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Não foi em Outubro. Em Fevereiro
de 1917, um movimento revolucionário derrubava o czar Nicolau II e instituía um
governo provisório, maioritariamente menchevique (movimento de oposição ao czar
de orientação mais burguesa, ao contrário do movimento bolchevique liderado por
Lenine, que considerava que o governo devia ser entregue às classes
trabalhadoras).
Foi a primeira fase da revolução
russa que, não conseguindo dar resposta aos graves problemas do país, provocou
várias insurreições e culminou com a chegada dos bolcheviques ao poder em
Outubro.
Um historiador contemporâneo –
Orlando Figes – diz que a Revolução de Fevereiro de 1917 começou pelo pão, ou
pela falta dele e pela consequente revolta. As derrotas nos campos de batalha
da I Guerra Mundial engrossaram as queixas do povo. Faltava pão, faltava
açúcar, faltava tudo e anunciavam-se mais catástrofes. Tudo isto no frio
extremo do inverno russo. No dia 23 de Fevereiro, dezenas de milhares de
operários e de mulheres vieram para as ruas para pedir pão e a gritar “abaixo o
Czar”. A insurreição não foi dominada pelas forças dominadoras e as manifestações
e as greves continuaram até que, no dia 26 a polícia e os militares abriram
fogo sobre os manifestantes. Aos poucos os soldados começaram a juntar-se ao
povo e atacaram o Arsenal apoderando-se das armas, assaltaram as prisões e libertaram
os presos.
O Czar abdicou em Março e o Governo
Provisório foi constituído por liberais e socialistas em volta da figura de
Alexander Kerensky. Mantiveram-se na Guerra ao lado dos Aliados; não foram
capazes de constituir um governo forte e coeso com uma linha governação
determinada; as grandes desigualdades sociais mantinham-se; os sovietes, os
conselhos operários, tornavam-se cada vez mais reivindicativos. Os democratas
não conseguiram responder aos dois grandes problemas da Rússia: a guerra e a
profundas desigualdades económico-sociais, acabando por dar o poder aos
bolcheviques que tinham os seus chefes em Lenine, Trotsky e Estaline.
A Revolução de Fevereiro teve,
porém, os seus aspetos positivos e determinantes: primeiro pôs fim ao czarismo
e a um sistema de governação fortemente centralizada, autoritária e repressiva que
dominara a Rússia durante séculos; foi uma revolução de caráter reformista; e criou
as condições para uma segunda revolução mais profunda socialmente.
(texto baseado nos textos apresentados sobre o assunto pelo Jornal de
Letras de 1 a 14 de Fevereiro)
Somos a memória que temos
ResponderEliminarUma jovem professora teve uma iniciativa, contactar o PCP para que destacasse alguém do Partido que fosse falar da Revolução de Outubro e que tal se inseria num conjunto de outros convites. Anunciado quem e combinada a data, tudo se aprontara. Dias depois, a jovem professora desmarcaria, desculpando-se, sentida, desse acto... porque alguém pretende que se apague a memória e se reescreva a história...
Que enorme VERGONHA!!!!!
EliminarNão dá para acreditar!!!
Estive a ouvir os Radicais Livres (Jaime Nogueira Pinto e Rúben Carvalho) acerca deste tema.
ResponderEliminarSempre um deleite ouvi-los.
Beijinhos
Parte do meu texto foi também baseado num texto de J. Nogueira Pinto. Muito bom!
EliminarBeijinho.
ensina-se nas escolas?
ResponderEliminarpergunto, inocentemente...
beijo
Claro!! Mal fora!!
EliminarUm tema velho mas que ainda é tratado de forma cautelosa não vá contagiar as mentes "puras". Tivemos um longo período durante o qual ser comunista era ser sacrílego, mas é tempo de ser considerado apenas Homem. Livre.
ResponderEliminarComo diz a canção "não há machado que corte a raiz ao pensamento".
Bj.
Somos tão preconceituosos!!! Tão salazaristas ainda!
EliminarShame!!