Cleonice Berardinelli
– cem anos!
Esta senhora, figura grande do
estudo e do ensino da literatura portuguesa no Brasil, professora universitária
e membro brilhante da Academia Brasileira de Letras, completou cem anos no
passado dia 28.
Especialista em Camões e Fernando Pessoa, não
desmerecendo autores desde Eça até Saramago, considera a Literatura Portuguesa
– que conhece profundamente – a base de tudo. E diz: «Nós chegamos até aqui porque existiu lá atrás um sujeito chamado
Camões. Ninguém mais conhece Dom Diniz, que escreveu as cantigas de amor mais
lindas. Então, tudo isso é o lastro de conquistas seguidas até se chegar ao
século XVI, com os artistas já considerados clássicos. Até chegar o Gil
Vicente, foi preciso passar antes pelos esboços de teatro de Henrique da Mota,
por exemplo.»
Dona Cleo formou gerações e mais
gerações de professores e intelectuais. Alguém lhe pergunta o que significa leccionar, ao que
responde com toda a simplicidade: «Tudo.
A aula é o começo de tudo. O que eu escrevi foi a partir do que eu estudei para
ensinar. Os ensaios que eu escrevi nasceram na sala de aula. A minha atividade
como professora, como didata, é a raiz de tudo que eu fiz, de tudo que eu
escrevi. Uma pessoa que me entrevistava me perguntou: "Como pode a senhora
chegar a esta idade com este entusiasmo, esta paixão pelo que faz?". Eu
disse: "Porque nunca parei de dar aulas e nunca parei de fazer exatamente
aquilo de que eu gosto". Então, trabalhar naquilo que se gosta é
realizar-se. É a impressão que eu tenho. Se me obrigassem a pentear cabelos, eu
seria uma desgraçada total. No terceiro cabelo, eu já estaria louca. Eu penso
nisso porque sempre detestei me pentear.
Em magnífica forma, dizem os seus
amigos, mantém a sua capacidade de comunicação e de ler bem os versos dos
poetas que estudou e admira.
E em dias de festa para a língua
portuguesa, a escritora e amiga Nélida Piñon também celebra: “são 100 anos augustos, benditos. E teve uma
vida muito bonita. Ela serviu ao rei que ela queria: a língua portuguesa”.
Oiçamo-la!
(Para saber mais:)
Gostei do assunto Graça:)))
ResponderEliminartambém fiz recentemente algumas descobertas que coloquei no meu blogue de poesias:
http://poesiesenportugais.blogspot.pt/2016/08/tomas-antonio-gonzaga-marilia-de-dirceu.html
Que bom, Ângela! è preciso dar a conhecer os nossos poetas, os nossos escritores que são tantos e tão bons. Já lá fui espreitar: Tomaz de Gonzaga traduzido em francês? Que máximo! É belíssima a poesia de TG, séc. XVIII com a sua Marília de Dirceu que escreveu no exílio em Moçambique...
EliminarBeijinhos poéticos.
Confesso a minha ignorância.
ResponderEliminarNão conhecia.
Beijinhos
Desconhecia, mas na blogosfera também se aprende e tu és daquelas que nos trazes sempre assuntos especiais e interessantes.
ResponderEliminarBeijinhos Graça
Obrigada, Manu, pela tua simpatia...
EliminarGostei de conhecer, aqui, esta senhora. :)
ResponderEliminarAmigos, eu também soube da existência e da categoria desta senhora há poucos anos: com o Jornal de Letras e outras leituras do género...
ResponderEliminarBeijinhos.
Graça, tem aqui um peça e tanto. Fiquei encantado com Dona Cleo. Dá gozo ouvir, assim, uma voz como a dela, um tom especialmente terno que a idade lhe conferiu. A Bethânia já conhecia e admirava.
ResponderEliminarVenha mais disto. Vale a pena.
Bj.
Uma Senhora das Letras que não deixa que a sua voz canse nem que a sua paixão esmoreça. Acabo de ler no JL, os textos de homenagem, mas já antes havia pesquisado no You Tube para a conhecer melhor.
ResponderEliminarMuito bom o seu artigo também, Graça!
Bj.
100 anos? Estou deliciada!
ResponderEliminarEstive a ver alguns vídeos... são pura delícia! E depois, na companhia de Maria Bethânia ainda mais interessantes são.
Já é tarde e não me posso alongar nas visualizações... mas já guardei esta ligação para ver mais tarde.
Beijinhos cheios de coincidências!
(^^)
P.S. a minha tia também é toda fresca... :)