A nossa neta Elisa, que está no
2º ano e só tem aulas no turno da tarde (agrupamento de enorme dimensão que
ainda não conseguiu pôr todas as turmas do 1º ciclo a funcionar em regime
normal) passa as manhãs em nossa casa e cá faz os trabalhos de casa.
Eu sei que sou e sempre fui de
Letras, mas capaz que fui de completar uma licenciatura daquelas de cinco anos
e três pós-graduações, sempre pensei que também seria capaz de a acompanhar nos
trabalhinhos de Matemática, nomeadamente a fazer umas meras contas de somar e
de subtrair. Pois. Mas o certo é que tenho-me visto à nora! É que a moda (C)rato
manda que, para se ensinar aquilo a que tradicionalmente se chamavam com tas
com transporte, se faça um algoritmo, uma complicação do caraças que não sou
capaz de entender e, pelo que se tem visto com a vergonhosa colocação de
professores no presente ano, o senhor ministro, que até é doutorado em
Matemática, também parece não entender. Vale-me que a garota até tem facilidade
para os números e lá me vai dando umas orientações para fazer os benditos dos
algoritmos… Mas será que essa complicação será de fácil entendimento para todos
os miúdos?
Cratinice de muito maior monta – ou talvez não, sei lá! – é a que
fazia manchete (não confundir com Machete, que esse é outro que tal) um dia
destes no jornal e que dizia que «Por cada professor que dispensarem câmaras
recebem 13 600 euros»! Na sanha de fazer implodir o ministério – e o
país! – o querido (C)rato, de quem a grande maioria dos meus (ex)colegas esperava
que “pusesse o ensino e os alunos no lugar” e lhes “devolvesse a autoridade”
(!!!), quer agora sacudir a água do capote e mandar os professores para a
dependência das autarquias, que os contratará e despedirá a seu bel-prazer e
que – espanto dos espantos – poderá reduzir o número deles em cada escola, o
que trará mais fundos para aqueles organismos.
Que o número de assistentes
operacionais, vulgo “pessoal auxiliar”, (classe já na dependência das
autarquias) é por de mais exíguo e substituído por tarefeiros a quem pagam dois
euros e tal à hora, num máximo de quatro horas diárias, já é mau de mais. Agora
diminuírem o número de professores, só aumentando o número de alunos por turma
(lembro-me que no meu 6º ano de Liceu no Maria Amália éramos 48 alunas na turma
de Letras…) e aumentando o número de horas semanais dos professores, o que é
bárbaro. Ou será que para obviar esse encolhimento de docentes as escolas
poderão contratar “regentes” – talvez semi-graduados com aquelas meias
licenciaturas que o (C)rato também inventou [o fulano é cá um inventão!!] – a quem
se poderá pagar talvez três euros e tal à hora?
Sabemos há muito que o charmoso
ministro das falinhas mansas e da barba de três dias quer baixar a qualidade da
escola pública para poder enricar a escola privada. Sabemos que o ministro quer
criar uma escola para ricos e uma escola para pobres – a sua (do “governo” em
geral) mentora Merkel – fiel herdeira dos genes hitlerianos – até já disse que
em Portugal há licenciados a mais. Sabemos que o (C)rato não é sério, nem
pessoa de bem (como, aliás, todos os seus companheiros de “governo”). Mas
perante todas estas barbaridades e outras que possam ainda vir ainda a lume,
onde está a bravata dos professores que só porque os queriam avaliar – processo
que estava já em curso para com os restantes funcionários do Estado – vieram para
as ruas aos magotes e aos pinotes para as ruas por todo o país gritando e
vociferando como se lhes estivessem a arrancar a pele? E onde anda o sr. Mário
Fenpof, grande agitador das massas docentes e grande empreendedor de
manifestações de milhares e milhares de professores pelas avenidas de Lisboa?
Não será tudo isto muito mais
grave do que uma mera avaliação do desempenho?
Assino por baixo!!!
ResponderEliminar:-)
~ ~ Muito bem exposto.
ResponderEliminar~ Ao nível que descemos!!
Graça, essa raiva ao Nogueira
ResponderEliminarvai ser para a vida inteira?
É que foi a FENPROF que fez passar "cá para fora" a minuta do contrato parido pelo (C)rato. Quer, ou já tem cópia?
Nada é para a vida inteira, Rogerito.... Fui associada da FENPROF durante anos! Mas a sanha que ele teve para com a MLR nada tem a ver com a que mostra para com o (C)rato! É, de longe, muito mais benevolente.
EliminarPor estas, e outras semelhantes, é que as minhas filhas estão a estudar em escolas que não seguem o curriculo do Portugal.
ResponderEliminarBeijinhos
Tive um colega que muito prezei sempre pela sua sabedoria e sageza que dizia sempre que os alunos, quando são bons, aprendem com qualquer currícilo. E é bem verdade. O pior são os que não são tão bons.
