Tem morrido tanta gente! E não me
refiro apenas a figuras mediáticas estrangeiras e nacionais. São amigos e
familiares deles que têm partido, alguns em grande sofrimento, em condições precárias
de saúde.
O outono, com a sua proverbial
queda da folha, e o inverno com o seu ar traiçoeiramente gélido, enfraquecem e
fragilizam quem já está débil e levam ao apagar do último sopro de vida.
Lembro sempre um dito que a minha
avó espanhola usava muito: «Quién subirá
la cuesta d’enero?» Também repetia esta máxima porque o seu último marido
se ficou no sono nos inícios de 60, a 8 de Janeiro. Tinha 51 anos. Ela própria não
conseguiu subi-la que se apagou, aos 91 anos, já tão frágil, a 28 de Dezembro,
nos alvores de 80.
Tem morrido tanta gente! «Quien
subirá la cuesta d’enero?»
Sinto um prenúncio de morte
Dentro do meu coração.
Virá quando a der a Sorte.
Quando vier, virá em vão.
Porque a morte é sombra e nada,
É só a vida vulgar
Que de um lugar é tirada
E posta em outro lugar.
Ri, alma, do que acontece!
Nada existe, salvo seres.
A aranha da vida tece
Só teias de o não saberes.
(Fernando Pessoa, 16-03-1934)
Tenho sentido tanto isso, este Janeiro. E o medo frio de que alguns dos nossos se sigam...
ResponderEliminarBeijos, Graça.
Não vale a pena pensar nisso, Graça.
ResponderEliminarÉ deprimente e não adiante nada.
Importa é pensar que se está vivo e viver intensamente.
Beijinhos
Não quero pensar nisso. É uma espada que tenho sobre a cabeça desde que nasci. Fatalmente ela vai cair um dia. Basta-me saber isso, para tentar viver o melhor que sei e posso enquanto cá estou.
ResponderEliminarUm abraço
Quando vimos ao mundo é com o destino de partir. O importante é o que fazemos nesse intervalo, seja mais ou menos longo.
ResponderEliminarEsperemos que todos possamos subir com alegria la cuesta d'enero, Graça.Vamos subindo um dia de cada vez...
Beijinhos
Também a minha avó dizia: “Quem de novo não morre de velho não escapa. ”. Que fazer? Aceitar!...
ResponderEliminarAbraço, Graça.
Não penso na morte, meus amigos. Depois logo se vê. Mas lido mal com a morte. Os meus morreram-me muito cedo, muito novos. E isso marca-nos.
ResponderEliminarGrata pelas vossas belas palavras.
A minha nostalgia começa em Dezembro fico cheia de vontade que as Festas acabem depressa e depois vem o Janeiro que associo sempre a "desastres" e tristezas!!!
ResponderEliminarQuando passam estes dois meses...ufa que alivio.
Beijinhos
...e esqueci-me do principal: o poema que lindo e simples!
Eliminarbj
Obrigada, papoila. Por acaso sinto o mesmo...
EliminarBeijinho.
Uma realidade iniludível que dá que pensar.
ResponderEliminarUm trabalho que entendo superlativo.
Bj.
Iniludível, mas tão difícil de entender e de aceitar...
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