domingo, 31 de janeiro de 2016

Há 125 anos gritou-se Viva a República...31 de Janeiro de 1891...


"O mais luminoso e viril movimento de emancipação que ainda sacudiu Portugal no último século" , assim definiu João Chagas o levantamento revolucionário de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, a primeira grande tentativa republicana de derrube da monarquia.



O ambiente de exaltação revolucionária e patriótica no Porto foi exemplarmente traduzido pela Liga Patriótica do Norte (LPN), fundada a 26 de Janeiro de 1890, logo a seguir ao ultimato. Presidida - a convite do monárquico Luís de Magalhães - pelo prestigiado poeta e socialista Antero de Quental, então radicado em Vila do Conde, a LPN reunia monárquicos e republicanos, irmanados no repúdio ao ultraje inglês e na ambição de recuperação de um país mergulhado em grave crise política, económica e social.

"Portugal - proclama Antero - expia com a amargura deste momento de humilhação e ansiedade de quarenta anos de egoísmo, de imprevidência e de relaxamento dos costumes políticos, quarenta anos de paz profunda que uma sorte raríssima nos concedeu e que só soubemos malbaratar na intriga, na vaidade, no gozo material, em vez de os aproveitar no trabalho, na reforma das instituições e no progresso das ideias".

Para o grande poeta - que após o fracasso do 31 de Janeiro regressa aos Açores, suicidando-se em Setembro de 1891 - o maior inimigo não era o inglês: " Somos nós mesmo, e só um falso patriotismo, falso e criminosamente vaidoso, pode afirmar o contrário. Declamar contra a Inglaterra é fácil: emendar os defeitos da nossa vida nacional será mais difícil (...) Portugal, ou se reformará, política, intelectual e moralmente, ou deixará de existir. Mas a reforma, para ser efectiva e fecunda, deve partir de dentro, do mais fundo do nosso ser colectivo: deve ser antes de tudo uma reforma dos sentimentos e dos costumes. Enganam-se os que julgam garantir o futuro e assegurar a nacionalidade com meios exteriores e materiais, com armamentos e alarde de força militar ".





16 comentários:

  1. Um discurso extremamente (e infelizmente) atual. :/

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  2. E hoje, nas ruas do Porto, uma centena de pessoas voltou a gritar

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  3. Não sei se em Bruxelas
    os eurocratas instalados
    saiba quem foi Antero
    e o significado do 31 de Janeiro

    ou muito me engano
    ou nem sequer saibam o que é
    ser Republicano

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  4. Os meus amigos monárquicos ainda hoje maldizem o dia.
    Beijinhos, boa semana

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    1. É verdade! E o contrário também é verdade: republicanos de alma e coração que se arrepiam quando se fala de monárquicos...

      Beijinhos republicanos...

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  5. Olhe esse grito, por aqui, hoje em dia, não nos diz muito não... Somos reféns de um bando nada confiável...
    Abraço.

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    1. Por aqui não estamos muito melhor, querida Célia irmã!

      Beijinhos

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  6. Ontem também me lembrei do movimento de 31 de Janeiro de 1891, no Porto. Agora, Lendo Antero de Quental parece-me que regredimos...
    "Portugal, ou se reformará, política, intelectual e moralmente, ou deixará de existir"...
    Um beijo, Graça

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    1. Antero, um grande visionário. Infelizmente para nós.

      Beijinho.

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  7. «Portugal, ou se reformará, política, intelectual e moralmente, ou deixará de existir. Mas a reforma, para ser efectiva e fecunda, deve partir de dentro, do mais fundo do nosso ser colectivo...»
    Ficámos aqui?

    Um beijo

    Lídia

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    1. Ai esta poetas - Lídia e Graça - que se encontram nas palavras de Antero, o grande poeta filósofo.

      Beijinhos para ambas.

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  8. muito bem lembrado...

    para que a Memória não se apague.

    beijo

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