sábado, 12 de abril de 2014

Cratinices



O ministro (C)rato embandeirou em arco com os resultados do Eurostat que registaram o aumento do número de licenciados em dois pontos percentuais e a redução do abandono escolar em 1,6% no ano de 2013. Muito bem!

Também os resultados apontados no relatório PISA 2012 foram bem favoráveis para Portugal já que refere o nosso país como um exemplo de evolução positiva no que respeita às Ciências, à Leitura e à Matemática tem do os resultados melhorado sobretudo na Matemática. Neste caso o ministro (C)rato, não se sabe muito bem porquê, desvalorizou um bocado as evidências dizendo que «ainda muito há a fazer».

Suponho que se esquece o douto ministro, bem como supostamente os habituais “treinadores de bancada” da educação (Guilherme Oliveira, Henrique Neto, Graça Moura, Ramiro Marques e outros entre os quais muito professorzinho) que, mau grado para eles, estes resultados decorrem em proporção direta com aquilo a que esses senhores apelidaram de “eduquês” e que nasceu das tendências inovadoras suscitadas pelas Ciências da Educação – tão mal vistas por eles – e postas em prática após a chamada reforma do excelente – não me canso de o dizer e repetir – Ministro – este sim escrito com letra maiúscula – Roberto Carneiro.

É que as coisas em Educação não têm resultados imediatos. Não se tomam medidas num ano para os resultados aparecerem no ano seguinte. Sabemos disso. (Saberemos?) Tudo é lento na Educação e os resultados demoram por vezes décadas. (Como na mudança das mentalidades – estas com um ritmo muito mais lento.)

Agora pense-se no retrocesso que vão sofrer os relatórios internacionais que se venham a lavrar acerca da Educação daqui a meia dúzia de anos decorrentes das medidas pedagogicamente infundadas e desconexas que o ministro (C)rato tem vindo a tomar desde que, com grande aplauso de grande parte dos professores, tomou conta deste ministério. A saber:

  • A indizível protecção do ensino privado em desfavor da escola pública;

  • A redução drástica do número de professores por escola;

  • O fecho dos quadros das escolas, não permitindo a substituição dos professores efectivos que se têm aposentados aos milhares – o que produz a não fixação dos docentes às escolas, prejudicando grandemente a aprendizagem dos alunos;

  • O aumento do horário lectivo dos professores (com a respectiva diminuição dos vencimentos e subsídios…) É muito comum haver professores com oito ou nove turmas, o que poderá corresponder à leccionação de 250 alunos. Como se conhecem, se diferenciam, se ensinam se avaliam de forma séria 250 alunos, cada um com o seu ritmo de aprendizagem e os seus condicionalismos?

  • O aumento excessivo da carga burocrática e da exigência informatizada que recaiu sobre os professores e a disparidade de tarefas que têm de desempenhar semanalmente;

  • O aumento desconforme do número de alunos por turma; o número de turmas do 1º ciclo com diferentes anos de escolaridade tem vindo a crescer;

  • A redução do número de aulas no horário semanal dos alunos;

  • A redução violenta dos apoios pedagógicos e técnicos para os alunos com dificuldades de aprendizagem e com necessidades educativas especiais;

  • A loucura dos exames nacionais desde os dez anos. As provas de exame, além de serem um crescendo de rasteiras e armadilhas para o aluno “cair” e um amontoado de “critérios” que espartilham a correcção das mesmas, não provam minimamente o que o aluno sabe ou não sabe. Além disso, os professores vêem-se forçados a gastar aulas e aulas a preparar os alunos para saberem onde hão-de colocar as cruzinhas para contornarem as armadilhas em detrimento da prática da compreensão da leitura, da escrita criativa, do conhecimento articulado das matérias. Digo muitas vezes por brincadeira, mas talvez sem cair em erro que se o Fernando Pessoa tivesse de responder a uma prova de exame do 12º ano sobre um dos seus poemas, certamente não passaria do 10!

  • E por último, mas não em último, o falacioso crescimento da autonomia das direcções das escolas. Tomariam as direcções e os professores gozar da autonomia de que se gozou a partir de finais de 80!

7 comentários:

  1. Não sei se subscrevo tudo,
    mas um quase tudo
    asseguro

    (acho que há omissões, mas tá bem!)

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  2. Não estou em condições de discutir estes assuntos por falta de conhecimento. No entanto, pelo que ouço de professores e pela intuição que se apura com a idade, percebe-se que muita coisa vai mal nas escolas.
    Governa-se com dados e gráficos muitas vezes construídos a olhometro para atingir objetivos predeterminados.

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  3. Tu estás irritada e tens razão, mas eu - além de também irritada - estou abismada e nauseada com o que ouvi ontem a essa criatura inqualificável chamada Durão Barroso:o ensino antes de Abril de 1974 era de excelência, embora houvesse uns cortes nalgumas liberdades!

    Dá para crer que se possa descer abaixo da fossa de Mindanau?? POis o cherne podrido demonstra que sim!!!

    Fica bem.

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  4. ~
    ~ ~ Estou convencida que não há outro exemplo de tão grande
    retrocesso no ensino, em tão curto espaço de tempo, como este
    que está acontecendo em Portugal.
    ~ ~ Foi vontade dos senhores da Europa destruir o nosso sistema
    educativo e os subservientes cumpriram. ~ ~

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  5. muita demagogia e incompetência.

    (escrever nos jornaIs é mais fácil que fazer...)

    mas o pior penso que deverá ser a "papelada", a burocracia que esta gente criou, que prejudica a vocação e o verdadeiro da profissão: ensinar.

    abraço Graça

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  6. Roberto Carneiro,aplaudo,sem dúvida. Não é preciso acrescentar mais nada, infelizmente, a radiografia aqui exposta é muito clara!

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  7. Recebi de:

    Vieira Calado
    22:00


    E parecia-me um tipo competente... antes de chegar ao poder!
    Bjssss

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