Nunca suportei a política de «punhos de renda» ou do
«politicamente correto». Seja em que circunstância for. É uma verdadeira
hipocrisia. Por isso gostei de ler o texto «Tolerância zero» de Paulo Baldaia – se bem que nem
sempre goste de o ler – no DN de ontem.
«Se queremos vencer esta guerra
onde estamos metidos, temos de nos deixar do politicamente correcto e usar as
palavras certas quando relatamos crimes praticados em nome da religião e de
Deus. Uma criança de 10 anos que é dada pela família para casamento é pedofilia,
não é uma tradição ancestral. Um irmão que mata a irmã porque ela quer viver em
liberdade não é um crime de honra, é um assassinato. Uma criança que é mantida
em casa e proibida de ir à escola é um rapto.
De igual forma é tão terrorista
um muçulmano que mata na Europa como um muçulmano que mata no Iraque ou um
cristão que se arma até aos dentes e mata nos Estados Unidos. Não são
terroristas os dois primeiros e maluco o norte-americano. Ainda assim, há um
problema grave com o islamismo. E não, não tem que ver com o que defende esta
religião em comparação com as outras, tem muito mais que ver com a tolerância
com que olhamos para os crimes praticados. A começar pelos que são praticados
lá longe.
Ninguém pode ser feminista na
Europa e não ter tolerância zero em relação ao islamismo. Sou agnóstico e,
mesmo que acreditasse em Deus, não seria capaz de viver com a minha
racionalidade em nenhuma igreja. Mas, por ser racional, sei que a história nos
dá conta de que, enquanto a maioria das religiões se tornou mais humanista, o
islamismo teima em tolerar que se cometam crimes em seu nome e em nome de Deus.
Se a atitude passiva que se vê na
grande maioria dos líderes muçulmanos tivesse perdurado na história do
cristianismo, a Inquisição teria durado muito mais tempo e feito muito mais
vítimas. No século da globalização, não é tolerável que uma determinada
religião olhe para os crentes das outras religiões como infiéis. Como não é
tolerável que considere a mulher um ser inferior.
Na questão do uso das palavras é
igualmente um erro, quando falamos do islamismo, falar de líderes moderados em
contraponto aos radicais. Não haverá paz enquanto a maioria for radical e os
moderados não deixarem de ser moderados. Não chega não advogar a guerra, os
moderados têm de se radicalizar, dentro da sua religião, para combaterem os
crimes de ódio, os crimes de honra, a escravidão das mulheres. Utilizamos o
termo moderado como um elogio e o que ele revela é uma fraqueza.
Vivemos numa sociedade livre,
onde até os ateus e os agnósticos são aceites como fazendo parte do reino de
Deus. Não podemos aceitar viver com religiões que aceitam todo o tipo de
discriminações. E não, não é apenas para nos defendermos, é também para
defender os milhões de pessoas que vivem sob o jugo da intolerância religiosa.
Contra esta barbárie temos de ter tolerância zero, na Europa e no resto do
mundo. Professem a religião que entenderem, mas isso não lhes dá o direito de
não respeitarem os outros seres humanos.»
(daqui) |
Interessante este artigo!
ResponderEliminarTambém sou da opinião que as atitudes mais atrozes que se cometem por esse mundo fora, devem ser tratadas pelos nomes e nada de paninhos quentes.
Beijinhos Graça
Ora bem! Andamos sempre com complexos de "gente civilizada" a pôr uma mãozinha por cima e outra por baixo e depois levamos com ambas as mãos na cara!
EliminarChapeau!!
ResponderEliminarBeijinhos
Chapeau mesmo, meu amigo!
EliminarBeijinho
Teria gostado que ele tivesse afirmado, no segundo parágrafo, que os EU foram terroristas quando invadiram o Iraque, o que prova que até ele não escapa ao esquema do «politicamente correto».
ResponderEliminarNão se pode condenar o islamismo pela conduta fanática de alguns países menos evoluídos...
Por outro lado, é preciso lembrar que a não discriminação da mulher e religiosa é um avanço civilizacional muito recente no mundo ocidental e um processo ainda não concluído. Há muito pouco tempo, os nossos livros de história tratavam os islamitas por infiéis...
Comparativamente, poderíamos dizer que a cultura dos povos islamitas está com cerca de meio século de atraso em relação à nossa, o mesmo percurso que nos separa da evolução cultural dos países do norte da Europa.
A Europa e o mundo ocidental - cristãos civilizados, mas corruptos - sempre trataram o Islão com a soberbia prepotente de quem se julga superior, por crerem professarem uma fé elevada e unicamente verdadeira,
Este cronista, apenas é capaz de «ver o argueiro no olho alheio» e contribui para o reforço de cisões, quando o que se deveria pretender era construir pontes valorizando os aspetos positivos.
Graça, desculpa, empolguei-me...
~~~~ Beijinhos ~~~
Não tens de pedir desculpa, Majo. Aqui a opinião é sempre respeitada e o espaço é livre.
ResponderEliminarSe bem que, desta vez, não concorde contigo. O ocidente pode realmente mostrar-se soberbo, como dizes, mas não é por isso que os objetos dessa soberba passam a ter razão em aterrorizar e dizimar pessoas sem culpa.
A grande culpa foi dos quatro "palhaços", Bush, Barrosão e companhia que, sedentos de lucros, decidiram atacar o Iraque.
Beijinhos.
Graça, acontece que os palhaços que referistes foram eleitos democraticamente e, por esse motivo, representavam os seus países...
ResponderEliminarPor outro lado, enquanto a Europa mantém uma indiferença expectante - com exceção da Suécia - os EU apoiam incondicionalmente os judeus que estão a cometer um genocídio de gente que foi escorraçada do seu chão... Isto não é terrorismo?
Para cúmulo, os americanos colocam como nº2 dos candidatos à Casa Branca, um doido perigoso, o tal Trump...
~~~ Beijinhos ~~~
Nisso tens toda a razão!
EliminarQuanto aos outros que foram democraticamente eleitos, foram-no de facto, o que não quer dizer que não tenham tomado decisões completamente devastadoras.
O Trump.... bem... esse é um louco, um facínora! Só mesmo os americanos...
Nisso tens toda a razão!
EliminarQuanto aos outros que foram democraticamente eleitos, foram-no de facto, o que não quer dizer que não tenham tomado decisões completamente devastadoras.
O Trump.... bem... esse é um louco, um facínora! Só mesmo os americanos...
A gente aponta e atira investida pela sua própria razão, que não passa de ser a dos seus próprios interesses. É claro, não é admissível o estado a que o mundo chegou. Isso só aconteceu por causa dos métodos do "politicamente correcto" e da ganância.
ResponderEliminarNão se compreende que os EUA venham a alimentar a víbora há décadas - o reino da Arábia Saudita. Disso não se fala ou passa-se à frente. Primeiro o petróleo.
E, na Turquia, desconfio, dos ovos, está a eclodir mais uma víbora, ou várias. O Erdogan, agora, está a preparar-se para o banquete dos destroços do Iraque e da Síria.
Business!
E "assim vai o mundo" ouvia eu, quando era mais novo, antes das sessões de cinema...
Também eu ouvia isso naquela voz metálica que introduzia a propaganda salazarista.
EliminarAssim vai o mundo, de facto. E os americanos têm tanta responsabilidade nesse estado a que o mundo chegou.