No seu início, lá para os idos
bem idos dos anos 60, a RTP transmitia semanalmente uma peça de teatro. Nunca
fui grande amante de teatro, até porque nesse tempo, o teatro era muito
declamado – geralmente dramas de autores russos e outros do género – o que
tornava os espectáculos muito pesados e muito aborrecidos.
De vez em quando, lá davam uma
boa comédia com bons atores portugueses e essas eu não perdia. Lembro-me
particularmente de uma que se chamava “Vamos
contar mentiras” com os meus queridos atores Henrique Santana (filho do
grande Vasco Santana) e Armando Cortês em que a protagonista representada pela
ainda jovem Florbela Queirós tinha o hábito de estar sempre a dizer mentiras e
dizia tantas que se convencia de que eram verdades em que todos acreditavam. Uma
das mentiras recorrentes era telefonar para a mãe a fazer queixas do marido e a
dizer que era muito infeliz. Depois de choramingar o habitual «Ai, mãezinha,
sou tão infeliz!», desligava o telefone e, ato contínuo, começava a cantar e a
dançar o Perompompero…
É esta cena que sempre me vem à
cabeça de cada vez que me acontece ouvir na televisão estes pantomineiros – que
não atores formados no Conservatório – do “governo” e os seus acólitos a
debitarem mentiras em cima de mentiras pensando que o pessoal, a quem
consideram como papalvos, come todas as suas trapaças. Quando desligam os
microfones, talvez não cantem o Porompompero, mas devem ficar muito contentes a
pensar: «Pronto, já os enganámos outra vez!»
Lembrei-me uma vez mais da boa da
comédia hoje, ao ouvir as palavras tartamudeadas pelo governador do Banco de Portugal
sobre o caso BES.
E já agora, lembram-se do Perompompero?
Lembrava-me mas acho que de outra versão, gostei desta :) e vim até aqui rapidamente pelo tema descontos no continente porque pelo que sei ainda dará para conseguir o desconto, é só guardar o talão da compra e ir ao balcão de apoio ao cliente.
ResponderEliminarum beijinho
Obrigada!
EliminarBeijinho.
Acho sempre piada ao que escreve... mas não posso deixar passar em claro o que deixa dito sobre o teatro nos anos sessenta... claro que não falo do teatro passado na salazarenta TV de então. Falo do teatro a sério, daquele que se passava no palco e que a censura perseguia.
ResponderEliminarEu sei disso! Não vou esquecer-me nunca! (Não esquecer que o meu pai era do "reviralho"....) Mas o da RTP era cá uma seca!!!
EliminarObrigada pela simpatia!
Penso que eles também estão convencidos que falam verdade!
ResponderEliminarÉ confrangedor!
Antes fosse teatro e não a realidade do nosso quotidiano!
E já agora cantemos para animar! :)
Abraço
Rosa dos Ventos
Cantemos! «Perompompero, perô, perompompero, pêro....»
EliminarNisso de contar mentiras há muita concorrência.
ResponderEliminarE muita gente importante a detestar concorrência.
Beijinhos
Aprendi a desligar a TV. Já não suporto estas mentiras ditas como se fossem verdade...
ResponderEliminarO melhor é mesmo não vermos, nem ouvirmos, nem nada! Mas deixar andar também não dá com nada!
EliminarGraça, estes são mesmo daqueles amadores, apanham-se mais depressa que qualquer coxo.
ResponderEliminarmas somos seguramente um povo que gosta de ser enganado, só pelo que se passou nos últimos oitenta anos...
abraço
Também acho.... masoquistas até à medula! Ou mongos....
Eliminar~ ~ Se a Leo permitir, também subscrevo as suas palavras. ~ ~
ResponderEliminarTambém eu!
EliminarA indignação aumenta à medida que os actos criminosos dos bandalhos e seus acólitos aumentam...
ResponderEliminarMas indignação fica-se-nos pelas palavras... não há por aí um qualquer Buiça que nos valha?!
EliminarAinda que amadores, Graça...!
ResponderEliminarA mentira nem sempre tem pernas curtas. Vai-se a ver e o povo, enfartado de televisão, vota (quando vota) no "mais bonito".
Beijo
O povo é cego. E surdo. E ignorante!
EliminarLembro-me perfeitamente da canção :)
ResponderEliminarQuerida, que eles mintam é uma coisa , mas que ainda haja quem os acredite enfurece-me ainda !!!!
Beijinhos:)
Também a mim! E olha que continuam muitos a acreditar...
EliminarLembro-me bem deste tema e da comédia a que te referes.
ResponderEliminarSe esta me fazia rir, a actual comédia faz-me chorar.
beijinho amiga Graça
Fê
É mesmo para chorar, Fê!!
EliminarBeijinhos
a contar desgraças (que não graças, nem gracinhas), diria!
ResponderEliminarbeijo
Tinha comentado mais ou menos assim:
ResponderEliminarOs senhores que estão escondidos atrás do pano dão corda aos bonecos para que estes papagueiam a pajela sem hesitação. Dizem e desdizem frequentemente, com a maior naturalidade, sem revelarem pinta de vergonha, embaraço ou rubor. A prova do que atrás refiro é que, apesar do ridículo papel que desempenham, não desertam para o deserto (não recusam o frete) onde poderiam entreter-se na novíssima técnica de comunicação - "falar oralmente" – como recomenda o homem do Belenenses, e deixar de poluir o nosso espaço.
Lembro-me perfeitamente dessa peça e cheguei a vê-la ao vivo com os meus pais no Monumental se a memória não me falha.
ResponderEliminarEu adorava ( e adoro) teatro, mas tem razão quando diz que as peças exibidas na televisão eram normalmente um bocado chatas.