Primavera
(Em Maio o poema deve dizer:)
Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encantoNunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul
Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar
Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar
Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu.
(José Afonso)
(Neste Maio, neste 1º de Maio, mais me ocorre um poema destes:)
Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vilezaTempo de negação
Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo de escravidão
Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça
(Sophia de Mello Breyner Andersen)
Obrigada por este momento de poesia
ResponderEliminarOs tempos estão difíceis, cheios de incertezas...
ResponderEliminarO poema da Sophia está mais de acordo com essa deseperança!
Abraço
Desesperança, como é óbvio...
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