EliminarBeijinhos para as meninas.
E os "Homens da Luta"? E todos aqueles movimentos "espontâneos" da Internet? Onde anda toda essa gente?
ResponderEliminarPois é! Onde estão? Estranho, não é?
EliminarA caldeirada está ao lume. Se não lhes for desligado o gás vai ser bonito (o belenense diz que está bem assim). Num país como o nosso, entregar a pasta às autarquias vai ser o incremento do jeitinho.
ResponderEliminarAinda irão anunciar lugares para empregar "todos" os professores com o "horário da solidariedade": três ou quatro horas diárias para cada um, para se entreterem. Como dizia um professor (meu) às raparigas: oh menina, a física é para pessoas inteligentes, vá é para casa passajar meias. O Crato irá dar o mote às autarquias: fica com tempo livre para dar a sopa aos filhos e ao marido.
Este fim de semana garantiram-me haver professores a dar aulas na universidade por € 200 mensais. A imaginação para poupar é ilimitada: mão de obra disponibilíssima, promessas, ilusões, talvez, contratos manhosos, papás a sustentar os rebentos - a convergência de ingredientes para a degradação acelerada.
Uma verdadeira hecatombe!!! Claro que quem não tem emprego nenhum, se lhe oferecerem "vinte e cinco tostões" aceita, pois claro!
EliminarVoltamos ao tempo da ditadura! Que raiva!
Palavras para quê?!
ResponderEliminarÉ um ministro deste (des)governo e está tudo dito!
Abraço
O que vale é que me mantenho fiel à leitura do teu blogue, por vezes falas de assuntos relacionados com o ensino, que para mim são demasiado técnicos e não os entendo bem.
ResponderEliminarFiquei de boca aberta, com a possibilidade de os professores passarem a ser funcionários autárquicos, vai ser o fim da macacada, se estes trastes conseguirem levar isso avante. As autarquias vão aproveitar essa "fonte de rendimento" visto que não têm dinheiro para mandar cantar um cego, vão colocar um administrativo qualquer a mandar no assunto, e dizer que o quadro de pessoal de "X" prof. tem que ser reduzido, e que "X-Y" dá perfeitamente.
E sobre isso dos auxiliares é verdade, pagam tão pouco que ninguém quer trabalhar para eles, eu sei pela Escola da minha neta que não consegue contratar ninguém, porque trabalhar para aquecer, mais vale morrer de frio, e não aparece ninguém, e os que aparecem a preencher as vagas vêem do desemprego.
É o mesmo em todo o lado. Aqui passa-se o mesmo! Uma vergonha!
EliminarO que o Ministério da Educação anda a fazer é gravíssimo - cada vez mais o governo se está a demitir de responsabilidades, entregues a autarquias e a privados. Um dia destes não precisamos de governo para nada...
ResponderEliminarO meu marido diz o mesmo. Qualquer dia eles servem apenas para lançar impostos. E cobrá-los, claro!!
EliminarParece-me que, não sendo a Escola dos professores e estando em causa claramente o seu desmantelamento, não deveria ser a sociedade civil, primeira interessada em manter a Escola Pública dentro de parâmetros de qualidade dignos, a ir para as ruas gritar e vociferar como se lhes estivessem a arrancar a pele? Eu só pergunto. É que não está em causa somente o (des)emprego de professores ( o que é em si muito mau), mas na verdade, o que está em causa é maior e mais grave. É a própria Educação, a Escola inclusiva, a Escola para todos, onde todos possam, em igualdade de circunstâncias, desenvolver capacidades, aptidões, competências sociais, profissionais, humanas...
ResponderEliminarNão vejo as comunidades defenderem os "seus" professores, caminharem a seu lado na luta por um bem que é de TODOS.
Beijo
As comunidades pouco ou nada percebem de tudo isso, Lídia. Ou então não querem saber. Os pais estão cheios de outros problemas financeiros e sociais, por outro lado, se largarem os filhos na escola e tomarem conta deles, já é bom... A ignorância e a indiferença são enormes.
EliminarA tal escola inclusiva está seriamente em risco. Já não se faz sistematização de matéria dada. Já não se fazem cópias, nem ditados, nem sequer se importam se sabem de cor e salteado a tabuada para saberem bem fazer contas. O importante é empurrar para a frente com matéria e mais matéria de forma a deixar o maior numero pelo caminho.A ideia é selecionar naturalmente aqueles que não têm apoio escolar, nem andam em colégios privados, nem têm pais que os sabem acompanhar... Esta geração que vem aí, não vai saber ler e escrever correctamente, serão uns burocráticas, uns tecnocratas, sem massa critica porque a ideia é essa. Desmiolar para reinar.
ResponderEliminar