quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Maria Teresa Horta distinguida em Londres

Poema de Maria Teresa Horta foi escolhido pelo jornal britânico The Guardian para a sua secção «Poema da Semana» do passado dia 28 de novembro. Foi publicado na sua versão original em português e na versão traduzida em inglês por Lesley Saundres. Esta apresentação bilingue é acompanhada por um artigo que fala do percurso da poeta e da sua escrita, com destaque para a obra Novas Cartas Portuguesas escrita em co-autoria com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, nos inícios dos anos 70, ainda no tempo do Estado Novo.

A tradução do Poema foi distinguida com o primeiro prémio do Stephen Spender Prize 2016 que poderá levar à publicação da obra poética de Maria Teresa Horta no Reino Unido.

(informação retirada da revista Autores da SPA)

Poema

Deixo que venha
se aproxime ao de leve
pé ante pé até ao meu ouvido

Enquanto no peito o coração
estremece
e se apressa no sangue enfebrecido

Primeiro a floresta e em seguida
o bosque
mais bruma do que neve no tecido

Do poema que cresce e o papel absorve
verso a verso primeiro
em cada desabrigo

Toca então a torpeza e agacha-se
sagaz
um lobo faminto e recolhido

Ele trepa de manso e logo tão voraz
que da luz é a noz
e depois o ruído

Toma ágil o caminho
e em seguida o atalho
corre em alcateia ou fugindo sozinho

Na calada da noite desloca-se e traz
consigo o luar
com vestido de arminho

Sinto-me quando chega no arrepio
da pele, na vertigem selada
do pulso recolhido

À medida que escrevo
e o entorno no sonho
o dispo sem pressa e o deito comigo


(daqui)

15 comentários:

  1. As três célebres e talentosas 'Três Marias'...:)

    Que belo é o poema! mereceu bem a distinção.
    A imagem que escolheste e igualmente muito bela.

    Beijinho, Graça.

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  2. Confesso que conheço mal a obra dela. Mas este poema mereceu bem a distinção. Um abraço.

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  3. Excelente homenagem! Poema divino!
    Abraço.

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  4. Não admira a distinção. É realmente um belo poema.
    Um abraço

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  5. Costuma ser assim - os portugueses serem mais apreciados e reconhecidos fora do país.
    É assim mas não devia ser.
    Bjs, bfds

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  6. É belíssimo o poema por isso divulgar é sempre bom!!!
    bj

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  7. Este poema, Graça, é um primor para uma noite de inverno. Ou para outra ocasião qualquer. Não é bonito, é muito belo.
    Ainda bem que ganhou as asas que referiu.
    Bj.

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  8. E um belíssimo poema. Parabéns para a Maria Teresa Horta pela distinção. Gosto muito de tudo o que ela escreve. Obrigada pela informação que desconhecia, Graça.
    Um beijo.

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  9. Poesia para comer, beber o chorar por mais.
    - sem espinhas! e poucas metáforas! (aliás belas) rss

    beijo

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  10. Bem merecido! Bem lembro do livro! Fez correr rios de tinta naqueles tempos conturbados. Infelizmente a Maria Isabel Barreno já nos deixou.
    Abraço

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  11. Uma grande honra !!!
    Que bem me lembro da “3 Marias” do antigamente ! … Uma “pedrada no charco” ! :))

    Beijinhos, Graça ! :)

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  12. Sabia que iam gostar de ler e de saber. Eu gosto muito da escrita da Maria Teresa Horta.

    Beijinhos literários.

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  13. Excelente poema e ótimas notícias.
    ~~~ Beijinhos poéticos ~~~

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