sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Decadência do DN

Nada tenho contra a jornalista Ana Sousa Dias. Até gosto da forma serena como entrevista as pessoas, mesmo sendo ‘comentadeiros’ como Marcelo Rebelo de Sousa. Mas quando, na 4ª feira passada, levada pelo hábito de ir àquele rectângulo no canto superior direito de uma das primeiras páginas centrais do DN para me deliciar com a prosa aguerrida e quase sempre certeira das crónicas de Baptista-Bastos, e me dou com uma cronicazinha de bairro assinada pela dita jornalista, o que senti não foi deceção, não! Senti-me mesmo defraudada. E pensei: agora é que o DN vai passar a ser um jornalzinho como os outros – sem grande interesse.

Exagerada como (sabem que) sou, lembrei-me imediatamente daquele domingo de há alguns anos, em que abri a Notícias Magazine e, ao ler o editorial, como habitualmente fazia, me deparei com uma conversinha mixuruca, daquelas destinadas a donas de casa (não desesperadas) de missinha ao domingo, altamente moralista e pseudo feminista que me deixou pelos cabelos. De então para cá, nunca mais olhei para a NM com olhos de ver porque, tirando alguns textos do escritor Gonçalo M. Tavares que preenche a última página, todo o restante conteúdo passou a ter a ver com restaurantes gourmet, chefs (a grande moda da pepineira), modas, maquilhagem e formas de manter a linha.

Hoje, 6ª feira, perguntei-me: «será que a Câncio ainda tem autorização para lá escrever?» Sim. Esta semana ainda escreveu e com que força! A crónica chama-se «A poesia disto» mas nada tem de lamechas que deve ser o novo estilo a dotar no DN e muito menos do estilo yes, minister . Vale a pena dar uma vista de olhos.

A questão será: até quando vai a Câncio poder manter a sua crónica de «mal dizer»?


15 comentários:

  1. A Fernanda continua a escrever, porque é jornalista do DN, caso contrário...
    Já me referi à canalhice que o André Macedo fez ao BB. Gosto e até em tempos me dei bem com ela, da Ana Sousa Dias, mas não li a crónica dela. De qq modo, hoje há uma coisa muito pior no DN. Passou a ter direito a coluna um espanhol ( versão castelhana do César das Neves) que é um saudosista do Franco e um reaça do piorio.
    Bom FDS, Graça

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  2. Engraçado eu ia falar sobre a coluna no DN do espanhol, agora reparo que o Carlos já disse tudo.

    Bom fim de semana Gracinha.

    Beijinho e uma flor

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  3. não acho que seja decadência, apenas mudança, Graça.

    e ainda é cedo para falar...

    abraço

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  4. Crónica de "bem dizer" quer a minha amiga dizer.

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  5. Gracinhamiga

    Este DN não tem nada que ver com o meu DN... E não se trata de saudosismo, pois quase nuca tenho saudades. E não há motivo para tê-las, mesmo que as quisesse ter...

    Os dias vão mal para os jornais e os jornalistas, apenas escapam as revistas cor-de-rosa, que vendem à custa de escândalos e das telenovelas. Despedir jornalistas será a maneira de gerir? Não creio, mas parece que sim.

    Se não for algum mecenas, como o Belmiro em relação ao Público, a coisa está realmente preta, como diz o Chico Buarque da Holanda. No DN e só nos últimos três anos despediram 47 jornalistas, alguns bons e outros muito bons. O downsizing está na moda - o que quer dizer no olho da rua.

    As edições on-line parecem sobreviver. Mas, até quando? Os jornalistas - como todos os profissionais - não são bons nem maus; são jornalistas e isso diz tudo. Têm de ser... jornalistas. Recorre-se, portanto, aos estagiários normalmente à borla e saídos das universidades que formam tantos alunos o que é péssimo frente ao mercado do trabalho.

    Palavra de honra que hoje não seria chefe de uma qualquer redacção de quotidianos e - quem sabe? . de alguns semanários. É com tristeza que o digo. Tenho algo de que me honre: nunca me vendi; vendi, sim, a minha força dee trabalho ao "patrão" que me pagava, Triste sorte.

    Con respecto al español ése hay que tener mucho cuidado porque el franquismo, como el salazarismo están regresando en vigor! ¿Qué hacer? ¿Acabar con él? pero ¿cómo y dónde? Los periódicos en papel comienzan desapareciendo, por desgracia. Los verdaderos periodistas también. Lamentablemente esto es lo que tenemos y lo que tendremos.

    Qjs tristes

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  6. Tinha lido salvo erro na terça feira que o BB tinha sido afastado do DN. A liberdade de imprensa em Portugal é cada vez mais uma frase bonita na Constituição.
    Um abraço e bom Domingo.

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  7. Sem o BB o DN não é o que era!
    Também partilhei essa Crónica da Fernanda Câncio no FB...

    Abraço

    Rosa dos Ventos

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  8. pelo que se está vendo, não deverá ser por muito tempo.

    Ana Sousa Dias tem que ganhar para viver...e , como tu, gosto dela e do seu jeito de entrevistar.

    Fica bem, linda

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  9. Nada tenho contra a Ana Sousa Dias, São!!! É mesmo contra a nova orientação do jornal.

    Beijinho.

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  10. Não costumo comprar o DN, só muito esporadiacamente, no entanto, procuro on_line as crónicas do Ferreira Fernandes e lia o Batista-Bastos, que é uma pena terem suspendido.
    A Ana Sousa Dias parece-me que não irá despertar grande interesse mas sempre será melhor do que a Celeste Cardona. Esta senhora apresentava umas crónicas originalíssimas. Uma delas era a exaltação da lancheira. Depois de a ler interrogava-me: como é que ela foi ministra da Justiça, administradora da CGD, EDP...?

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    1. Como ela teve esses cargos? Isso é outra conversa! Quero dizer outra política...

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