Faz hoje 35 anos que se deu o movimento do 25 de Novembro e, a propósito, encontrei um texto óptimo, um resumo dos acontecimentos, no blog Da Literatura, de Eduardo Pitta, que decidi copiar, em parte, para aqui.
"Com a derrota dos radicais do MFA, do PCP, das Brigadas Revolucionárias e outros grupos de extrema-esquerda, faz hoje 35 anos a democracia portuguesa começou a entrar nos eixos. (Só entraria definitivamente com a extinção do Conselho de Revolução a 30 de Setembro de 1982.) Na memória de todos, o cerco da Constituinte (a 12 de Novembro) por operários da construção civil afectos à Intersindical. Nessa semana, com a conivência do Sindicato dos Bancários, controlado pelo MRPP, transferência para o Porto das reservas de ouro do Banco de Portugal. Na madrugada do dia 25, pára-quedistas insurrectos ocupam Tancos e outras bases aéreas a Sul. Porém, aviões, pilotos e Estado-Maior da Força Aérea (Morais e Silva) desde a véspera na região Norte, em prontidão nas bases da Cortegaça e Monte Real. James Callaghan, primeiro-ministro britânico, garante o envio de armamento e combustível para aviões. Possibilidade séria de guerra civil. Um terço das famílias do eixo Lapa-Cascais a recato em Londres, outro em Madrid, outro no Rio. Soares, Sá-Carneiro e Freitas do Amaral deixam Lisboa. Decretado o Estado de Sítio. Brejnev apressa-se a tranquilizar a NATO: a URSS não intervirá em Portugal. No Porto, Pires Veloso cria condições para a transferência rápida dos centros de decisão militar, governo, Parlamento, directórios do PS, PPD e CDS, embaixadas, RTP, etc. Costa Gomes deixa cair Otelo, que foi preso. Jaime Neves quer prender Cunhal, mas Costa Gomes não autoriza. Em Lisboa, os comandos da Amadora desmantelam a Polícia Militar. Imposto o recolher obrigatório. Ao fim da tarde, na RTP, Danny Kaye substitui Duran Clemente. A maioria silenciosa respira de alívio. Eanes surge como homem providencial. Melo Antunes impede a ilegalização do PCP. Os jornais nacionalizados (três matutinos e três vespertinos) ficam suspensos durante um mês. Victor Cunha Rego, que fora chefe de gabinete de Soares (e seria, mais tarde, embaixador em Madrid), é nomeado director do Diário de Notícias, de onde Saramago foi expulso."
Amanhã, conto passar para aqui um texto que considero muito interessante sobre o cerco da Assembleia Constituinte.
Sem comentários:
Enviar um comentário