"O mais luminoso e viril
movimento de emancipação que ainda sacudiu Portugal no último século" ,
assim definiu João Chagas o levantamento revolucionário de 31 de Janeiro de
1891, no Porto, a primeira grande tentativa republicana de derrube da
monarquia.
O ambiente de exaltação
revolucionária e patriótica no Porto foi exemplarmente traduzido pela Liga
Patriótica do Norte (LPN), fundada a 26 de Janeiro de 1890, logo a seguir ao
ultimato. Presidida - a convite do monárquico Luís de Magalhães - pelo
prestigiado poeta e socialista Antero de Quental, então radicado em Vila do
Conde, a LPN reunia monárquicos e republicanos, irmanados no repúdio ao ultraje
inglês e na ambição de recuperação de um país mergulhado em grave crise
política, económica e social.
"Portugal - proclama Antero -
expia com a amargura deste momento de humilhação e ansiedade de quarenta anos
de egoísmo, de imprevidência e de relaxamento dos costumes políticos, quarenta
anos de paz profunda que uma sorte raríssima nos concedeu e que só soubemos
malbaratar na intriga, na vaidade, no gozo material, em vez de os aproveitar no
trabalho, na reforma das instituições e no progresso das ideias".
Para o grande poeta - que após o
fracasso do 31 de Janeiro regressa aos Açores, suicidando-se em Setembro de
1891 - o maior inimigo não era o inglês: " Somos nós mesmo, e só um falso
patriotismo, falso e criminosamente vaidoso, pode afirmar o contrário. Declamar
contra a Inglaterra é fácil: emendar os defeitos da nossa vida nacional será
mais difícil (...) Portugal, ou se reformará, política, intelectual e
moralmente, ou deixará de existir. Mas a reforma, para ser efectiva e fecunda,
deve partir de dentro, do mais fundo do nosso ser colectivo: deve ser antes de
tudo uma reforma dos sentimentos e dos costumes. Enganam-se os que julgam
garantir o futuro e assegurar a nacionalidade com meios exteriores e materiais,
com armamentos e alarde de força militar ".
Um discurso extremamente (e infelizmente) atual. :/
ResponderEliminarInfelizmente...
EliminarE hoje, nas ruas do Porto, uma centena de pessoas voltou a gritar
ResponderEliminarAh, bela gente do Porto!!
EliminarNão sei se em Bruxelas
ResponderEliminaros eurocratas instalados
saiba quem foi Antero
e o significado do 31 de Janeiro
ou muito me engano
ou nem sequer saibam o que é
ser Republicano
Eurocratas/tecnocratas - e está tudo dito, Rogerito!
EliminarOs meus amigos monárquicos ainda hoje maldizem o dia.
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
É verdade! E o contrário também é verdade: republicanos de alma e coração que se arrepiam quando se fala de monárquicos...
EliminarBeijinhos republicanos...
Olhe esse grito, por aqui, hoje em dia, não nos diz muito não... Somos reféns de um bando nada confiável...
ResponderEliminarAbraço.
Por aqui não estamos muito melhor, querida Célia irmã!
EliminarBeijinhos
Ontem também me lembrei do movimento de 31 de Janeiro de 1891, no Porto. Agora, Lendo Antero de Quental parece-me que regredimos...
ResponderEliminar"Portugal, ou se reformará, política, intelectual e moralmente, ou deixará de existir"...
Um beijo, Graça
Antero, um grande visionário. Infelizmente para nós.
EliminarBeijinho.
«Portugal, ou se reformará, política, intelectual e moralmente, ou deixará de existir. Mas a reforma, para ser efectiva e fecunda, deve partir de dentro, do mais fundo do nosso ser colectivo...»
ResponderEliminarFicámos aqui?
Um beijo
Lídia
Ai esta poetas - Lídia e Graça - que se encontram nas palavras de Antero, o grande poeta filósofo.
EliminarBeijinhos para ambas.
muito bem lembrado...
ResponderEliminarpara que a Memória não se apague.
beijo
É preciso que a Memória não se apague!
EliminarBeijo.