Hoje é o dia das celebrações das aparições de Fátima. Não interessa aqui esgrimir argumentos sobre se elas aconteceram ou não. Aconteceram para os que as “viram” e para os que nelas acreditam; não aconteceram para quem não acredita. Ponto.
O que interessa é que, ano após ano, há um mar de gente que se junta presencialmente ou em espírito, naquele lugar que passou a ser sagrado não por força da lei de uma Igreja centralizadora e estruturante, se não mesmo manipuladora, de uma determinada forma de pensar e de agir, mas por força da fé de cada um. E é isso que tem de se aceitar e de se respeitar.
Ninguém pode ficar indiferente às hordas de pessoas que, cheias de fervor religioso, se deslocam por estradas e caminhos país abaixo para estarem junto daquela imagem (pobres de nós, iconoclastas, adoradores de símbolos) tão fina, tão bela, de ar tão sereno e humilde que lhes (nos) enche a existência de luz.
Temos forçosamente de ser tocados (e de nos deixar tocar) pelos grupos que se agregam na noite iluminada de velas para verem passar o andor das flores brancas – trata-se de um quadro de humildade que vai sendo cada vez mais raro na sociedade em que (sobre)vivemos. Sem querer chocar ninguém, comparo estas manifestações às que se deram quando foi do 25 de Abril e do primeiro 1º de Maio. A alegria, o acreditar, a permeabilidade de espírito foram exactamente iguais.
Nunca tive qualquer educação religiosa em miúda; lá em casa movíamo-nos todos por entre uma crença/não-crença que me marcou e com a qual cresci. Mas respirava-se uma vivência da espiritualidade, do bem, do transcendente que nos marcava as margens. Por isso me deixo comover por estes dias de culto Mariano e fico bem.
Por razões que conheces estive entre fazer ou não fazer um post sobre Fátima associado a outras multidões, como também referes...
ResponderEliminarPodemos ter várias posições em relação a estes "fenómenos" de grandes ajuntamentos.
Se somos espectadores de sofá, temos um ponto de vista, se somos protagonistas temos outro, e se estivermos no meio da multidão como observadores temos outra.
Indiferentes é que não ficamos!
Abraço