terça-feira, 27 de janeiro de 2015

É preciso (des)acreditar!

É isso mesmo que o ministro (C)rato quer: desacreditar os professores (da escola pública) aos olhos da população. E vai conseguindo. Os jornais, impantes, lá anunciaram em primeira página, que «mais de um terço dos professores chumbaram na prova de avaliação». E nos telejornais lá apareceu um qualquer representante do Instituto de Avaliação, organismo responsável pela elaboração da dita prova, a dizer, com um ar zombeteiro, que «vamos lá!...» professores que não entendem a interpretação de um texto ou um cálculo deixam muito a desejar…

Já aqui disse e repito: exerci a carreira nos 2º e 3º ciclos do Ensino Básico durante 40 anos sempre com bons resultados, desempenhei cargos de chefia intermédia e de topo durante vários desses anos, cheguei a ser chefe de divisão numa Coordenação de Área Educativa, fui formadora de professores e, garanto-vos, que teria chumbado se me tivessem obrigado a passar por semelhante prova(ção)!

Depois veio o ministro (C)rato em defesa desta forma de testar as competências dos professores dizendo que é como o exame para a carta de condução – confesso que não entendi a arrevesada comparação, mas é como digo, não teria competências para obedecer ao perfil que o senhor ministro  delineou para se ser professor…

Que a intenção do senhor ministro (C)rato para escolher os professores com menos de cinco anos de experiência sabemos nós muito bem qual é! Não tem objectivos de qualidade coisa nenhuma! Tem o objectivo de se descartar de uma boa quantidade de professores que já serviram nas escolas na qualidade de contratados e, por outro lado, o objectivo de denegrir a imagem dos professores e da escola pública junto da opinião pública. Mostrar que eles são ignorantes, não prestam, e por isso os alunos não conseguem alcançar o almejado sucesso educativo.

Porque é que os professores das escolas privadas não têm de passar por este crivo tão irregular? Como será que os directores dos colégios escolhem os “professores de qualidade” que lá têm sem lhes aplicarem a prova?

E será que o irónico senhor representante do IAVE, ou o senhor ministro (C)rato, ou o senhor PM Coelho ou até, quiçá, o senhor presidente que ocupa o Palácio de Belém teriam passado se lhes tivessem aplicado equivalente prova de comportamentos e competências sem lhes darem a conhecer antecipadamente as rasteiras, as confusões e a abrangência desnecessária das matérias visadas? Muito provavelmente, não!

Entretanto, ao contrário do que diz a canção, é preciso desacreditar, fazer desacreditar…




11 comentários:

  1. Fazer desacreditar? Quem o (C)rato?
    Era preciso
    Que ele ainda merecesse crédito!

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  2. Ouvi os resultados através de um simultâneo Rádio Macau/Antena 1.
    E não gostei nada.
    Até porque, como eu ouvi, muita gente por aqui terá ouvido.
    O ser humano é dado a generalizações e conclusões precipitadas, não é?
    O que é que se vai concluir com estas notícias?
    Os professores em Portugal não prestam para nada.
    Não será assim de certeza.
    Beijinhos

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  3. E vão conseguindo destruir, desacreditar e insultar os professores...
    Sempre me ensinaram que nunca se deve lavar a roupa suja na rua.
    Este Crato perdeu o que lhe sobrava de vergonha.

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  4. ~ Os portugueses não percebem que, em primeiro grau, estão desacreditadas as matrizes - as escolas superiores de educação!

    ~ Sendo assim, todo o sistema foi depreciado, o que inclui o execrável difamador, o ilustre matemático - sem formação pedagógica - que exercendo as funções de títere do governo, emprega todo o seu insigne saber na tarefa de fazer implementar as directivas da "troika", reduzindo o número de professores e rebaixando a escola pública a fim de incentivar a população a optar pelo ensino particular.

    ~ Um governo de medíocres subservientes, que apoiados por um presidente abúlico, muito envergonhariam o fundador do partido a que pertence a sua maioria, pessoa que era dotada duma inflexível verticalidade e sentido de dever patriótico.

    ~ Entretanto, até agora, os portugueses recém-diplomados foram muito bem aceites no mercado de trabalho estrangeiro...

    ~ Mais uma vez, sai Portugal não só desacreditado, mas também, mais empobrecido e humilhado!
    .

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  5. A Majo ( e o Rogério, o Pedro e o Luís) disseram já tudo.

    Espero que o povo português tenha a coragem do grego e retribua a humilhação nas urnas eleitorias.

    Fica bem

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  6. Subscrevo inteiramente o comentário da Majo !
    E mais incompetentes é toda essa gente que está no (des)governo !

    beijinho

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  7. há um manifesto propósito de humilhação nesta "coisa" dos exames...

    beijo

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  8. Boa noite, Graça Sampaio!
    A pior anedota da noite foi a comparação do teste de avaliação-constituição de “reserva” para recrutamento de professores com os exames de condução automóvel.
    Só visto, oh Evaristo, perdão, senhor professor catedrático matemático, ministro da educação Crato!!!
    Por que é eu não contratam chineses?
    Esta gente anda a arranjar um rico trinta e um, como diria a minha avó Victória.

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    1. Sem a gralheira: Por que é que não contratam chineses?

      Já agora, uma pergunta, o senhor ministro alguma vez fez um esclarecimento público sobre as polémicas Escolas Superiores de Educação? Agora já funcionam bem e têm cursos credíveis?

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