Ouvi, hoje de manhã, esta bela canção na rádio e pensei: «que falta nos fazem canções destas de força, palavras de intervenção e de luta! Que falta nos fazem poetas-cantores destes que as interpretavam eivados de um vigor, de uma raiva, de uma fúria que lhes vinha do coração, das entranhas, das profundezas do seu ser!»
Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nós vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor nos ramos
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praia do mar nós vamos
À procura da manhã clara
Lá de cima de uma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Cá de cima de uma montanha
Onde o vento cortou amarras
Largaremos p'la noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca, brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca
Ainda murmuro
ResponderEliminar" Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera"
Muito lindo e também muito reconfortante, Rogerito!!
EliminarUma espécie que se extinguiu, Graça.
ResponderEliminarInfelizmente.
Beijinhos
Insensibilidade é o que vemos hoje, Graça, onde a poesia cede lugar à desvalorização do bem maior: - a VIDA! Resolve-se na agressão, Graça, o que deveria ser no diálogo! Ainda bem que temos resquícios do romantismo!
ResponderEliminarAbraço.
~ Foi longa a luta pela conquista de direitos, agora que temos alguns, dormimos na fila da espera, num desespero para a maioria desunida e para os que fizeram o 25 de Abril, incluindo os cantores de intervenção.
ResponderEliminar~ Como gostaria de ver Lisboa inundada de protestantes de luto e silenciosos, à semelhança de Paris!
~ Já não ouço falar em greves, desde 1980 - as dos estaleiros de Gdansk.
~ ~ ~ Fadistas, esperamos pelo salvador que surgirá numa manhã de nevoeiro. ~ ~ ~
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Fazem de facto muita falta. gente de fibra com cultura e saber cantar.
ResponderEliminarQuando ao fim de semana fico em casa por razões climatéricas, não se pode ouvir TV nos canais nacionais. A pimbalhada domina , os assistentes deliram e tudo isso é reflexo do tempo que vivemos. Custa-me muito a entender.
M.A.A.
Concordo, M.A.A. Concordo em absoluto. A parolada é a moda - até parece que querem que o povo volte a fechar-se num cerco de uma sonolenta ignorância. Receio isto!
EliminarVale a pena pensar se a ausência actual de cantores e canções de intervenção, não se deve ao avanço das novas tecnologias, Graça!
ResponderEliminarAgora, em vez de se manifestarem contra o governo, através da poesia e do canto, as pessoas vão para o Facebook e lá descarregam a sua revolta!
Pode ter a mesma força? Poder pode...mas não é a mesma coisa!...:(
Beijinhos.
Falta-lhe a beleza, o sentimento, a poesia...
EliminarO sempre inesquecível Zeca Afonso! Quando a Graça escreve: "E que força transmite", logo me veio à memória aquela do Sérgio Godinho: "Que Força é Essa". Bons tempos em que se viviam intensamente estas canções!..., e digo bons tempos, porque eramos jovens .
ResponderEliminarAbraço,
Abraço,
Gosto por de mais do Sérgio Godinho!!
EliminarSem dúvida.
ResponderEliminarQue saudades desse tempo em que se protestava, mas éramos bem mais felizes! Agora temos de pensar nos nossos problemas, nos dos filhos, nos..., globalização, terroristas islâmicos, ...a lista não acabaria.... "Que falta nos fazem poetas cantores" diz bem, Graça. UM
ResponderEliminarOs cantores de intervenção, as peças de teatro de intervenção, até as peças de Revista de intervenção, deixaram de fazer sentido com a Democracia ! ... O que é proibido provoca um apetite "do contra" ! ... Ora, não sendo proibido e havendo liberdade de expressão, perde todo o sentido a "intervenção" ! ... Porquê intervir cantando, quando se pode intervir escrevendo ?
ResponderEliminarOs cantores não acabaram ! O "sentido" da sua intervenção, sim !
... e na falta dessa intervenção, cada um de "nós" procura descarregar as "raivas" nos orgãos sociais ! :))
Beijinho, Graça !
:))
Há o facebook, há os blogs, de facto. Mas a música, a poesia, a emoção têm vindo a perder-se...
EliminarLembro-me de cantar isto antes do 25 de Abril. Onde morava havia uma papelaria, livraria e discoteca que vendia os discos de vinil do Zeca. Foi preso o dono e foi proibida a venda dos mesmos ! :(
ResponderEliminarCantava isto no antes. Punha-se o disco a rodar, tiravam-se os acordes e, à noite, era pela certa na tertúlia. Há tanto tempo...
ResponderEliminarAgora, as rádios e televisões devem sofrer de alergia a este tipo de música...