No nosso país há dois temas que
toda a gente se acha no direito de comentar (ou mandar uns bitaites…): o
futebol e a educação.
Os jornais e os noticiários
desdobram-se em artigos, comentários e opiniões sobre a educação, mas, ao
contrário do que acontece com a economia – em que vão buscar especialistas nem
que seja à China (?!) – raramente se fazem valer de (verdadeiros) especialistas
em educação.
Ontem, espantei-me com uma
entrevista feita ao Professor Joaquim Azevedo que o DN promoveu e publicou. O
título, só por si, (não me dando embora grande novidade) é francamente
inspirador: “O nosso modelo escolar é do
séc. XVIII e não está adaptado à realidade”. Depois de dizer muito
simplesmente que o modelo está esgotado e que há mais de vinte anos que se sabe
que está esgotado, afirma que o problema da educação - que se centra na desatenção
e no desinteresse dos alunos pelas matérias escolares que provocam desmotivação
e indisciplina - não passa, nem de perto nem de longe, pela realização ou não
de exames. A propósito desta «guerra» dos exames e da avaliação formativa, diz
que, no seu trabalho pelas escolas, vê que os professores só sabem é
classificar (não avaliar…)
Sobre isto menciona o novo modelo
de educação implementado na Finlândia e nos colégios jesuítas da Catalunha que
rompe completamente com toda a organização letiva passando a estruturar o processo
de ensino-aprendizagem a partir de temas que interessem aos alunos. Porém, todo
este processo está a ser preparado na Finlândia há trinta anos tendo-se começado
a investir nos professores, mudando a formação inicial e as regras de
funcionamento da profissão docente. Adaptando esta questão ao nosso país, expõe
a forma como se poderia começar a preparar por cá a implementação deste modelo.
E, para isso, propõe que a nota mínima de acesso à profissão docente deveria
ser 16. Exigir ao nível do que se exige para a Medicina.
Mas a entrevistadora – Ana Sousa
Dias – insiste na questão dos exames ou não-exames que muitos dizem que tem a
ver com a permissividade e a indisciplina. Ao que o Professor contrapõe: «Isso é uma conversa estafada. Essas tensões
existem mas o problema não é esse. É uma mistificação, porque um sistema com
exames pode ser altamente permissivo. Ficam bem os que ficam bem no exame. E os
outros? Em Portugal, aumentou imenso, nos últimos anos, a retenção no 2.º ano.
Porquê? Pelo efeito do exame. Mas aprende-se melhor? Temos de ir um bocadinho
mais atrás, mais longe. Esse tipo de discussão cansa-me, não conduz a nada.
Vivemos num mundo de faz de conta: faz de conta que escola funciona bem; faz de
conta que os exames são bons para os alunos aprenderem; faz de conta que os
professores ensinam bem; faz de conta que a legislação que o ministério põe cá
fora é eficaz e que os professores e as escolas a seguem, faz de conta que
existe avaliação formativa.»
A questão que eu ponho é a
seguinte: sendo o Professor Joaquim de Azevedo um homem da área político-partidária
mais próxima do PSD, e com os conhecimentos profundos que «ganhou» com os seus
estudos e experiência no âmbito das Ciências da Educação, porque não conseguiu
pôr algum juízo na cabeça no ministro (C)rato?
O que se tinha evitado!!
São ideias que ficam caras, Graça!
ResponderEliminarO que conseguiram foi fazer dos professores uma classe na qual todos "batem" e que se sente abatida.
Beijos :)
É bem verdade, Maria! toda a gente «bate» nos professores...
EliminarGraça,
ResponderEliminarComeço pelo fim, nunca será possível meter juízo na cabeça a quem há muito a não tem!
Depois, se o homem é próximo do PSD ninguém percebe porquê, pois eu penso mais ou menos o mesmo...
Por fim, vou ao principio: como não falo (quase nunca) de futebol, aprimorei-me a dar bitaites sobre educação!
Tem visto? Não?
Claro! E até não vai nada mal...
EliminarFutebol, até discuto (percebo uma coisas).
ResponderEliminarPolítica educativa deixo para quem entende.
Beijinhos
Gente inteligente é assim que faz...
EliminarBeijinhos, Pedro.
Pois é! Todos sabem de Educação, mas poucos sabem encontrar soluções credíveis para uma Escola mais eficaz. Será porque ela é, sem mais nem menos, o espelho da Sociedade onde se insere, das disfunções, aturdimentos e desconsertos dos tempos que vão correndo?
ResponderEliminarBj.
Lídia
«Pescadinha de rabo na boca», Lídia. Uma é espelho da outra e assim vamos...
EliminarO ministro Crato é um caso incurável
ResponderEliminarNada a fazer! Oxalá não volte nunca mais!
EliminarPois é amiga, falar de educação deve ser para quem
ResponderEliminarverdadeiramente saiba do assunto, mas que as mexidas
constantes não me parecem muito bem, mas...
cada governo/cada Ministro.
Veremos se este fará algo de positivo se lá estiver
tempo suficiente para tal.
Bjs. e o desejo que se encontre bem.
Irene Alves
Vamos ver o que vai ser o nosso futuro próximo, Irene. Receio o pior...
Eliminar~~~
ResponderEliminarUm comentário excelente, assim como a pertinente pergunta.
~~~ Beijinhos, Graça. ~~~
Obrigada, Majo!
EliminarPor aqui (Portugal) impera a cultura do bitaite, Graça !
ResponderEliminar"Treinadores de bancada" é coisa que não falta em nenhum dos campos, desde o futebol, passando pela economia e acabando na política !
Não há Presidente nem Governo que se mantenha bem visto e isso vai ser demonstrado em poucos meses !
Todos são (somos) "especialistas" do bitaite, do que não conhecemos .
O problema põe-se é ao fim de algum tempo, em que a partir de certas situações reais, afinal as coisas não são bem assim como pareciam à primeira vista ! ... e isso é uma pena e torna o país ingovernável a curto prazo ! Ninguém gosta de ver cada macaco no seu galho !
Oposição sim, é o que dá ! Mais cómodo não pode haver ! ...
É tãããoo fácil !!!
Abraço, Graça !
Ai, ai, Rui! Este país não tem emenda!!
EliminarMais cómodo ainda é «absterem-se» do voto e de tudo... É a cultura do «deixa andar». Um sufoco!
Beijinhos
A Educação vai mal? O que é que vai bem neste País?
ResponderEliminarO problema é não há ideia nenhuma na cabecinha dos nossos maiores. O melhor que se arranja são copy paste mal amanhados ou o regresso ao passado. Veja-se o que o ministro Crato fez: exames e facilitação da privatização da educação.
E eu não percebo nada do assunto mas há coisas que se vêem à distância.
O problema é não haver...
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