Eu podia hoje falar do trágico ataque terrorista que aconteceu na cidade de
Manchester – mais um! E quantos mais poderão acontecer?
Poderia, por outro lado, lamentar as trágicas mortes inúteis dos tantos
milhares de sírios, de afegãos, de iraquianos (e crianças, senhor!) por força
daquelas “primaveras” árabes de tão triste memória. E as crianças e as famílias
que sucumbem naquelas travessias lúgubres da Líbia para a Itália em precários barcos
de borracha?
Poderia comentar a balbúrdia instalada em Brasília por um presidente que,
ávido do poder, conspirou e destituiu a sua antecessora e que agora se vê na
mesma situação, agarrando-se, frágil e temeroso, ao posto do comando,
prometendo – ou ameaçando – não sair!
Poderia ainda ironizar, zombar, escarnecer as cenas façanhosas daquele
presidente tartufo que o povo americano escolheu – ou se lhe impôs, sei lá! –
nas suas rústicas visitas a Moscovo, ao Vaticano e hoje na NATO.
Poderia, tão-somente, deixar aqui o pensamento que me tem assolado o
espírito ultimamente sobre o número de greves que têm sido convocadas para a
função pública – convenientemente marcadas para as sextas-feiras, note-se! – número
mais elevado, parece-me, no espaço de tempo em que o atual governo está em
funções do que nos quatro longos anos do governo anterior que, esse sim, deitou
por terra grande parte dos benefícios dos ditos funcionários…
Mas não!... Hoje foi o dia da espiga – tradição tão nossa, tão simples e
primaveril, que dá vontade de reler Cesário Verde e trautear música popular de
qualidade…
«Espreitam-te, por cima, as frestas dos celeiros;
O sol abrasa as terras
já ceifadas,
E alvejam-te, na
sombra dos pinheiros,
Sobre os teus pés
decentes, verdadeiros,
As saias curtas,
frescas, engomadas.(…)
Exótica! E cheguei-me ao pé de ti. Que vejo!
No atalho enxuto e
branco das espigas
Caídas das carradas no
salmejo,
Esguio e a negrejar em
um cortejo,
Destaca-se um carreiro
de formigas(…)»
("De Verão", Cesário Verde, 1887)
Votos de muita farturinha para todos!
Quinta-feita da espiga nao era o dia dos namorados?
ResponderEliminarGrande Amalia! : ))
Era dia dos namorados irem à espiga...
EliminarNem me lembrei disso.
ResponderEliminarUm abraço
E eu lembro-me porque a senhora que me limpa a casa pergunta-me sempre onde vou à espiga...
EliminarBeijinho.
Dia da espiga é feriado aqui na Marinha Grande e tradição de ir fazer piquenique na nossa mata!
ResponderEliminarPara mim foi mais uma viagem a Coimbra.
Já não me lembrava desta música cantada pela Amália.
Beijinho Graça
Bem sei que é o dia da cidade da Marinha, Adélia.
EliminarLamento não teres podido festejá-lo convenientemente... :((
Quanto às canções... cá estou eu para vo-las fazer lembrar...
Beijinhos cantados...
Parece que a celebração da Espiga foi esmorecendo. Quando vierem as trovoadas sempre quero ver como se fará.
ResponderEliminarSerá que o rol de desgraças do Mundo, que a Graça apontou, vai aumentar ainda maise a sensibilidade do homem diminuir?
Espero que não, Agostinho. Pelo menos, não foi essa a minha intenção...
EliminarSão muitas, como diz. as "desgraças" que vão por este mundo fora! Fica-nos a lembrança maravilhosa da nossa Amália com o trevo (de 4 folhas?) neste Dia de Espiga.
ResponderEliminarUm grande trevo de 4 folhas para si, amigo Manuel. E para todos nós, que bem precisamos.
EliminarAmiga ainda bem que nem tudo é mau!
ResponderEliminarUma comemoração que desconhecia!!! Bj
Oh!!! A menina não conhecia esta tradição tão portuguesinha?!
EliminarMas está, de facto, muito esquecida... e é uma pena porque é tão primaveril! Se tivessem sido os americanos a festejá-la, nós, portuguesinhos tontos, depressa a imitaríamos...
Por aqui foi feriado e dia de ir para o campo. Foi um bom dia!
ResponderEliminarQue bom Maria!
EliminarAgora também já é Dia que me passa e passa sem que dê por ele, Graça! :) Mas, tempo houve, em que ia para o campo com as minhas amigas apanhar o ramo da espiga. Se tivesses ido ao 5º Encontro, terias visto fotos que tirei, nos Olivais, dos anos 60, com duas amigas. todas três vestidas de igual. :))
ResponderEliminarBeijinhos Graça. Adorei reler Cesário Verde, ouvir a nossa querida Diva do fado, e claro, ler-te a ti.
Cesário é outro (dos muitos outros) que também está completamente esquecido... Um impressionista como Monet... mas português...
EliminarEu também fico pela poesia de um dos maiores poetas portugueses. Ultimamente, até receio ler ou ouvir notícias.
ResponderEliminarOs portugueses têm de amar o Donald Trump. Ele também odeia a ALEMANHA, embora as críticas ao país onde vivo, não sejam tão disparatadas como parecem à primeira vista.
Compreendo bem o teu azedume contra quem se opõe à Alemanha porque é o país onde gostas de viver. Mas temos de admitir que os alemães também se põem a jeito. Não estou a falar do Trump, que esse é um energúmeno sem miolo!
EliminarPodias ter falado de muitas coisas tristes que acabaste de mencionar, mas o melhor foi a forma como assinalaste o dia da espiga. Gostei de recordar a voz da nossa Amália.
ResponderEliminarEu fui apanhar a espiga.
Que haja sempre muita farturinha em tua casa,
Beijinhos Graça
Que lindo, teres ido apanhar a espiga! Trouxeste fotografias lindas, imagino!!!
EliminarBeijinho.
Boas leituras, sempre!
ResponderEliminar" "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam"... E eu que nunca colhi as plantas para a espiga. Não havia esse costume, que me lembre, por aqui.
Bom domingo!
Bj.
Lídia
Lindas palavras sempre! As suas. Bem haja.
EliminarBeijinho.
Embora seja feriado no meu concelho natal eu não o gozo, pois trabalho noutro local. E este ano não arranjei nenhum raminho de espiga. :(
ResponderEliminarNem eu! Mas foi por preguiça....
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