quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Jantar-xanax

(imagem retirada da net)

Trabalhávamos todas no serviço distrital da DREC quando esta foi criada, em finais dos anos 80, com o objectivo solene e primeiro de apoiar as escolas da sua área. Coisa que, desde há uns anos para cá, não acontece já que se arrogou a DREC o direito de se instituir como superior hierárquico das escolas lançando-lhes em cima todo o trabalho burocrático que pode e inventando constantes questionários on line e não só, a que as escolas têm de responder repetidamente, porque se perdem, ou não chegam, ou não partem, ou qualquer outro tipo de desorganização que se possa imaginar. Quanto a ser um verdadeiro apoio das escolas, esqueçam porque, em nome da autonomia (que não existe) tudo é da responsabilidade destas.

Mas houve mudanças de vontade ou de governo ou de não se sabe o quê e, em meados de 1993, fomos dispensadas do tal serviço – eu, que era coordenadora adjunta, fui “despedida” por fax (ainda não havia mails nesse tempo) e a coordenadora chefe por carta entregue em mão pelo motorista da Directora Regional – “gente fina é outra coisa”...

Como éramos bastante unidas e nos dávamos muito bem – até tínhamos andado dois anos a correr para a Universidade de Aveiro para fazermos uma pós-graduação sobre Administração Escolar, o que era uma novidade à época – passámos a encontrar-nos quase mensalmente para jantar. E não é que, ainda hoje, passados 17 anos, ainda continuamos a encontrar-nos para jantar juntas quase mensalmente?

Somos seis, todas agora ex-professoras, todas iguais, todas diferentes e nem queiram saber o que nos divertimos! Os maridos não são admitidos! Só de há uns cinco anos para cá, depois de muita insistência deles, é que passámos a admiti-los muito excepcionalmente no nosso jantar de Natal...

Falamos de tudo e de todos (às vezes, quer dizer, muitas vezes, mal...); contamos as nossas peripécias de entre-jantares; contamos alegrias e tristezas, férias e cansaços, aventuras e desventuras. Não é que por altura do Europeu fomos jantar todas vestidas de encarnado e verde como Seu Scolari mandou? Por vezes falamos todas ao mesmo tempo e rimos, rimos como adolescentes do liceu.  Em tempos contávamos muitas anedotas, o que se foi desvanecendo com o aparecimento dos mails e também com a falta de memória... Mas rimos de nós próprias, dos “disparates” dos maridos ... dos “desatinos” dos filhos (e dos políticos), das gracinhas dos netos... Rimos...

São os nossos (abençoados) jantares-xanax!


3 comentários:

  1. Lá fiquei eu de lagriminha no olho!
    Todas diferentes, todas mulheres com pesadas histórias de vida mas continuamos a rir como adolescentes quer antes, quer durante, quer depois do jantar enchendo a rua de gargalhadas no regresso aos carros...
    Hoje coloquei no meu facebook a canção "O Rapaz da Camisola Verde", já sabes porquê! :-))
    Amei este post.

    Abraço

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  2. Um texto bem disposto, que conseguiu fazer transparecer a atmosfera entusiástica dos jantares. O título, então, é delicioso! Não há quase nada que uma boa mesa e um bom grupo de Amigos não cure! Como diria o Raúl Solnado: "Façam o favor de continuar a ser FELIZES!"

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  3. Obrigada, meus amigos pelos vossos simpáticos comentários. Rosinha, não era para ficar de lagriminha no olho... e esqueci-me de dizer que somos sempre as últimas a sair dos restaurantes a que vamos e que quase têm de nos pôr na rua. E que, às tantas da noite, uma ainda vai para Lisboa, outra para Pombal e outra para Fátima... Gandas malucas!

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