«Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.» (…)
«Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?»
Onde é que há gente no mundo?»
Se me sinto acabrunhada porque alguma coisa me correu francamente mal, porque me desentendi com determinada situação, ou porque conflituei com determinada pessoa, e me permito um desabafo, a última coisa que eu quero é que me mostrem como isso nunca se passa com quem desabafo.
Acontece – ou, pelo menos,
acontecia – nas salas de professores e nos conselhos de turma lá na escola. Uma
pessoa queixava-se de determinado aluno ou de certa turma e havia sempre quem,
ato contínuo, despejasse para cima de nós que não, nunca tivera o mínimo
problema com esse aluno, com essa turma.
Tivemos lá aquela responsável
pelos serviços administrativos, pessoa de feitio execrável de que já aqui
falei, que fazia questão de (des)tratar, de nariz empinado e olhando-nos de
cima para baixo, tudo quanto fosse
professor que se lá dirigisse para pôr a mínima questão. De uma das vezes que
estive à frente dos destinos da escola, ingenuamente tive um desabafo, entre
pares, a propósito da dita pessoa, e logo recebi a voz sobranceira da minha
antecessora – derrotada nas eleições – dizendo cheia de certeza e de autoconfiança:
«Olha, eu nunca tive problemas com ela!»
Educadamente sorrimos, nem que
seja com ironia, mas ficamos – eu, pelo menos, fico – bastante contrafeitos!
Sofremos, cá no país, de um
enorme deficit em formação pessoal e
em formação social. Não sabemos como tratar com as pessoas, ao nível das
maneiras e, pior, ao nível da interação. Mostrarmo-nos de igual para igual e
com uma boa dose de humildade é, para nós, portugueses, “colocarmo-nos por
baixo”. A preocupação é mostrarmos como somos tão melhores do que os outros,
como somos gémeos da perfeição. Se amachucarmos os outros no seu íntimo,
paciência! Se impusermos toda a nossa “sapiciência” para cima dos outros, tanto
melhor! Ah! E se pudermos dar uma série de ensinamentos e conselhos, bom! isso
é a “transcendência”….
Se me sinto acabrunhada, a última
coisa que eu quero é uma pessoa que despeje todo o seu “saber sei lá de que
experiência feito” para cima de mim. Mas também não quero condescendentes
palmadinhas nas costas.
Apenas alguma decência e alguma
humildade chegarão…
Nem mais, Graça!
ResponderEliminarLido o teu 'desabafo' cheguei à conclusão que aquilo que gostarias de ver nos outros, é precisamente o mesmo que todos gostaríamos, quando nos acontece algo que nos incomoda e tentamos partilhar esse mal-estar com alguém.
Não queremos lições de moral, nem queremos a benevolência compassiva das palmadinhas nas costas.
Mas queremos que sejam sinceros e honestos, verdade? Logo que não usem de arrogância e não me olhem de cima para baixo, para mim já me chega. Podem até ficar calados...Não gosto é de fingidores...
Esse poema de Álvaro de Campos, já o tenho trazido à colação, a propósito de temas iguais ao que hoje nos trazes.
Um beijinho e tem uma boa noite. Amanhã é outro dia!! :)
Li, e quando li, adoptei a frase
ResponderEliminar"Todas as mulheres são boas, mas as melhores são professoras"
Bem, é uma frase um tanto exagerada,
mas tem a verdade
que baste
Não ligue, Graça
"Os cães ladram mas a caravana passa"
E, como diz a Janita, amanhã é outro dia. Sabia?
Tantas vezes que nos olham como o elo mais fraco porque confessamos uma dificuldade, uma fraqueza! Mas reconhecermos as nossas falhas é exactamente mostrarmos que não temos medo.
ResponderEliminarBeijinhos, Graça :)
Não podia estar mais de acordo consigo, Graça.
ResponderEliminarFico danado quando passo por essas situações!!
Beijinhos
O que você produz em seu texto é o mínimo de dignidade que "gostaríamos de ter e ver contaminando o mundo - hoje, muito individualista!
ResponderEliminarAbraço.
~~~
ResponderEliminarGraça, querida amiga, quem não levou já dessa pancada?!!
Eu até já fui traída na blogosfera por quem se dizia ser
minha amiga e que afirma - por todo o lado - ser muito
sincera e franca.
Ficamos com a alma com nódoa negra, mas passa...
~ Por inveja e ciúme.
São estes sentimentos negativos que impelem as pessoas a
destilar o seu veneno em atitudes mesquinhas, isentas de
solidariedade e civismo.
Apenas devem merecer um frio dó, por serem 'poucachinhas',
'baixinhas', ou seja, de mau carácter.
~ Espero que já te sintas melhor.
~ Fizeste bem desabafar conosco.
~~~~ Beijinhos animadores. ~~~~
Melhor que TAC, ressonância magnética!
ResponderEliminarE como ultrapassar isto? Cursos de formação? Tretas. Dizia a minha avó há 50 anos que o "faltou-lhe chá em pequenino".
Somos do mesmo signo amiga Graça, e embora diferentes nalguns gostos ;) netas questões de carácter somos parecidas, pois também, tudo o que descreveste me tira do sério.
ResponderEliminarMas,o melhor de ser do signo carneiro, é que não nos abatem ! Certo ?
Um beijinho
Fê
Quando fazemos uma verdadeira e sincera introspecção sentimos quanto nos sentimos inferiores ao mundo de "iluminados" que nos rodeia !
ResponderEliminarComo é possível fazerem-nos sentir tão "pequeninos" ? ...
Gente que nunca apanhou porrada, ... só campeões, semi deuses e afinal onde estão as gentes como nós ?
Álvaro de Campos muito bem adaptado às tuas (nossas) experiências pessoais.
Como dizes, alguma decência e mais humildade, precisam-se !
Beijinhos Graça ! :)
Concordo totalmente com este texto. Tenho ultimamente andado
ResponderEliminarmuito pelas Finanças. Perco horas e saio de lá a saber menos
do que quando entrei. Ninguém está disponível para explicar
nada.
Estamos a ser praticamente ignorados...
As leis cada vez são mais confusas.
Às vezes apetece-se desertar, mas a m/idade e do m/marido
"amarram-nos aqui".
Bjs.
Irene Alves
Concordo contigo Amiga, mas já fui mais de me calar, hoje não consigo e por vezes sai o que penso, se alguém me olha de cima para baixo, acabo por lhe dizer directamente aquilo que penso dela.
ResponderEliminarBeijinho
não escreveria melhor!
ResponderEliminarbeijinhos, bom fim-de-semana :)