Foram quilómetros de notícias, crónicas
e comentários que se publicaram nos jornais sobre o chamado tráfico de
influências, crime – porque de crime se trata realmente – atribuído a
governantes, políticos e pessoas altamente influentes. Isto no tempo do governo
anterior, claro! porque o atual tudo o que faz é bem feito, a bem da nação e
dentro da maior legalidade. Por isso nunca mais os jornais gastaram energia e
tinta a escrever sobre esse mal tão português que é o dos «empenhos», o das
«cunhas».
E falo nisto porque estes
malabarismos usam-se agora e cada vez mais nas escolas. Suponho que não
acontecerão apenas nas escolas, mas como toda a minha vida foi esteve ligada às
escolas, dói-me saber que, com a
desculpa da tão apregoada «autonomia das escolas» que mais não é senão a
crescente desresponsabilização dos serviços do ministério, as direcções mandam
e desmandam a seu bel-prazer nas contratações de professores e técnicos
contratados. As seriações dos candidatos são díspares: sei de um candidato que
no espaço de um mês e no universo dos mesmos candidatos desceu na seriação da
um primeiro concurso para um segundo, do 1º para o 4º lugar…
Depois, a coberto da entrevista,
são feitas as maiores injustiças que se possam imaginar ancoradas em «critérios»
das ditas «influências», de vingançazinhas pessoais, ou tão-somente de pura
incompetência. E infelizmente não adianta recorrer para instâncias superiores
porque, num país em que os desempregados são mais que muitos e em que os
empregos escasseiam cada vez mais, o empregador, mesmo sendo do sector público,
pode tudo enquanto o candidato tem de curvar a cabeça e limitar-se a aceitar – vêm-me
à cabeça vivências destas lá para os idos de 50/60 nesta nossa terra.
Lembro-me, por oposição, da
primeira das muitas contratações que fiz lá “minha” escola nos anos 80. Tive de
contratar duas funcionárias auxiliares e caíram-me no regaço dezenas de
candidaturas (e de «cunhas» também!) Os critérios de seriação vieram da
Direção-Geral objectivos e apertados e eu segui-os – como sempre fiz o resto da
vida – com todo o rigor. Pois não sei por que boatos que correram, veio a responsável
regional pedir-me contas da minha seriação para verificação. E não pôde mexer
numa linha sequer! Infelizmente agora os responsáveis dos serviços
desapareceram e os que ainda se mexem pelas ex-DRE(s) são do tipo jurista de 3ª
classe que não tem outro lugar onde desempenhar os seus maus serviços e por
isso são tudo menos fiáveis.
Mas esta «autonomia das escolas» “negra”
que nada tem a ver com aquela “branca” que o ministro Roberto Carneiro tão bem
lançou e definiu em 89, não se fica pelos malabarismos (para não dizer “sacanices”)
nas contratações. Infelizmente, por completa falta de cidadania e de autêntica vivência
democrática, os conluios, a promiscuidade crescente entre as pessoas das direcções e dos conselhos
gerais é de tal ordem que se fazem malabarismos inacreditáveis a nível das “eleições”
para uns e para outros dos órgãos, muitas vezes afastando quem sabe do ofício
para lá se manterem os menos apetrechados para os cargos…
Mas qual é o meu espanto? O
exemplo vem de cima…
Mais uma constatação de que o caos está instalado em todas as vertentes, mas na Saúde e Educação, a situação desce a níveis indignos de um estado democrático.
ResponderEliminarEstamos quase ao nível das repúblicas das bananeiras, que me perdoem os oriundos destes países.
Obrigada por denunciar.
Um bom dia.
"Cunhas" Existem e existirão sempre, simplesmente agora chamam-lhe o "Factor C" e cada vez mais, quem não as tiver está frito, infelizmente é assim, quanto à saúde está a ser muito grave.
ResponderEliminarBoa semana Graça
beijinho e uma flor
Roberto Carneiro, que aqui se desloca frequentemente, é um Senhor, Graça
ResponderEliminarEm nada passível de ser confundido com gentalha.
Beijinhos
Este ministro vai ficar na história pelos aspectos piores. Incompetência e descaramento.
ResponderEliminarÉ caso para pensar se a burrice não é uma ciência...
Conheço Roberto Carneiro dos tempos em que foi Ministro da Educação. Está a "anos luz" desta gentinha dos tempos atuais. O ME é com certeza o M onde mais compadrio há aliado à incompetência.
ResponderEliminarFoto demasiado bela para uma teia tão feia, Gracinha! :(
ResponderEliminarAbraço
O que aí vai...isto está a saque.
ResponderEliminarM.A.A.
A imagem é "demasiado bela" como bem entende Rosa dos Ventos. Talvez os Pigs dos Pink Floyd viessem a calhar.
ResponderEliminarPois... se o telhado que está em cima é graças ao escoramento que o suporta: uma teia de madres, vigas, barrotes e ripas interligados por dívidas e favores, chantagens e cumplicidades.
Uma fatalidade que nos persegue desde...(?)
ResponderEliminarO receio dos professores, ao verem os concursos passarem para as escolas, era precisamente esse. Infelizmente tinham razão. O perfil do candidato a contratar é agora elaborado a partir da "fotografia" do compadre que terá "direito" ao lugar.
Os itens, como tempo de serviço, valorização e outros que definiam as prioridades, garantindo uma certa ordem nas colocações, deixam de contar. Voltamos ao tempo de " engraxar ao cágado".
Bjs.
A canalha anda à solta
ResponderEliminarÉ bem verdade, Mar Arável, a canalha anda à solta e não há quem os prenda!!!
ResponderEliminarA imagem é demasiado bela, de facto. Mas foi escolhida porque andamos todos na corda bamba!
ResponderEliminarQuanto ao Ministro Roberto Carneiro, foi do melhor que conheci (e tive o prazer de o conhecer pessoalmente nas minha deambulações de presidente da escola) em termos de Ministro da Educação. Sem esquecer o último ME da era marcelista - o Prof. Veiga Simão!
Por isso mesmo os professores estavam receosos, o resultado está á vista, nada é feito ás claras, vale a cunha...
ResponderEliminarBjs