Recordando uma das grandes mulheres que, em Portugal, lutaram pelos direitos mais básicos das mulheres.
Só por isso - o que não é pouco - aceito a existência de um dia da mulher.
Escritora, republicana e activista pela igualdade das
mulheres e dos homens, Ana de Castro Osório foi uma mulher pioneira.
Considerada fundadora da literatura infantil em Portugal, criou a Liga
Republicana das Mulheres Portuguesas, mas não se ficou por aqui.
Nascida a 18 de Junho de 1872, em
Mangualde, (onde actualmente o Agrupamento de Escolas tem o seu nome) cedo
começou a escrever e a considerar uma injustiça que as mulheres estivessem
reduzidas ao papel de esposas, mães e donas de casa. E não se limitou a pensar,
passou à acção. Criou a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas em 1907 e o
Grupo de Estudos Feministas em 1909 e escreveu livros e artigos que exortavam
as mulheres a estudar e a trabalhar porque essa era para ela a única forma de
se tornarem independentes dos homens e ganharem condições de lutar pelos seus
direitos, como o de votar, por exemplo, que na altura era totalmente vetado às
mulheres, ou o de terem salários iguais. Ainda hoje, mais de cem anos depois de
ter escrito Mulheres Portuguesas, o primeiro manifesto feminista
português, os salários continuam, em muitas situações, mais altos para os
homens que para as mulheres.
Casada com o poeta Paulino de
Oliveira, membro do Partido Republicano, foi viver para Setúbal, onde iniciou a
sua carreira literárias.
A partir de 1897, começou a
publicar uma colecção de fascículos intitulada Para as Crianças, obra a
que se dedicou durante quatro décadas, que só terminaria com a sua morte e que
lhe valeu ser considerada a fundadora da literatura infantil em Portugal. Além
de escrever histórias, romances e peças de teatro de sua autoria, traduziu
muitos contos infantis de escritores como Hans Christian Andersen ou os Irmãos
Grimm.
Depois da implantação da
República, Ana de Castro Osório colaborou com Afonso Costa, ministro da
Justiça, na elaboração da Lei do Divórcio. A ida do marido para o Brasil como
cônsul em São Paulo levou-a a viver lá durante três anos. E, mais uma vez,
deixou a sua marca como professora e autora de livros que foram adotados pelas
escolas brasileiras. De volta a Portugal em 1914, continuou a escrever e a ser
uma activista incansável da causa das mulheres.
Foi membro da obediência maçónica
do Grande Oriente Lusitano e da Ordem Maçónica Mista Internacional “Le Droit
Humain”.
Morreu em Setúbal, a 23 de Março
de 1935.
(texto adaptado da “Terra do Nunca” in DN,
13/Mar/2011)
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ResponderEliminarCom a maior sinceridade e frontalidade, confesso que nunca ouvi falar desta senhora, nem por portugueses, nem por brasileiros...
Calculo que incomodou muita gente e que em meio século de fascismo, fizeram os possíveis para a eclipsar da história
da cultura portuguesa.
Parece-me pertinente lembrar bons exemplos no Dia Internacional da Mulher, porém, também acho importante que se denunciem as situações graves de discriminação e abuso e que tais situações sejam debatidas com os jovens - adultos de amanhã.
~~~ Beijinhos gratos pela partilha. ~~~
Em Mangualde existe uma escola básica com o seu nome. Outra portuguesa que lutou pela igualdade de direitos para as mulheres Carolina Beatriz Ângelo. A mulher médica, que foi a primeira portuguesa a exercer o direito de voto. Infelizmente morreu muito nova.
ResponderEliminarUm abraço
O dia de aniversário da minha mulher.
ResponderEliminarDuplamente especial, portanto.
Bjs
Duplos parabéns para ela, Pedro! Beijinhos e votos de tudo bom!
EliminarUma dupla homenagem que se casa na perfeição com o dia da mulher.
ResponderEliminarParabéns.
Que todas as mulheres lhe sigam o exemplo.
Nunca tinha ouvido falar desta grande senhora, só por isso valeu a pena a comemoração do Dia da Mulher.
ResponderEliminarMuito obrigada pela partilha, saí daqui mais rica.
Beijos Graça
O nome dizia-me alguma coisa Não me é estranho), mas não sabia de facto !
ResponderEliminarA Mulher tem em mim um acérrimo defensor e grande apreciador das suas qualidades ! ... O que é incrível é que ainda nos dias de hoje ela não esteja justamente equiparada ao Homem e em muitas situações seja tão depreciada ! ... O que a humanidade andou e anda a perder ao longo dos tempos !!!
E então, de entre as Mulheres lá vai aparecendo uma Ana de Castro Osório, de vez em quando, que faz abanar as mentalidades e dá a volta às coisas parecidas impossíveis !!!
Beijinhos Graça ! :)
Que bom que pude ser útil! Hei de trazer aqui outros exemplos destes, como a de Carolina B. Ângelo referida pela nossa amiga Elvira.
ResponderEliminarTambém a mencionei num post um pouco antes dessa data, embora o foco fosse outra mulher e o assunto o mesmo. Desde então ganhei uma grande curiosidade para ler os escritos dela. Andamos pelos bancos da escola e no entanto... se algo ali teve o «dedo» dela, não se tem essa percepção.
ResponderEliminarCumprimentos