«Tenho dito aqui por mais de uma vez que, menina lisboeta, vivi cerca de ano e meio na vila da Vieira de Leiria onde fiz parte da 1ª classe, a 2ª e o início da 3ª. Foi das experiências mais ricas da minha infância por ser um ambiente tão diferente e distante daquele que conhecia. De recordar que isto se passou em 1957/58. Foi lá que, pela primeira vez, vi uma picota (que encanto!) uma lagartixa, um ancinho para ir à caruma (bem como a própria caruma), cântaros de barro com que as mulheres iam buscar água à fonte e as respetivas cantareiras, mulheres descalças com os canos de lã nas pernas, as camarinhas, aquele mar violento a levantar-se em ondas altas e furiosas, aqueles barcos lindos de proa altíssima a lembrar os Vikings, os bois e as mulheres – tão fortes quanto eles – a puxarem as redes cheiinhas de peixe a saltar, etc. etc.»
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De novo trago aqui a introdução do meu texto Génio Lusitano
por se tratar de um momento da minha infância que me foi/é grato de mais e que
ficou absolutamente na sombra do texto principal. Hoje deixo este pedaço de
memória ilustrado por um diaporama que encontrei na net e que até parece que
foi feito com tantas imagens que guardo daqueles idos de 50 de tanta beleza
para mim, mas de imensa miséria para aquela gente, aquelas mulheres, que trabalhava
no campo, no pinhal, na fábrica das limas, no mar.
Foi um tempo de trabalho árduo e penoso, mas se repararmos bem estão com um ar feliz e de sorriso nos lábios. Hoje, só ouvimos lamentos e queixumes.
ResponderEliminarGostei muito do ficar a saber como era a vida, das mulheres, na Praia de Vieira de Leiria, de outrora.
Claro, que ficavam com o credo na boca sempre que os seus homens iam para o alto mar. Como hoje, afinal!
Beijinhos, menina de Lisboa, apreciadora da vida simples, das simples gentes.
Janita, algumas das fotos foram manifestamente tiradas para propaganda do regime - achas que as mulheres iam para a fábrica das limas ou para os altos fornos com aqueles trajes típicos tão bonitos e com aquele ar tão sorridente? Por muito mal que se esteja não tem comparação com aquilo que aquelas gentes passavam naqueles tempos de ignorância e cinzentismo salazarista.
EliminarObrigada pelo elogio... Beijinhos
Tenho muito boas memórias dessa praia.
ResponderEliminarDe há muitos, muitos anos.
Beijinhos
A sério?! Que interessante...
EliminarA vida era mais dura e também menos complicada, Graça.
ResponderEliminarHavia menos "nuances", pobreza não deixava de ser sinónimo de solidariedade.
abraço
Pois... mas mesmo assim, prefiro a atualidade...
EliminarBeijinho.
Gostei muito Graça :)
ResponderEliminarAinda bem! Beijinho.
EliminarRetratos de um tempo que passou. O diaporama tem algumas imagens que achei fantásticas. Só para citar uma, a foto do minuto 4.52.
ResponderEliminarAlgumas mesmo muito boas, Luísa. Ainda bem que gostaste.
EliminarBeijinho
Tão bonitos aqueles trajes femininos.
ResponderEliminarE quantos cântaros de água trasportei assim à cabeça, antes de meu pai ter aberto o poço, quando tínhamos que ir buscar água ao chafariz da Telha, a 500 metros de distância. Era uma miúda e embora o meu cântaro não fosse muito grande, chegava ao barracão onde morava com o pescoço todo enfiado pelo tronco. Ou pelo menos tinha essa sensação.
Um abraço
Muito violento, Elvira!! Tanto passaste, minha querida amiga!!
EliminarBeijinho.
Em todos os tempos, as pessoas também eram felizes à sua maneira !
ResponderEliminarAté nas tribos do Amazonas ou nos recônditos de África o serão !
O problema está sempre nas "comparações" !
Havia beleza sim, notava-se felicidade, mas também é evidente que hoje sentimos as diferenças que não sentiríamos na altura !
O vídeo está lindíssimo e rico em história de uma época !
Um abraço lusitano, genial, Gracinha ! :))
Que bom que gostaste, Rui!! Foram tempos muito diferentes, muito doridos mas com uma beleza que a nossa lembrança foi produzindo.
EliminarBeijinhos lusitanos...
Um vídeo muito interessante, mas que não revela as verdadeiras
ResponderEliminarcruezas desses tempos, porque é fácil perceber que em algumas
fotos houve preparo e pose...
Ainda assim, um excelente meio visual de aprendizagem.
Deve ser uma praia muito agradável... Adoro vieiras...
Beijinhos gulosos.
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Claro que muitas das mulheres estão vestidas e sorridentes para a foto de propaganda, como por exemplo elas vestidas com os fatos típicos e assim. A praia em si não é muito agradável porque o mar é muito bravo e frio e o clima é bastante húmido. Prefiro o nosso querido Algarve...
EliminarBeijinhos.
Tempos que serão sempre recordados por nós! Quantas praias não contarão iguais histórias!?
ResponderEliminarBj amigo
Todas as terras têm tantas e tantas histórias para contar... Haja quem as conte!
EliminarBelo documento este a recordar a vida difícil daquele tempo. Fez-me recordar da vida das Carvoeiras do Pilado (Marinha Grande) nessa época, de que tive conhecimento há poucos anos. Desdobravam-se também em múltiplas tarefas, enquanto os homens iam para as fábricas. Uma delas era o fabrico de carvão. Para isso, precisavam de lenha e, por vezes, abusavam na recolha que faziam no Pinhal do Rei. Quando eram surpreendidas pela guarda florestal eram apresentadas no Tribunal de Porto de Mós. Para se escaparem com mais facilidade "pediam um bebé emprestado" para que chorasse antecipando desta maneira a hora de libertação.
ResponderEliminarBj.
Espertinhas.... Tão difícil e áspera era a vida desses tempos! E tanta gente a achar que nesse tempo as pessoas até eram mais felizes! Não dá para entender...
EliminarEntre 1974 e 1976 ia lá muitas vezes, por causa de um namorico:-)
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