Como os buracos de um crivo, apertadas,
As filas de janelas; empurrando-se,
As casas tocam-se de perto, erguendo-se
Pardas e inchadas como estrangulados.
Engalfinhadas umas nas outras vejo
No carro eléctrico as duas fachadas
De gente, descarregando olhares, caladas,
E cresce o emaranhado do desejo.
As paredes são finas como a pele,
Todos me ouvem quando choro, ou então
É como um berro a conversa ciciada:
Emudecidos, em caverna fechada,
Sem ninguém que lhes toque, olhe para eles,
Todos estão longe e sentem: solidão.
(Alfred Wolfenstein, traduzido por João Barrento, in A
Alma e o Caos)
Muito bom, Graça!
ResponderEliminarObrigada pela partilha.
Beijos
Não conhecia. Obrigado pela partilha.
ResponderEliminarUm abraço
Não conhecia, gostei muito. Vou procurá-lo.
ResponderEliminarum beijinho e uma boa semana
Não conhecia, gostei muito. Vou procurá-lo.
ResponderEliminarum beijinho e uma boa semana
Para terminar a minha ronda, não posso deixar de vir até ao teu espaço ver o que nos trazes hoje, Graça!
ResponderEliminarSoneto maravilhoso que descreve a solidão vivida nas florestas de betão e cimento armado!
O poeta alemão sabia do que falava e amais ainda não deviam existir as torres que passam acima das nuvens...
Beijinhos de espaços abertos! :)
Gostei imenso.
ResponderEliminarE fez-me lembrar o efeito biombo que tanto se sente aqui em Macau.
Beijinhos
Aí deve ser bem mais «sufocante». Parece-me.
Eliminar~~~
ResponderEliminarGosto muito do poema «Cidade» da Sophia...
Verdadeiros pombais, sem nenhuma qualidade de vida,
contudo a menina diz que é «muito citadina»...
Continuando a citar-te: «O que posso fazer?»
~ ~ ~ Beijinhos amigos. ~ ~ ~
E sou... citadina e... solitária também.
EliminarO poema «Cidade» da Sophia é um espanto!
«(...)
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas. (...)»
Muito lindo!!
Vivemos em comunidade... e totalmente isolados...
ResponderEliminarAbraço.
Bonito e verdadeiro. Não conhecia mas a solidão nas grandes cidades deve ser sufocante. Vivo numa cidade , mas a minha costela rural está nos genes...
ResponderEliminarM.A.A.
... e eu que não tenho nenhuma «costela rural»... eh eh eh...
EliminarPerfeita descrição...
ResponderEliminarBom Dia de REis
A solidão é um grande mal que percorre muitas pessoas.
ResponderEliminarMesmo muito acompanhada/o pode-se estar totalmente
em solidão.
Gostei amiga da poesia.
Bjs.
Irene Alves
Há 60/70 anos, as pessoas que viviam na minha proximidade não passavam de umas 30 famílias num raio de 100 metros. Nessa altura eu conhecia-as todas, uma a uma e entrava até nas suas casas pelos mais diversos motivos.
ResponderEliminarAs salas de estar de cada uma eram à porta de casa em verdadeiro convívio com os vizinhos, sempre que o tempo o permitia, pois que não havia TV, nem mesmo rádios . Lembro-me de virem a casa dos meus pais ouvirem as últimas notícias da guerra e se eu precisasse de fazer um telefonema, tinha que me deslocar a uma fábrica próxima !
Não havia solidão de qualquer espécie, apesar disto tudo !
Hoje são autênticas selvas urbanas e nem sequer conheço metade das famílias que vivem no meu prédio ! :((
Um Abraço, Graça ! ... Valha-nos a blogosfera ! No entanto, todos se queixam dos "males" das redes sociais ! :((
Valha-nos a blogosfera mesmo, Rui!!! Concordo consigo!
EliminarBeijinhos e Bom Ano para vós.
Fico feliz por terem gostado do poema. Se bem que... a solidão não seja sentida apenas no meio das grandes cidades. Podemos ter montes de conhecidos e sentir-nos imensamente sós. É por de mais complicada esta nossa mente humana...
ResponderEliminarA solidão "acompanhada" é a pior de todas!
ResponderEliminarBeijinho Graça
É bem verdade, papoila!
EliminarSensibilidade à flor da pele de quem vê,ouve e cheira o ambiente urbano das grandes cidades; também nas pequenas se acelera este mal da solidão.
ResponderEliminarUm poema magnífico de um autor que desconhecia. E a Sofia chamada nos comentários, que costumo ver na diagonal, complementa este quadro perfeito.
Parabéns.