quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Eu voto nele!


E não apenas porque conheço a sua obra há muitos anos. E não apenas pela sua independência e isenção. Desde que Cavaco - com a sua proverbial incapacidade de avaliar as pessoas - o convidou para «cabeça de cartaz» daquele 10 de Junho de 2012 fiquei com a nítida noção de que ele seria o Homem.

Mas porque há quem o diga muito melhor do que eu, deixo aqui parte das razões apontadas pelo Professor Carlos Fiolhais para votar em António Sampaio da Nóvoa.

«Vou votar em Sampaio da Nóvoa. (...) 

Mas não votarei em Sampaio da Nóvoa apenas por ele ser independente e isento. Votarei nele porque, uma vez eleito, saberá transmitir ideias mobilizadoras. O Presidente pode não ter, à parte situações de crise, muitos poderes, mas tem sempre o poder da palavra. E as palavras importam: traduzem ideias e determinam o futuro. São as palavras que nos orientam no meio da incompreensão e da incerteza. As palavras que queremos ouvir como fazedoras de futuro são, com certeza, democracia, liberdade, solidariedade, mas são também ciência, educação e cultura. E todas essas palavras têm sido ditas, sem dúvidas nem equívocos, por Sampaio da Nóvoa.

Antero de Quental, no manifesto de 1871 que anunciava as Conferências Democráticas, co-assinado com Eça de Queirós, falava da necessidade de “agitar na opinião pública as grandes questões da Filosofia e da Ciência moderna”. Em Causa da Decadência dos Povos Peninsulares Antero escreveu: “A Europa culta engrandeceu-se, nobilitou-se, subiu sobretudo pela ciência: foi sobretudo pela falta de ciência que nós descemos, que nos degradámos, que nos anulámos.” Hoje tornou-se claro que não há futuro sem conhecimento. O extraordinário desenvolvimento da sociedade humana nos tempos modernos deveu-se precisamente à ciência. Sampaio da Nóvoa como Reitor da Universidade de Lisboa colocou a ciência à cabeça. Ciência é uma palavra de futuro.

Mas, se o nosso atraso vem da falta de ciência, de onde vem a falta de ciência? Volto a Antero: “Dessa educação, que a nós mesmo demos durante três séculos, provêm todos os nossos males presentes.” O nosso défice de ciência veio do nosso défice de educação, outra palavra sem a qual não há futuro. Ficámos feridos com a nossa falta de escola no século XIX. O caso do atraso educativo português faz aliás parte dos livros de história do desenvolvimento. David Landes, economista de Harvard, apontou o dedo ao nosso analfabetismo na sua obra A Riqueza e Pobreza das Nações: “O contraste no analfabetismo entre os países do Sul e os do Norte da Europa é indubitavelmente grande. Por volta de 1900, 3% da população da Grã-Bretanha era analfabeta, o número para a Itália era 48%, para Espanha 56% e para Portugal 78%”. O défice de qualificações é hoje o grande drama nacional que urge superar. Ainda temos 5% de analfabetos e a percentagem de pessoas com um grau de ensino superior não chega aos 17%. Apesar dos progressos recentes, continuamos na cauda da Europa na qualificação da população activa. Sampaio da Nóvoa lembra-nos que falta ao nosso país uma escola que persista no trabalho e que prepare para o trabalho persistente.

Finalmente, a terceira palavra de futuro: cultura, ao mesmo tempo condição e resultado da ciência e da educação. Na linha da Questão Coimbrã, os republicanos preocuparam-se com a cultura. António Sérgio, o pedagogo que foi ministro da Educação na Primeira República, afirmou: “o problema da cultura, o problema da mentalidade: este é, se me não engano, o problema característico de Portugal moderno, e o mais grave dos problemas da sociedade portuguesa.” Sophia Breyner Andresen, a poeta que foi deputada na Constituinte, explicou: “perante a política a cultura deve sempre ter a possibilidade de funcionar como antipoder”. E Alexandre O´Neill, o poeta amargurado e irónico, resumiu: “Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo/ golpe até ao osso, fome sem entretém.” Sampaio da Nóvoa leu e lembra-nos as palavras deles.»

