Ouvi ontem o bolorento banqueiro
Ulrich a dizer no telejornal: «Houveram
bancos que…» quando se sabe que o verbo haver é um verbo impessoal que se usa
apenas na 3ª pessoa do singular.
Outro dia atrás, na primeira
página do meu jornal diário, vinha escarrapachado o título «Por que o Brasil castiga as empresas
portuguesas», quando deveria ser usada a forma «porque» tem um nexo causal. A forma separada «por que» usa-se em
frases como «a razão por que …».
Algumas páginas à frente, numa
entrevista a um ex-ministro, a primeira pergunta do jornalista começa assim: «Agrada-o que o Manifesto dos 74 (…)
tenha chegado à Assembleia da República (…)?» Agrada-o? Agrada-o?!
Então um profissional da língua não sabe quando há-de usar um complemento
direto (o) ou um complemento
indirecto (lhe)?
Noutro jornal daqui da cidade
minha hospedeira pude ler outra pérola da língua que foi: «serviriam-lhes». É incrível a ignorância que envolve a
pronominalização das formas verbais do futuro do indicativo e do condicional
quer nos jornais, nas legendas e, no registo oral então, nem vale a pena falar!
Pior ainda é a importação de
estruturas frásicas da língua inglesa e imediata colagem à nossa língua como é
o caso do «É suposto» que é a
tradução direta da passiva idiomática inglesa que não existe em português; e,
mais irritante, a utilização do pronome «tu»
em substituição da apassivante «se» que
implica um maior esforço gramatical para o falante pouco conhecedor do
funcionamento da língua. Por exemplo, para descrever um determinado
procedimento, em vez de dizer «pegue-se em seis ovos,
separem-se as gemas das claras, misture-se o açúcar com a farinha, utilize-se
uma caçarola, etc…», o que implica a utilização do modo conjuntivo (que é uma
dor de cabeça para muitos dos falantes) a pessoa – que se acha super-moderna –
dirá: «tu pegas em seis ovos, separas as gemas das claras, misturas … etc,
etc.»
E depois de todos estes atentados
à nossa língua (e muitos, muitos outros) ainda há uma boa parte de pessoas,
algumas das quais de elevado saber, que andam muito raladas com um «c» ou um «p» a mais ou a menos na ortografia de algumas palavras…
Esse gato tem cara de quem arranha umas coisas.
ResponderEliminar:)
Um gatão sabichão...
EliminarTambém ouvi "Houveram" com ironia até fiz comentários sobre isso.
ResponderEliminarÉ normal o ser humano se enganar, mas assisto a cada pontapé na ferradura de grandes figuras.
Beijinho e uma flor
«Herrar é umano», Flor.....
EliminarBeijinhos
~
ResponderEliminar~ ~ Boa malha, Graça.
~ ~ Mas também já assisti a tremendos desastres no uso do AO, nomeadamente, no uso dos hífenes.
~ ~ ~ Beijinhos. ~ ~ ~
Não pude deixar de rir!!
ResponderEliminarTenho que começar a ter mais cuidado, não vá dar umas calinadas na gramática imperdoáveis.
O “tu” é muito usado como tradução do “you”, até por adultos. : ) Mas um garoto de 7 anos (eu sei que não se deve começar uma frase por “mas”) recém-chegado – e já com sinais de vir a ser um grande galanteador – disse-me ontem: Senhora, tu estás muito bonita outra vez!
Tens razão, Graça, eu própria noto uma grande diferença na forma como se escreve atualmente e como os jornalistas, por exemplo, escreviam há vinte e mais anos.
Mais uma coisa: podes corrigir-me sempre que eu cometer um erro. : ) Eu agradeço!
Nem me atreveria, Catarina, Senhora muito bonita.... Só me enervam os erros dos jornais e outros que tais....
EliminarAdorei o gato...
ResponderEliminarDo resto , enfim...se queres que te diga, por vezes já nem sei se é erro ou se faz parte do Acordo .
Já me aconteceu ir ver ver ao dicionário uma palavra para confirmar , pois a vi repetidamente mal escrita!
A páginas tantas , já não sabia se era eu que estava errada, embora nunca tivesse dado um único erro.
Bons sonhos, Gracinha
Tantas vezes vou ao dicionário, São!!
EliminarÉ com cada chuto na gramática!!!
ResponderEliminarBeijinhos e votos de bfds
A língua é viva, evolui, mexe-se, mas que tem dores... Ai, isso tem!
ResponderEliminarO gato!... Espetacular! (sem ou com c?) :)
Um beijo
Há erros e erros...alguns decorrem da ignorância de quem escreve ou fala outros de quem repassa o texto.
ResponderEliminarClaro que os erros dados oralmente não há volta a dar-lhes como aquele que o tal banqueiro deu e que também ouvi! :)
Abraço
Rosa dos Ventos
É fácil darmos calinadas oralmente, mas por escrito e quando se trata de profissionais da palavra é imperdoável.
EliminarSabe , já estou por tudo , mas mesmo tudo . Agora esse gato , que coisa linda .
ResponderEliminarM.A.A.
Como é sabido,
ResponderEliminaruso vernáculo antigo
e, quanto ao bom português,
avanço sempre que se trata
de pôr pês e cês e mais pês
:))
Eheheheh.... Vernáculo também eu uso e cada vez mais....
EliminarEstou a ver que os meus amigos gostaram foi do gato!!! E têm bom-gosto, sim senhor!
ResponderEliminarBom fim-de-semana para todos.
O grandessíssimo imperativo do bloger lixou-me, agora mesmo, a escrita que tinha acabado de alinhar. Provavelmente por ter dado alguma calinada. Prefiro que seja a Graça a fazer a correção. Agora vou guardar no Word antes de publicar.
ResponderEliminarTinha escrito mais ou menos assim: compreendo que o simples mortal, por natural preguiça, evite conjuntivos, futuros, condicionais, sobretudo no modo reflexo; o mesmo não digo em relação à comunicação social e aos profissionais da mesma.
Também fica mal que pessoas com exposição pública utilizem na música, sempre e só, o tom de Dó maior (acorde Dó, Mi, Sol) havendo tantas tonalidades ao dispor. Principalmente os senhores da conjuntura que são poupadinhos. Usam tom indicativo, minguado, com três notas: presente, pretérito imperfeito e pretérito perfeito. Já assim o fazia Leon Bell o queijeiro de La Vache qui rit, do eterno três a desfazer-se na boca. Vá lá, vá lá, para nos alegrarmos ainda temos o "façaremos"! Será por isso que as vacas, açorianas, se riem? Sorriem? Sorriam!
Grassinhamiga
ResponderEliminarEu não çei porque te enchofras com coizas mal ditas, as malditas, mal escrevidas, é tudo portugês da mais fina floure. A jente fazemos o que pudemos e haverão melhores dias. Fica çabemdo que quem dá o que póde não póde, não malembro mas penço que qualqer coiza açim. E prontes, xegei ao fim.Pmço que na prossima façarei melhor.
Qjs
Enricamigo,
EliminarEu não fazeria milhor.....
Fico arrepiada com todos os erros e atentados que constantemente são feitos à nossa língua por pessoas que tinham obrigação de a falar correctamente.
ResponderEliminar(quanto ao AO, não é só um c ou um p a mais ou a menos na ortografia...e tu sabe-lo!)
Mas há que andar para a frente com a ortografia, Justine...
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