No Dia da Mãe

Costuma dizer-se que não há amor como o de mãe. Não concordo. O amor é o amor e pronto. Quando se ama mesmo, ama-se com toda a força e não estamos a ver se se ama o nosso filho, o homem ou a mulher da nossa vida, o irmão, o amigo. E o pai também não ama muito também?

Só que a mãe está lá sempre para tudo. A mãe é uma fonte inesgotável. De segurança, de confiança, de suporte, de abrigo, de ternura, de ensinamento, de amizade gratuita, de envolvimento, de luz, de paz. Mãe está lá sempre para tudo! É uma coisa que ficou de quando hospedou o filho dentro de si.

Mesmo que, aparentemente, não nos demos muito bem com ela, mesmo que os nossos feitios choquem constantemente, mesmo reconhecendo os defeitos dela e convivendo mal com eles, a mãe está sempre lá para tudo!

Hoje, Dia da Mãe, li algures que as mães têm filhos preferidos. Não concordo! Por vezes, relacionamo-nos melhor com um filho do que com outro, isso sim. Mercê das suas características pessoais, dos seus feitios, das suas personalidades. Isso sim! Mas gostar mais de um filho que de outro, não se convençam disso. O amor é o amor e pronto!

Aquilo de se dizer “tu és o menino da mamã” pode acontecer. Tende-se mais para um que para outro; damo-nos melhor com o feitio de um que do que com o de outro. Mas não é amor desigual.

Mãe ama os filhos naturalmente. É biológico, é animal, é natural. Ficou de quando se hospedou o filho dentro de nós. É igual para todos e há sempre espaço no amor para mais um!

Feliz Dia da Mãe, para todas mães, e para os pais e para os filhos também!

(A propósito, fica aqui uma poeminha lindo para as Mães:)

Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

(Carlos Drummond de Andrade, in 'Lição de Coisas')