pelo autor.
Este segundo mandato repete, agravando-os, os dislates
do primeiro. E alguém, dos círculos íntimos do senhor, devia ajudá-lo a
rematar, com dignidade e piedosa lástima, o tempo que lhe resta para sair de
Belém.»
Ah! E a propósito, deixo aqui o vídeo do Manifesto Anti-Cavaco magistralmente dito pelo extraordinário e saudoso diseur Mário Viegas.
Baptista Bastos e Mário Viegas
ResponderEliminardando provas
de porque eu os gosto tanto
(há gente que não morre, quando sua actualidade é assim)
foi um prazer rever o grande Mário Viegas.
ResponderEliminarabraço Graça
E morreu!
ResponderEliminarE o outro, isto é, Cavaco ainda politicamente vivo!!
BB é sempre igual a si mesmo!
Bons sonhos.
BB nunca nos desilude nas suas crónicas ao colocar o dedo na ferida!
ResponderEliminarMário Viegas também nunca deixou de chamar os bois pelos nomes, assim como Almada Negreiros!
Pim!
Este Cavaco que nos arranjaram para PR é de um mau carácter aflitivo!
Falta-lhe "berço"!
Pim!
Abraço
"Birra de um homem amuado" que negligenciou "as funções a que devia dar lustre", "desajeitado, na forma como no recheio" é o resumo de um dos últimos dislates de Cavaco. Que ultimamente têm sido mais que muitos, que há quem pense que já é a senilidade a falar por ele. Não concordo: o homem sempre foi assim, mesquinho armado em moralista, dono de um grande umbigo e com a frontalidade de um cobarde, que ataca um adversário já caído no chão!
ResponderEliminarNa mira de arranjar apoiantes anti-sócrates, certamente, mas 9 meses depois do outro ter saído do governo e perdido as eleições? Só tem o sabor de vingança tardia, que já não é fria, mas sim ultra-congelada! Que vergonha devia ter, se ali existisse um mínimo de dignidade...
Beijocas!
Mário Viegas só me recorda como Cavaco... dura... dura... até consegue ganhar ao detergente ;)
ResponderEliminarBjos
Estimada Amiga Graça Sampaio,
ResponderEliminarFelizmente que estou longe de todas essas políticas que se vão passando no meu amado país e triste fico ao saber que mais um mete mais uma brasa na fogueira.
Mas infelizmente a política e os critícos portugueses continua a não acertar no alvo.
Abraço amigo
Carol minha querida
ResponderEliminarFoi excelente rever Mário Viegas, apenas isso!
Falando do dito cujo PR não falo, fico mal disposta.
Beijinho e desculpa de continuar a chamar-te Carol, mas gosto mais.
Mas que dupla, neste caso tripla.
ResponderEliminar:)
Pim!
Morra! Morra! PIM!
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