quinta-feira, 8 de março de 2012

Dois mundos femininos diferentes


Já foi há dois anos, mas nunca mais me esqueci pelo incrível e bárbaro da situação. Foi em julho, na época em que vamos para o Viking na praia da Sra. da Rocha. Era um jovem casal com um filho rapaz de três ou quatro anos. Árabes. Daqueles que têm aquelas moradias enormes e lindas lá no nosso litoral sul. Brincavam com o miúdo à beira-mar. O pai, em calção de banho - certamente de marca - dava a mão ao filho, incitando-o a entrar no mar, mas o miúdo agarrava a mão da mãe procurando proteção para dele fugir. As ondinhas do brando mar algarvio vinham rebentar-lhes aos pés molhando e salpicando pai e filho. A mãe, uma jovem morena de olhos pretos, grandes e tristes, deixava que a água lhe lambesse o vestido branco - rico e lindo - que a cobria da cabeça aos pés. 

Recordo o episódio hoje como símbolo. Não gosto de Dias de - já o disse e repeti umas quantas vezes. E gosto ainda menos do Dia da Mulher que considero como discriminatório. Quando se celebra o Dia do Homem? E gosto ainda menos, menos da forma verdadeiramente desarvorada e oca como grande número das mulheres o celebram em jantares vazios de sentido em que elas se juntam às centenas para rirem e gritarem numa loucura fingida.

Mas compreendo que ainda há necessidade de, nem que seja uma vez por ano, se chamar a atenção de todos para a discriminação de que, por esse mundo fora, grande parte das mulheres ainda são alvo diário. 

E, a propósito, vejam como é ser mulher em dois mundos tão diferentes!











































11 comentários:

  1. Deveria ser todos os dias, mas como não é, há que lembrá-lo.

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  2. Concordo consigo, não gosto nada de dias disto ou daquilo e da mulher muito menos, não percebo qual a ideia se no resto do ano é o que se sabe.

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  3. Todos os dias são de todas as mulheres e de todos os homens!
    Só que este é um símbolo de uma luta que continua ainda para muitas e a vários níveis!
    Há que lembrá-lo e cada uma o fará como pensa que é melhor!
    Depende das suas vivências...é óbvio que há muitas que não sabem o significado deste dia!

    Abraço

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  4. É fácil
    comparar culturas diferentes
    Mas apetece-me fazer uma "brincadeira": compare algumas dessa fotos ocidentais com as imagens desse video que lhe mando. Promete ver?

    http://p3.publico.pt/cultura/filmes/2387/agua-fria-um-retrato-da-portugalidade-que-esta-correr-mundo

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  5. Que se façam campanhas para sensibilizar os paises ditos civilizados a prestarem ajuda onde as mulheres ainda estão a ser discriminadas. Já estou como tu... Dia da Mulher não me diz muito.

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  6. Estimada Amiga Graça Sampaio,
    Concordo plenamente com seus sentimentos, é bem verdade que nos dias de hoje ainda existe muita discriminização sobre as mulheres, não só sobre as que praticam a religião do Maomed bem como em muitos países africanos.
    A religão manda, por mando dos iatolas, rabis e companhia, e mandam em tudo, governam e manda matar.
    Tudo, até na religião católica existem certos perconceitos, não foi Deus que os ditos, mas estão implantados.
    É o quero posso e mando, quando deviam sim recolher-se as suas igrejas, mosteiros ou mesquista e deixar as pessoas viver livremente, os ensinamento de Alá em nada se refre que as mulheres tenham que andar com a face tapada, tal como nos evangelhos não consta que os padres não possam casar, aliás até podiam, e alguns Papas o foram e tiveram várias cocumbinas, mas as leis eles as fazem a meu gosto, enfim!...
    Abraço amigo
    Ps - eu estive em Teerão, por várias vezes antes da morte do Xá, e estive lá de novo, por várias vezes, já com o Yatola Kimenin a mandar, tudo mudou radicalmente e as mulheres que eu conhecia se lamentaram para comigo, mas tinham que seguir as ordens ou era decapitadas.

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  7. Há sete anos que tenho como ajudante de tarefas uma cidadã ucraniana.Sempre, no Dia da Mulher,
    me presenteia com flores Eu, que também não sou de Dias de...,falei desta vez que a mulher tem direito a todos os dias,blá,blá.Olhou-me muito séria e disse:mas, Dona Maria,este é o dia Mundial da Mulher e assim lembramos as primeiras que lutaram pelos nossos direitos,não podemos esquecê-las.
    Meu pai já hoje me telefonou a lembrar e até se admira que em Portugal não seja feriado,como na Ucrânia e outros tantos países,
    Aqui, ri-me e lembrei-me de fazer a proposta ao Senhor dos Passos Rabit
    Kinkas

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  8. Andava crente que as coisas também melhorariam nesse outro lado, a Turquia apesar de ser um país muçulmano já tem muita mulher que mal se distingue da europeia... mas pelo andar da carruagem vai ser muito difícil a mudança... quando a religião interfere na criação das leis... mudar alguma coisa é quase impossível, especialmente, quando essa religião não dá (a mulheres ou a homens com mentalidade mais aberta à mudança) a mínima possibilidade de escolha ou variante desde a hora em que se levantam até à hora de deitar.

    Bjos

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  9. Estimada Amiga Graça,
    No meu comentário esqueci-me de mencionar que as mulheres na India e no Paquistão tem um estatuto a baixo de cão.
    Quando casam tem que dar um dote ao noivo, dote esse por ele escolhido que pode ser deste um Mercedez Benz até uma moradia de luxo, depende das posses da família.
    Quando tem ciumes lanças ácido sobre a face da esposa, para que ela não tenha mais homem algum, uma selvajaria.
    Abraço amigo

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  10. Tanto caminho ainda a percorrer, até que as mulheres deixem se ser consideradas propriedade e objecto...

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  11. Caro amigo Cambeta, muito obrigada pela partilha dos seus conhecimentos sobre os hábito de vida orientais e de como estão tão submetidos às religiões (e não ao que Deus pensou para nós). Na nossa perspetiva ocidental ( e ainda bem que cá estamos!) essas pobres mulheres são mesmo consideradas meras coisas descartáveis quando for necessário.

    Querida Kinkas, que boa ideia passar palavras ao nosso Rabbit de estimação a ideia de tornar feriado o Dia da Mulher...

    Caro Rogerito, já fui ver o vídeo que me recomendou. É de estarrecer! Esta portugalidade tem muito que se lhe diga...

    Claro que temos a obrigação de celebrar o muito que as nossas avós fizeram para que hoje tenhamos alguma - digo: alguma - igualdade com o género masculino. Há ainda muito a fazer.

    Obrigada pelas vossas reflexões sobre o assunto.

    Bom fim de semana.

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