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Tanto livro bom a sair e não
conseguir ler tudo! [faz lembrar o louco verso de Campos «Quero sentir tudo de
todas as maneiras»]. Não se trata de falta de tempo. É que, mesmo que
conseguisse passar todo o tempo a ler – o que não seria possível e ainda bem –
não daria para ler tudo o que eu acho que deveria ler!
Nas livrarias – em algumas – há livros
que parece que se me agarram às mãos, mas não há tempo, nem espaço, nem
dinheiro para tanto material de leitura. E depois há os jornais e as revistas
de livros e leituras que não param de nos informar, de nos dizer o que há mais
para ler. Tanta poesia boa. Tanto romance de grandes autores nossos a serem
reeditados e que ainda não foram lidos. Tantos estudos literários interessantes
para conhecer!
Na rubrica Maisartes do DN de
sábado o jornalista João Céu Silva dá notícia do Livro Viagem a Itália 1786-1788 de Goethe com prefácio e tradução
de João Barrento, nome que, de alguma forma me é próximo e não apenas pelo
lançamento da obra da misteriosa Maria Gabriela Llansol ou pela fundação do
Espaço Llansol em Sintra, mas muito especialmente porque foi meu professor na
Faculdade. Mau professor, diga-se, porque pouco ou nada consegui aprender com
as suas aulas de literatura norte-americana. Conhecendo o seu trajeto de
estudos literários, percebi que se dedicou mais profundamente à literatura
alemã, pelo que acredito que ter dado aulas de literatura norte-americana nos
primórdios da sua carreira possa ter sido uma necessidade mais do que um gosto
ou um prazer.
O curso de Germânicas, nos idos
de 60, numa época em que o centro do conhecimento ainda era a cultura francesa,
não era o mais bem lecionado ou o mais conseguido da Faculdade de Letras de
Lisboa, se bem que fosse já o mais concorrido, o mais procurado pelos alunos. Os
professores catedráticos de grande nível pertenciam ao Departamento de Românicas,
enquanto o Departamento de Germânicas tinha apenas um professor catedrático que…
enfim… Valia-nos o facto de termos algumas cadeiras comuns em que podíamos usufruir
de algum bom ensino, de algum encantamento.
De facto, a nossa passagem pela
Faculdade, pelo menos naquele tempo, tinha mais de encantamento do que propriamente
de absorção de conhecimentos. Pelo menos para mim foi. Vinda de um Liceu
opressor como eram os Liceus de Lisboa naquela época, a passagem pela Faculdade
foi uma libertação, uma aprendizagem social e pessoal, uma abertura de vistas
apesar da situação fascizante e o ambiente pidesco que se vivia: no ano da
crise académica de 1969 estava eu a terminar o 3º ano.
Mas aquele foi o tempo em que eu tive
o contacto possível com a «transcendência» … É que tive professores como Vitorino
Nemésio, Lindley Cintra, Monteiro Grilo, ou seja, o poeta Tomaz Kim, o Padre
Manuel Antunes; tive assistentes como António Machado Pires, Ivette Centeno e
Teolinda Gersão, todos em início de carreira; cruzei-me nos corredores com o
grande (e super vaidoso…) David Mourão-Ferreira, com os Prado Coelho pai e
filho, com José Barata Moura, além de que tive colegas como Nuno Júdice e Luís
Miguel Cintra. Foi ou não foi um encantamento?
Completamente, Graça! Um grande e verdadeiro encantamento, que eu já não tive a felicidade de conhecer.
ResponderEliminarNão sendo tu uma pessoa saudosista, sente-se uma notória nostalgia neste teu belo texto.
Um beijinho.
Foi um dos melhores tempos da minha vida, Janita, aquele que passei na Faculdade! Sem saudosismos. Foi uma aprendizagem, uma sorte!
EliminarBeijinho.
~~~
ResponderEliminarPercebemos que foi um encantamento,
pois recordas amiúde, com muita saudade...
Porém, até a literatura evolui e é bom estar atualizado,
ainda que minimamente, já que é impossível ser de outro modo.
~~~ Beijinho, Graça. ~~~
Minimamente, Majo... De outra forma não dá...
EliminarFoi um verdadeiro encantamento.
ResponderEliminarUma sorte!
EliminarBeijinho.
Um privilégio, Graça, acima de tudo um privilégio.
ResponderEliminarBeijinhos
Lá isso foi, Pedro.
EliminarBeijinho.
Foi mais do que encantamento, foi um presente dos deuses!
ResponderEliminarbeijinhos
Os diabos têm muita sorte, São...
EliminarBeijinho.
O facto de se ser um escritor famoso, não significa que se seja um bom professor... ;)
ResponderEliminarBeijocas
Ah pois não, Teté!!
EliminarBeijinho
Há Homens e Mulheres que não deixamos morrer
ResponderEliminarHá Homens e Mulheres que não deixamos morrer
ResponderEliminarE não são só estes..
EliminarEncantamento que pareces sentir carinho!
ResponderEliminarUm beijinho Graça.
Foi uma época muito especial, Flor! Obrigada pelo teu carinho.
EliminarBeijinhos.
Sem dúvida. Os nomes que citou ainda hoje se mantêm por aí nas livrarias e temos todos que o manter no "activo" para que o seu legado não se perca nos arquivos mortos da memória. Como diz bem o Mar Arável (EF) "há homens e mulheres que não deixamos morrer".
ResponderEliminarBoa noite.
O mais amoroso de todos foi mesmo Vitorino Nemésio. Um querido. Um doce. E um poço de sabedoria.
EliminarBeijinho.
A Rtp Memória de vez em quando tem programas giros e convém estar atenta pois o Vitorino Nemésio é um dos que já vi e pode vir a ser repetido. Era mesmo um encantador.
Eliminarbjs
Maravilha... :)
ResponderEliminarE foi!...
EliminarBeijinho.
Graça, Essa lista é melhor que um Curriculum :)))
ResponderEliminarbjs
:)))
EliminarBeijinhos
Tanto livro que gostaríamos de ler. Tanta revista com informação interessante e depois ainda há a TV, o FB, o radio. Realmente, Graça não temos tempo para por tudo em ordem. Há que fazer uma seleção. Um abraço.
ResponderEliminarPois é. Mas o difícil é fazer essa seleção!!
EliminarBeijinho.