Compreenderão que isto representa muito mais do que quantos Marcelos, do que quantas Marisas podem oferecer.

23 comentários:

  1. .... Argumentos mais do que suficientes para uma indicação de voto coerente - as necessidades do país que somos assim o exigem.

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  2. As eleições presidenciais estão a passar-me um pouco ao lado.
    As sondagens dão vantagem a Marcelo.
    A sondagem a sério é no domingo.
    Entre Marcelo e Sampaio da Nóvoa, um será presidente.
    Qualquer deles bem melhor que o actual.
    Beijinhos, bfds

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    1. Pois assim será, mas duvido que Marcelo venha a ser melhor que o atual. Vejo-os na mesma linha - um palhaço pobre (ou um pobre palhaço) que dará lugar a um palhaço rico. Não acredito nada nem confio nestas palhaçadas de Marcelo.

      Vamos ver.

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  3. A minha desilusão com a falta de formação cívica do povo em geral é cada vez maior.
    O grave é que entre a Juventude parece notar-se que o interesse pela participação e até pela informação cívica, quem são os candidatos a Presidente da república, se resume àquilo que veem na TVI. Perguntei eu a dois jovens (20 e 18 anos) muito chegados em quem iam votar. Resposta: ou na Mariza ou naquele da TV, o Ma..r..delo, esse!
    Fartei-me de lhes dizer que precisam de estar mais atentos, que o Futuro são eles que o começam a desenhar, AGORA!
    Desilusão completa!

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    1. Não dá para entender o desinteresse, o deixa-andar, da inércia deste povinho - novos ou velhos.

      Que desconsolo!

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  4. Minha amiga , mais uma vez do mesmo lado.M.A.A.

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  5. Gracinhamiga

    Aqui de Goa vai o meu lamento e a minha tristeza: pela primeira vez desde o 25 de Abril nãao voto - porque aqui não posso, por motivos óbvios, votar"

    Mas, se estivesse aí VOTARIA SAMPAIO DA NÓVOA!!!. E diz a Raquel que também voltaria SAMPAIO DA NÓVOA

    De Goa, seguem bjs da Raquel e qjs do Leãozão

    Espero que tenhas recebido o primeiro textículo de Goa...

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    1. Recebi, sim senhor! Mas ainda não tive tempo de o ler. Isto de ser avó de miúdos pequenos e continuar a dar aulas deixa-me muito pouco tempo livre...

      Lamento serem dois votos a menos em Sampaio da Nóvoa...

      Beijinhos aqui da lusitânia pátria diretinhos para Goa City!!!

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  6. Eu também... em Fevereiro
    mas em Edgar, primeiro

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    1. E haverá Fevereiro
      Ou teremos de aturar aquele «bonecreiro»?

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    2. Camarada, não há fevereiros, o Marcelo ganha à primeira.

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  7. ~~~
    Nem te preciso dizer que estou com Sampaio da Nóvoa,
    mas, no início, confesso que não o conhecia...
    Tem uma equipa de mandatários excelente e sensacional!

    Espero novamente, que a esquerda portuguesa seja ajuda providencial, desta vez, na derrota do muito atrapalhado,
    instável e presumido menino-bonito da SIC...

    ~~~ Beijinhos esperançosos, Graça. ~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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    1. A esperança é a última a morrer, Majo!

      Vamos ver.

      Beijinhos bem esperançosos!

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  8. Nenhum candidato "me serve". E das duas uma: ou porque sou muito exigente, ou então não percebo nada disto.
    Vou mais pela 2ª hipótese e ainda assim não estou convencido que algum destes 10 venha a ser um bom Presidente.
    Um presidente melhor do que o actual sim, mas não um Presidente.
    E como eu gostava de estar enganado...
    ó_Ô

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