segunda-feira, 14 de março de 2016

Visita ao Museu de Leiria

Apesar de estar previsto e autorizado desde 15 de Novembro de 1917 pelo Decreto 3553, o Museu de Arte, Arqueologia e Numismática de Leiria - assim se chamava no dito Decreto - apenas abriu portas em 15 de Novembro de 2015, quase 100 anos depois! 

Até parece que desde Tito Larcher, o grande amigo da cultura de Leiria que forçou a publicação do Decreto e que foi nomeado primeiro Bibliotecário Arquivista da Biblioteca Erudita e Arquivo Distrital de Leiria, poucos foram os que se interessaram por criar o Museu de Leiria que deveria ser da responsabilidade do poder central e da Câmara Municipal.

Não tendo nunca conseguido constituir-se por falta de um espaço próprio e adequado, este museu “decretado” foi passando por diversas instalações o que deu azo a que muito do seu espólio se tenha dispersado e até perdido. Quando em 1932, foi instalado num enorme edifício expropriado, realizou-se um inventário da existência – arte sacra, arte regional, mobiliário e louças – e concluiu-se, após a comparação com registos anteriores, sobre o largo número de peças que tinham desaparecido. Não tendo havido vontade política de ser considerado um equipamento municipal, o “museu” foi encerrado em Outubro de 1959, tendo o seu espólio sido distribuído por vários locais: o castelo, a Câmara Municipal, a Diocese de Fátima. 

Ontem fomos visitar o Museu que está instalado no antigo edifício do convento de Santo Agostinho, junto à respetiva igreja.



(A zona azul corresponde ao Museu)


A primeira sala é linda! Ampla, luminosa e com uma painel representativo dos inícios paradisíacos do planeta onde se encontra uma exposição temporária com objetos desses tempos e, naturalmente, um bom apontamento sobre o Menino do Lapedo encontrado aqui no concelho.

(Fotografia de Preguiça Magazine)






Depois, informação e vestígios romanos de Colipo, cidade romana que se situava entre os concelhos de Leiria e Batalha.




Segue-se uma galeria cujo teto está forrado com os nomes dos ilustres de Leiria ao longo dos tempos.


 A galeria termina com o tríptico Calvário atribuído a Diogo de Contreiras, pintor do século XVI.


Depois umas peças de arte sacra, poucas, provenientes de antigos conventos de Leiria já desaparecidos e uma vitrina com lindas peças de loiça da antiga Real Fábrica do Juncal seguidas de quadros do pintor leiriense Lino António.


(Fotografia da Preguiça Magazine)





Segue-se a enorme sala dedicada ao Castelo, à sua história desde os tempos dos Fenícios até à bela reconstrução romântica pelo arquiteto Korrodi na primeira metade do século XX. Tudo muito bem narrado e ilustrado.

(Brasão de Armas de Leiria)

Um recanto dedicado à Banda Desenhada do leiriense Sérgio Luiz, o Boneco Rebelde, de finais dos anos 30.

O Boneco Rebelde
Desenhos lindíssimos do arquiteto Ernesto Korrodi, como este:




E de Alexandre Jean Noël, pintor francês, estudioso do Castelo de Leiria do século XVIII:




Termina com a tela Campos do Lis, paisagem bucólica de Leiria, de 1905, do pintor João Ribeiro Christino da Silva.




Por fim, o claustro exterior.




Tudo muito bonito, muito amplo, muito luminoso, muito bem organizado e dentro das normas mais modernas e de acessibilidade. Mas... o acervo que terá sido acumulado ao longo de décadas é só este? Ou encontra-se ainda disperso outros locais, museus, casas particulares (?!), ainda por catalogar ou em estado de conservação? 

Vamos esperar.

9 comentários:

  1. Registo a sugestão.
    Beijinhos, boa semana

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  2. Obrigada, Graça pelo momento de conhecimento e de cultura! Excelente seu post com textos e fotos sugestivas!
    Abraço.

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  3. Uma razão de peso para uma vizinha a Leiria! Obrigada pela informação detalhada.

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  4. Queria dizer VISITA, eu que sou vizinha da tua cidade:-))))))

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  5. Bonita reportagem, rica de pormenores e imagens. Para quem mora longe fica a vontade de dar um salto a Leiria, para enchermos os olhos, e o espírito, de toda essa beleza e cultura histórica.

    Bela partilha, Graça! :)

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  6. ~~~
    Gratíssima pela reportagem que preparaste com tanto esmero
    e dedicação, para partilhares com os teus leitores amigos.
    Um dia destes, apareço por aí...
    ~~~ Beijinhos. ~~~

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  7. Se já se esperou 100 anos ...

    Agradeço-te amiga Graça ter-nos dado conhecimento deste maravilhoso museu.

    Um beijinho

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  8. Realmente bonito. Fiquei curiosa com os nomes no tecto(?) do corredor.
    Obrigado pela partilha.
    Esta semana andei por Setúbal também visitando museus e monumentos.
    Um abraço

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  9. Tardou mas aproveitou! O Museu teve um processo de gestação incrível. Felizmente está aberto. Compreendo as questões postas que deveriam ser respondidas por quem de direito. Muito mais material haverá para expor. Esperemos.
    Boa reportagem, Graça.

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